Os melhores fundos de ações e multimercados em novembro e em 12 meses

Estratégias com exposição a empresas que têm parte da receita dolarizada, além de posições long e short foram alguns dos destaques do mês passado

Bruna Furlani

(Artem Peretiatko/ Getty Images)

A forte volatilidade em novembro – que fez o Ibovespa chegar perto de testar o patamar de 100 mil pontos – preocupou analistas e exigiu sangue frio de investidores para seguir com algumas posições, mesmo com retornos negativos acumulados do ano.

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Embora o penúltimo mês do ano não tenha sido fácil para a Bolsa de modo geral, fundos de ações focados em estratégias com exposição a empresas com parte da receita dolarizada, especialmente exportadoras e companhias do setor de petróleo, se deram melhor. Além disso, foram bem os negócios com forte geração de caixa, como empresas do setor elétrico, e que podem ser beneficiados pela alta dos juros, como bancos.

Já dentre os fundos multimercados, estratégias com enfoque maior em estratégias long short (que buscam ganhos com a compra e venda simultânea de papéis) e posições em juros e câmbio se destacaram em novembro.

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Em termos de retorno, o melhor resultado do mês ficou para o fundo de ações Guepardo Institucional FIC FIA, com rentabilidade de 10,07% no mês e de 19,32% nos últimos 12 meses.

Dentre os fundos multimercados, o Exploritas Alpha America Lat FICFI Mult obteve o melhor resultado, com rentabilidade de 6,30% no mês e de 1,22% nos últimos 12 meses.

No mês passado, o CDI teve variação de 0,59%, enquanto o Ibovespa caiu 1,53%. Já o dólar teve ligeira queda de 0,19% ante o real.

Confira a seguir os cinco fundos multimercados com as maiores altas e quedas em novembro:

Veja também os cinco fundos de ações com as maiores altas e quedas no último mês:

Com base em dados extraídos da Economatica, plataforma de informações financeiras, o levantamento considerou veículos não exclusivos, com gestão ativa, patrimônio líquido médio superior a R$ 100 milhões em 12 meses e mais de 99 cotistas no fim de novembro.

Na categoria de renda variável, foram excluídos fundos setoriais e monoações. Entre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado.

Importante lembrar que retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, embora seja interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Multimercados: juros e receita dolarizada

Entre os fundos multimercados com melhor performance em novembro estão produtos com posições em juros e em empresas cuja receita é beneficiada pela alta do dólar, além de posições vendidas. Os resultados também foram positivos para quem estava posicionado em estratégias long short.

No caso do Ibiuna Long Biased FC de FI Mult, André Lion, sócio e CIO da área de ações da gestora, explica que o resultado positivo do fundo está ligado especialmente ao desempenho de papéis como Petrobras (PETR3;PETR4), TIM (TIMS3) e Armac (ARML3), sendo que as duas primeiras estão hoje entre as maiores posições do fundo. “São todos ativos que na nossa visão estão bem colocados estrategicamente e que dependem menos do cenário macroeconômico. Além disso, estão com um valuation [preço] hiper atrativo”, observa.

Em sua justificativa, o executivo pondera que a Armac, apesar de ser menos conhecida pelo mercado, é uma empresa relevante de aluguel de máquinas e equipamentos pesados, um setor bastante fragmentado.

O executivo avalia que a companhia apresenta hoje um dos maiores crescimentos esperados em todo o universo de investimentos. Assim como, diz, a empresa pode ser fortemente beneficiada porque atua com serviço de locação de equipamentos e o cenário atual deve elevar ainda mais o custo de capital dos negócios.

Outro papel que está na lista de preferências do gestor é a TIM – que vem sendo acompanhada ainda mais de perto agora por causa das negociações envolvendo uma possível venda da Telecom Italia, que é a controladora da TIM Brasil. A parte interessada é a empresa americana de private equity KKR.

O ponto, segundo Lion, é que a transação pode colocar a TIM à venda. Apesar disso, ele acredita que não há um “risco iminente com o negócio”.

