O CDI não é livre de risco como o investidor acha que é, diz CIO da XP

"O CDI não protegeu na época da Covid. O que protegeu foram os ativos reais", afirma Artur Wichmann

Camille Bocanegra

(Foto: InfoMoney)
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A função de um ativo livre de risco é que ele proteja o investidor em situações extremas. Apesar de ser a principal referência para investimentos no País, esse não seria o caso do CDI (Certificado de Depósito Interbancário).

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“O ponto que estamos tentando levar para nossos investidores é que tem duas coisas que queremos deixar muito claras: sim, o CDI é muito atraente; [mas] não, ele não é livre de risco”, disse Artur Wichmann, CIO da XP, em conversa com jornalistas na última segunda-feira (8).

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“O CDI não protegeu na época da Covid, por exemplo. O que protegeu foram os ativos reais”, disse, em referência ao período em que a Selic caiu a 2% em meio à disparada da inflação, na prática levando o retorno da renda fixa para patamar negativo. Segundo ele, o episódio mostrou que a diversificação é a verdadeira proteção contra choques.

Dólar foi surpresa, e 2026 irá requerer paciência

Em uma avaliação de 2025, o CIO disse que uma coisa que surpreendeu foi a fraqueza do dólar. Entre os motivos, elencou como razão o aumentando de riscos ao redor da integridade institucional do banco central americano. “Se o executivo tem uma opinião diferente sobre o Federal Reserve ser guardião da moeda, é esperado que a moeda enfraqueça”, diz, em referência às pressões de Donald Trump para interferir no Fed.

Para 2026, Wichmann destaca que poucos discordam que o Federal Reserve passará a cortar juros. “Do ponto de risco, o mundo está fiscalmente desequilibrado e não estamos conseguindo colocar a pasta de volta no tubo [após as necessárias excepcionalidades da época da Covid]”, diz.

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No cenário doméstico, ele afirma que a XP segue considerando a possibilidade de maior volatilidade pelo ciclo eleitoral.

Ele elenca três conselhos para navegar as turbulências que se aproximam: “não desviar do norte”, ter cuidado com “conhecimento falso” sobre eleições e a direção do câmbio, além de ter paciência: “A gente tem uma taxa de juro real gigantesca no Brasil. Com 7% de juro real, uma NTN-B (título de inflação) dobra seu dinheiro em termos reais a cada nove anos. Isso é uma oportunidade investimento rara no mundo”, ressalta.