Os melhores fundos de ações e multimercados até outubro

Maioria dos fundos de ações supera o Ibovespa em 12 meses, com retorno mediano de 27,6%, enquanto, nos multimercados, rentabilidade chega a apenas 8,5%

Beatriz Cutait

(Shutterstock)

SÃO PAULO – No sétimo mês de ganhos em 2019, a Bolsa brasileira voltou a contribuir para a trajetória de fundos de ações, do tipo “long biased” (enquadrados na categoria multimercado, mas com tributação de renda variável) e também para multimercados com maior exposição em ações em outubro. O Ibovespa subiu 2,36% no mês passado, quando encerrou acima dos 107 mil pontos, e acumulou valorização da ordem de 22% no ano.

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Já o CDI, benchmark das aplicações de renda fixa e de grande parte dos multimercados, segue em níveis historicamente baixos, em meio a um processo de flexibilização monetária em curso pelo Banco Central. O referencial teve variação de 0,48% em outubro e acumula apenas 5,17% em 2019.

A maior parte dos fundos de ações continua a entregar variações superiores a do Ibovespa no ano, com retorno mediano de 27,6% em 12 meses, enquanto, nos multimercados, a rentabilidade mediana chega a apenas 8,5%.

É o que aponta um levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica, que ainda revela que, nos últimos 12 meses, 78% de uma amostra de 140 fundos de ações supera a alta de 22,6% do principal índice da Bolsa. Em outubro, contudo, apenas 49 fundos (ou 35%) entregaram retornos aos cotistas acima do Ibovespa.

Na categoria de multimercados, dentre 175 fundos, apenas 17 superaram o Ibovespa em outubro e 148 (85%) tiveram variação acima do CDI (0,48%). Em 12 meses, só nove fundos tiveram valorização acima do Ibovespa e 146 (ou 83%) acumulam ganho superior ao do CDI (6,21%).

Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de outubro. No caso dos fundos de ações, foram excluídos os setoriais e monoações e, dentre os multimercados, não foram considerados fundos de crédito privado. Fundos espelho também foram eliminados do estudo.

Confira a seguir os dez melhores fundos de ações em 12 meses até outubro, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Os melhores fundos de ações em 12 meses até outubro

Fundos de ações Outubro 2019 12 meses 36 meses
Guepardo Institucional FIC FIA 4,26% 64,92% 73,39% 35,79%
Equitas Selection Fc FIA 3,84% 44,03% 53,11% 132,66%
Tork Long Only Institucional Fc FIA 3,90% 40,54% 52,33%
XP Dividendos FIA 4,62% 38,56% 52,01% 83,94%
Atmos Acoes FICFI em Acoes 0,98% 38,13% 50,30% 92,64%
Bogari Value Fc FIA 1,64% 38% 49,01% 87,99%
Brasil Capital 30 Fc FIA 3,31% 40,23% 48,42% 95,10%
Real Investor FIA 1,67% 32,28% 46,33% 150,52%
Safra Small Cap Fc FIA 3,98% 29,54% 45,59% 72,81%
CSHG All Velt 90 Fc FIA 2,30% 37,16% 44,54% 73,23%
Ibovespa 2,36% 22% 22,64% 65,15%

Com 12 meses completos agora em outubro, o fundo long only da gestora Tork Capital, que tem cerca de R$ 2,4 bilhões sob gestão, figura na lista das dez estratégias de ações mais rentáveis do período, com ganhos de 52% em um ano. Segundo Gilberto Motta, responsável comercial e diretor operacional, a carteira é diversificada, com alocação individual máxima de 15% por papel.

Hoje, três setores predominam na estratégia, todos vinculados à cena doméstica – financeiro, utilities e consumo (cíclico e não cíclico) –, com destaque para nomes como Natura, BR Malls e Eneva e Cesp. No setor bancário, a Tork tem uma visão menos construtiva para as instituições e reduziu a alocação. A alocação média em Bradesco e Banco do Brasil, de 10% em 12 meses, caiu para 4% agora, com uma exposição apenas nas ações da instituição estatal.

“Os papéis foram representativos no início para geração de alfa, mas hoje temos uma visão menos construtiva, dado o ambiente mais competitivo com as instituições digitais”, diz Motta, em referência à pressão exercida principalmente sobre o crescimento dos bancos.

Em sua avaliação, daqui para frente, será necessário garimpar mais na Bolsa para encontrar boas oportunidades de investimento. “Vai precisar ter crescimento de lucro para justificar os múltiplos nos quais as ações estão negociando.”

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Luis Felipe Teixeira do Amaral, fundador e gestor da Equitas, segue otimista com o mercado, atento aos lucros considerados “saudáveis e crescentes” apresentados pelas empresas listadas. “Embora os múltiplos estejam um pouco mais altos, as ações não estão caras. O que está por trás é o crescimento dos lucros”, avalia.

Com uma visão de longo prazo, a gestora, que costuma investir em média por um período de 40 meses em cada ação, segue com a carteira mais voltada ao mercado doméstico, ainda com destaque para nomes como Iguatemi, Azul, Localiza, Intermédica, Eztec e Petrobras.

Confira a seguir os dez melhores fundos multimercados em 12 meses até outubro, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses.

Os melhores fundos multimercado em 12 meses até outubro

Fundos multimercado Outubro 2019 12 meses 36 meses
Safari Fcfi Mult 1,09% 29,16% 31,35% 91,94%
Tavola Absoluto FI Mult -0,35% 24,05% 30,78% 90,06%
Navi Long Biased Fc de FI Mult 2,91% 23,22% 29,21%
Dahlia Total Return Fc FI Mult 2,69% 24,73% 27,30%
Apex Long Biased Fc FI Mult 3,70% 19,90% 26,37%
Pacifico Lb Fc FI Mult 3,16% 24,47% 25,81% 65,21%
Trend Gold FIM 3,10% 18,45% 24,85% 27,72%
Ibiuna Long Biased Fc de FI Mult 3,98% 22,18% 24,60% 64,40%
Safra S&P FI Mult -1,06% 28,90% 23,51% 88,41%
JGP Equity Fc FI Mult 0,95% 18,77% 21,59% 58,42%
CDI 0,48% 5,17% 6,21% 25,70%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica

Na categoria de multimercados, três dois melhores fundos (da Navi, da Apex e da Ibiuna) são do tipo long biased, portanto com foco em ações. O Ibiuna Long Biased fechou outubro com ganho de 3,98% e acumula retorno de 24,6% em 12 meses. Em carta aos cotistas, a gestora destacou que o setor financeiro contribuiu com um retorno de 2,10%, com posições compradas em Bradesco e Banco do Brasil, e que o setor de consumo discricionário gerou retorno positivo de 1,40%, a partir de exposição em Cyrela e Trisul.

“Dado este cenário econômico construtivo, nós continuamos adicionando posições em empresas que se beneficiem desta aceleração doméstica, especialmente nos setores de comércio e serviços. Entre estas ressaltamos Cyrela, Vivara, Locamérica e Aliansce. Entre as reduções do mês, podemos citar Bradesco (reduzimos para metade da posição inicial) e Yduqs por terem chegado próximo aos preços que consideramos justos”, disse a Ibiuna, na carta.

A gestora ainda voltou a ter posições compradas em Vale diante da “expressiva” geração de caixa apresentada pela empresa, levando à redução de sua dívida, e montou uma posição em Suzano, por esperar que a empresa seja bem-sucedida em sua estratégia comercial, levando à diminuição de seus estoques de celulose nos próximos trimestres.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.