“É mais do que um boato. A grande questão agora é o que essa nova Telecom Italia vai fazer com o ativo. Eles podem ficar com a empresa, ou vender. Se venderem, é um ativo excelente e com valuation atrativo”, diz o executivo, que vê a companhia bem posicionada também para o cenário desafiador que o país deve enfrentar.

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Além do long biased, a Ibiuna possui outro fundo multimercado que está na lista de melhores de novembro: o Ibiuna Long Short Advisory FC de FI Mult.

Lion explica que ambos os fundos aplicam unicamente em ações, mas são classificados como multimercados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A diferença entre o long biased e o long short é que o segundo costuma atuar em pares com posições compradas e vendidas para diminuir os riscos de mercado.

A estratégia tem ajudado a gestora a obter bons desempenhos em meio a um período de forte volatilidade, como o atual. Com a expectativa de que as oscilações prossigam até o ano que vem, a recomendação do gestor da Ibiuna é ter cautela e procurar empresas menos alavancadas e com vantagem operacional relevante. Isso sem contar, afirma, ir atrás de companhias que estejam sendo negociadas a preços razoáveis.

Nesse sentido, outro papel que tem sido uma das grandes apostas da casa é a Petrobras. Ainda que a ômicron possa provocar possíveis quedas na demanda de petróleo, o gestor destaca que é cedo para ter uma posição sobre o impacto que a nova variante pode gerar na economia porque ainda há poucas informações sobre a transmissão e o agravamento da doença.

A Petrobras também é uma das ações “queridinhas” da Exploritas, gestora que obteve o melhor desempenho entre os multimercados em novembro com o fundo Exploritas Alpha America Lat FICFI Mult. Segundo Daniel Delabio, gestor na casa, os papéis da petroleira foram uma das principais contribuições positivas dentro do portfólio de ações do mês passado.

A explicação, segundo Delabio, está no fato de que a geração de caixa da empresa tem sido robusta e as notícias negativas em torno da companhia sobre possíveis interferências do governo “já se mostram no preço”.

Em sua avaliação, a petroleira vem mostrando que possui uma proteção em termos de governança. “Isso dificulta muito alguém colocar a sua assinatura e o seu CPF”, pondera.

O executivo observa ainda que a empresa está “barata” e que há grandes chances de que ela continue oferecendo bons dividendos, como o que foi pago nesta quarta-feira (15).

Em comunicado ao mercado, a Petrobras informou o pagamento da segunda parcela de antecipação da remuneração aos acionistas, relativa a 2021. O montante bruto distribuído corresponde ao valor bruto de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) de R$ 3,250487 por ação ordinária e preferencial em circulação, com base na posição acionária de 1 de dezembro de 2021.

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Além de obter um desempenho positivo com as ações da Petrobras, a estratégia de adotar posições vendidas em alguns papéis rendeu bons resultados para a Exploritas em novembro.

Delabio destaca que cerca de 2,15% dos ganhos da carteira vieram de alocações que apostavam na desvalorização de papéis domésticos e que poderiam ser afetados por um cenário de crescimento mais baixo, como empresas de supermercados e bebidas. “A economia está esfriando, a Black Friday foi fraca. A demanda deve seguir mais enfraquecida”, observa.

Outra posição que ajudou a casa no desempenho do mês foi a alocação aplicada em juros curtos. O executivo da Exploritas afirma que outubro tinha sido um mês em que os juros estavam muito elevados, especialmente por causa do aumento do risco político e fiscal.

A casa, no entanto, acreditava que o movimento parecia “exagerado” e decidiu montar uma posição aplicado em juros mais curtos. “Colhemos o resultado. Conseguimos negociar durante o mês, especialmente porque ele estava muito mais alto do que a Selic do período”, diz.

Confira quais foram os fundos multimercados com melhor desempenho nos 12 meses até novembro, assim como seu desempenho em um período de 36 meses (quando há), no acumulado de 2021 e apenas no último mês:

De olho na geração de caixa

Embora o desempenho do Ibovespa como um todo siga bastante ruim no acumulado do ano, quem soube encontrar nomes pouco visados e a preços atrativos conseguiu seguir com bons resultados.

