O Brasil é mais doce em um mundo que está “tropicalizando”

Como países desenvolvidos estão lidando com desafios tradicionalmente enfrentados pelos emergentes

Lucas Collazo

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Caros(as) leitores(as),

O tema do mês foi e será a Expert XP 2023. Talvez alguns de vocês não aguentem mais ouvir ou ler esse nome, mas o que podemos fazer? Foram três dias com mais de 72 horas de conteúdo e que reuniu, em São Paulo (SP), os principais nomes do mercado financeiro global. Complicado escapar desse assunto.

Essa edição foi histórica, principalmente pelo destaque que o Stock Pickers teve e pela quantidade de bolhas no pé que ganhei depois de dias intensos de trabalho. Fizemos mais de 25 entrevistas, 6 painéis na feira e, como diria meu pai, “fora os ameaços”.

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Bom, como bom estudioso aficionado pelo mercado que sou, foi uma excelente oportunidade para conversar sobre cenário e posições com as principais casas de investimento numa tacada só. Obviamente que o Brasil foi um tema em destaque ao longo de toda a feira.

A grande verdade é que o mundo está “tropicalizando”. Os países desenvolvidos lidam com problemas de países emergentes, nos dias de hoje.

“Todos somos emergentes, essa é a verdade” disse Luiz Parreiras, sócio e gestor de fundos multimercado e previdência na Verde Asset, num painel que conduzi no estande da gestora na feira. Sintetiza bem a ideia.

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Inflação, juros mais altos e em um patamar desconhecido dos últimos 20 anos, além das questões fiscais que assolam essas economias. Para os brasileiros e brasileiras, nada de novo sob o sol.

Todos esses pontos nos acompanham há anos, somos acostumados a discutir esses temas e a monitorar a evolução deles com cautela. Lá fora, as principais lideranças econômicas parecem “fazer desfeita” e subestimar o poder de todos eles, principalmente no que tange a trajetória da dívida pública.

O quadro da política monetária no mundo ganhou muito destaque, tivemos movimentos coordenados de altas de juros e que devem permanecer mais altos por mais tempo, como sinalizam os gráficos abaixo:

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Ao lado direito, podemos ver o movimento de juros e as expectativas futuras para o Fed (Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos), ECB (Zona do Euro), BoE (Reino Unido) e BoJ (Japão). Abaixo deixo uma imagem que mostra claramente a magnitude desse movimento, especificamente nos juros americanos:

Reparem que a taxa de juros passou duas décadas próxima de zero e, rapidamente, atingiu o patamar que vemos atualmente – que para a geografia, é bem elevado. Por esse motivo, assistimos quebras de bancos regionais relevantes.

Enquanto o Japão manifesta preocupação e assiste a inflação chegar, a Zona do Euro lida com um Banco Central mais lento e com uma situação de dívida com pouca margem de manobra já que os impostos já são elevados por lá, e os Estados Unidos esperam por uma recessão leve, ignorando a trajetória da dívida por lá. O Brasil, que começou o ano com expectativas pessimistas, hoje faz as pazes com os investidores e, por já lidar com essas questões há anos, carrega narrativas mais neutras no relativo.

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Não significa que o fiscal não preocupe, muito pelo contrário. É difícil ser credor do Brasil no longo prazo. Contudo, como não é uma novidade, é como se todas essas questões já estivessem em nossos preços dos ativos e, por esse e outros motivos, somos uma região “barata” nesse momento.

Conversei com muita gente inteligente e ganhadora de dinheiro nos mercados que, mesmo com uma visão mais pessimista para o Brasil, possui posições compradas em Bolsa, no real e em títulos de dívida pública. O mundo está tropicalizando, e como vira tendência, nós estamos mais doces para os investidores.

Lucas Collazo

Host e conselheiro no fundo do Stock Pickers | Especialista em alocação e fundos de investimento no InfoMoney