Depois de alguns milhares de anos, o ouro tem um concorrente no posto de moeda de reserva de valor. Isso após o metal dourado enfrentar concorrências que tentaram chegar perto de sua hegemonia. Porém, nunca nenhum desses concorrentes assumiu o posto que o ouro tem para a economia mundial. Até a chegada das criptomoedas.
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Mas, afinal, o que são as criptomoedas?
Elas podem ser definidas como ativos que se utilizam da tecnologia de blockchain para garantir sua mobilidade de segurança para serem transacionados na internet. E assim é como vão se tornando uma opção cada vez mais relevante de investimentos e reserva de mercado por conta de sua portabilidade e fundibilidade.
“As criptomoedas são barras de ouro que podem ser enviadas por fibra óptica,” diz Samir Kerbage, sócio e CTO da Hashdex. “As criptos têm propriedades de reserva de valor melhor que o ouro, como portabilidade e fundibilidade. O ouro só se sai melhor que as criptos no quesito de durabilidade. Em outros aspectos as moedas digitais são tão boas ou melhores que o ouro.”
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Porém, dentro de um universo que em 2021 soma mais de 6 mil moedas digitais correntes, como saber o que não passa de uma brincadeira que foi longe demais – caso da Doge Coin e da Vira-Lata Finance (REAU) – e o que é um ativo sério que pode levar o investidor a ótimos rendimentos? Há formas de tentar encontrar as mais promissoras.
Quais as perguntas a serem feitas na hora de escolher um criptoativo para investir?
Por conta da alta oferta e número baixo de moedas realmente confiáveis, montamos uma lista dos aspectos a serem analisados antes de comprar criptomoedas:
- Analise uma criptomoeda como se analisa uma empresa
Samir Kerbage defende que analisar uma criptomoeda é como analisar uma empresa.“Uma criptomoeda confiável precisa estar listada em exchanges sérias e reguladas. A moeda precisa ter transparência, descentralização e um código fonte auditado por autoridades externas. Importante lembrar que não é porque um ativo ganhou valor que é um bom investimento,” disse o CTO da Hashdex. - Tem empresa por trás?
Muitas criptomoedas são lançadas por empresas e que esses ativos têm mais chances de terem bons retornos por passarem por processos internos. Além disso, é possível analisar o balanço da empresa controladora do criptoativo para saber sobre a liquidez e lastro da moeda. - Cuidado com as histórias bonitas
Vinicius Frias, CEO do Alter, alerta para o perigo de um bom storytelling que esconde esquemas fraudulentos e pessoas realizando pump and dump – quando se infla o valor de determinado ativo artificialmente para depois vendê-lo.“Tem muita moeda fraudulenta que criam para fazer pump and dump. Criam toda uma história bonita e complexa para vender o projeto, atraem compradores que sobem o valor das ações para então os criadores da moeda venderem suas posições. Isso foi comum em 2017 e voltou agora com o hype das criptomoedas,” disse Frias. - A moeda tem função?
O CEO das Alter destaca também que é preciso entender as utilidades da moeda para entender se ela é séria ou não passa de uma brincadeira ou golpe.“A moeda tem aplicação? Algum case de uso como o Bitcoin em relação ao seu uso como reserva de valor ou o Ethereum, onde se pode construir outras funcionalidades dentro do seu sistema?”A lógica é de que quanto mais importante for a função da moeda, mais pessoas vão continuar a usá-las. - Tem cripto fazendo a mesma coisa?
Para que uma criptomoeda seja confiável é preciso que ela resolva algo. Mas e se já tiver outra moeda desempenhando a mesma função? Nesse caso deve-se ligar o sinal de alerta em relação ao ativo pois a moeda tem sua função diminuída. - Capitalização
Em um mercado marcado pela volatilidade, entender o fluxo das movimentações financeiras é fundamental para saber se uma moeda é um bom investimento. Vinicius Frias diz que um fator importante é o da capitalização de mercado da criptomoeda, que é calculado pelo preço vezes o volume. “Não tem problema se esse índice for baixo, mas isso já liga um sinal de alerta.”Se o valor for alto é porque há um bom número de pessoas transacionando a moeda a preços equilibrados no mercado.
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O Ouro digital
Ao longo da história muitos outros tipo de moeda tentaram tomar o lugar do ouro como reserva de valor. No século XV com as especiarias, nos séculos seguintes com a libra esterlina do império britânico, e depois, no pós segunda guerra, criaram o padrão dólar-ouro, uma tentativa dos Estados Unidos em lastrear o dólar pelo ouro para que o dólar se tornasse uma reserva de valor.
Porém, com o crash do petróleo na segunda metade do século XX, os EUA abriram mão do padrão dólar-ouro e o metal voltou a ser dominante no quesito reserva de valor. Até chegarem as criptomoedas.
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