Entre os fundos de ações com melhor performance no mês de novembro está o Guepardo Institucional FIC FIA. Octávio Magalhães, fundador e gestor da Guepardo Investimentos, explica que o fundo tem focado em empresas com forte geração de caixa capazes de oferecer o que ele chama de uma boa margem de segurança.

As maiores posições do fundo hoje estão em ações como Itaú (ITUB4), Petrobras, Rumo (RAIL3), Klabin (KLBN4), Ânima Educação (ANIM3), Vulcabras (VULC3) e Ultra (UGPA3), conta Magalhães.

Além dos nomes mais conhecidos, a casa ressalta que está sempre atrás de companhias fora do radar de analistas, como Vulcabras e Ânima Educação.

O executivo da Guepardo explica que a Vulcabras, por exemplo, é uma empresa líder em calçados esportivos e dona de grandes marcas, como Olimpikus, Mizuno e Under Armour.

“O resultado deste ano já está sendo muito bom e eu acredito que a empresa pode ir além. As fábricas brasileiras de calçados tendem a ser mais competitivas com o câmbio alto [que torna produtos importados mais caros]”, pondera o gestor.

Ele explica que parte do otimismo para o ano que vem está ligado ao fato de que os países asiáticos podem seguir com lockdowns para conter o avanço da Covid-19, o que levaria a mais fechamentos de fábricas de grandes produtores de tênis.

“Isso vai provocar uma falta de tênis. Nos primeiros seis meses de 2022, pode faltar tênis importado no Brasil e isso pode esquentar o mercado local”, avalia o gestor, ainda que o ano que vem seja de crescimento mais baixo e demanda enfraquecida.

Outro ponto, diz, é que as matérias-primas, como EVA e plástico, subiram muito desde o começo da pandemia, mas a empresa ainda não conseguiu repassar essa alta de preços para os produtos. Agora, Magalhães afirma que há uma certa estabilização nos preços e como o dólar segue bastante elevado, isso ajudaria a fazer com que o produto brasileiro ficasse mais competitivo.

Ânima Educação é outra aposta da casa fora do foco do mercado ultimamente. Um dos maiores atrativos da empresa, conta, é o investimento de R$ 1 bilhão que uma de suas subsidiárias – a Inspirali, focada em cursos de medicina – recebeu da DNA Capital, investidora global referência no mercado de saúde.

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Magalhães explica que a Ânima tinha o sonho de criar a Inspirali e de encontrar um sócio para ela, mas que a conclusão da operação não teve reflexo em termos de preço nos papéis da companhia. Segundo o gestor, um dos pontos que chamam a atenção é que o acordo feito com a DNA levou a empresa a reduzir drasticamente suas dívidas – até então, considerava-se que a situação inspirava cuidados, já que a companhia estava muito alavancada.

Outra questão está ligada ao preço. “Com a transação, a DNA atribuiu um valor de R$ 3 bilhões para a empresa, o que é maior do que o market cap [valor total de mercado da companhia] da Ânima hoje. Ou seja, dava pra comprar toda ela na bolsa e levar o resto de graça”, acrescenta.

Cursos de medicina, como os da Inspirali, possuem menor inadimplência e suportam melhor solavancos econômicos – o que é bom para a Ânima. Também é positivo o fato de a empresa privilegiar cursos presenciais, e não a distância. Segundo Magalhães, a evasão escolar nesses casos é menor e permite à empresa sair na frente dos demais concorrentes de capital aberto.

Em meio a um cenário que pode ser ainda mais desafiador no ano que vem, buscar empresas capazes de superar concorrentes ou companhias que estão melhorando a gestão e passando por processos de transformação tem sido uma estratégia da gestora para seguir garantindo bons retornos, inclusive em ambientes mais adversos.

Confira agora quais foram os fundos de ações com melhor desempenho nos 12 meses até novembro, assim como seu desempenho em um período de 36 meses, no acumulado de 2021 e apenas no último mês:

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