Título público que protege contra inflação domina recomendações de especialistas

De curto, médio ou longo prazo, os títulos de inflação foram altamente recomendados por especialistas para os investimentos ao longo do ano

Leonardo Guimarães

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Ainda não é possível dizer se 2024 será ou não mais um “ano da renda fixa”, rótulo que 2022 e 2023 receberam. Há, porém, várias oportunidades na classe, mesmo para investidores conservadores: até a segurança dos títulos públicos pode trazer bons resultados para a carteira nos próximos meses. 

Entre os tradicionais Tesouro Selic, Tesouro Prefixado e Tesouro IPCA+, o último é o preferido dos especialistas. A proteção contra a inflação – que surpreendeu negativamente o mercado na última quinta-feira (11) – atrelada a juros reais ainda elevados torna esses títulos ideais para navegar nas incertezas que o ano reserva. 

Todos os analistas ouvidos pelo InfoMoney apontaram preferência por títulos públicos atrelados à inflação. O que muda é o prazo. Uns preferem vencimentos mais longos, enquanto outros recomendam investir em títulos curtos. 

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Na XP Asset, a preferência é por NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional Série B) curtas, com vencimento até 2028. “Achamos que a inflação implícita embutida nos preços está baixa, olhando para os padrões brasileiros a expectativas de cenário”, argumenta Fausto Filho, gestor de renda fixa da gestora. Para ele, esses papéis oferecem juros reais “interessantes” para carregar até o vencimento. 

Do time das NTN-Bs de médio prazo, Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, cita o Tesouro IPCA+ 2029 como um bom investimento para 2024. Para o especialista, o papel é “uma escolha confiável para a parte conservadora de uma carteira de investimentos”, já que “o poder de compra do investidor será preservado independentemente do cenário econômico”. 

Samuel Ferrarezi, estrategista de investimentos do Santander, explica que o juro real – ganho em investimentos além da inflação – esperado pelo mercado está acima da média histórica e projeta redução nos próximos anos, fator que deve causar valorização dos títulos atrelados à inflação daqui para frente. “Queremos capturar o fechamento do juro real”, diz o estrategista. 

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Já no Inter, a recomendação é buscar prazos mais longos, com ativos que “trazem proteção contra spikes inflacionários”, como explica Erick Scott Hood, head de produtos e portfólios do banco.

Há ainda quem recomende uma carteira que equilibra títulos curtos e longos. Para Rodrigo Azevedo, economista e sócio-fundador da GT Capital, o ideal é que a carteira de títulos públicos seja composta por Tesouro IPCA+ 2055 (65%) e Tesouro IPCA+ 2026, este disponível apenas no mercado secundário.

Tesouro Selic e prefixados

Apesar da preferência por papéis indexados à inflação, o investimento no Tesouro Selic não é classificado como ruim pelos especialistas, que lembram que a taxa básica de juros seguirá alta ao longo de 2024. No entanto, um dos fatores que podem atrapalhar esse investimento é “uma pressão política influenciando a Selic”, segundo Aline Rosa, economista e sócia da Matriz Capital.

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Já os prefixados passam longe da preferência dos analistas. Samuel Ferrarezi diz que uma aposta nesses papéis significa assumir que os juros cairão abaixo ou mais rápido do que o mercado projeta: “não é o que o Santander espera”. 

Uma valorização maior de prefixados também viria se a inflação caísse mais rapidamente do que o esperado, possibilidade que o último IPCA deixou ainda mais distante.