Novembro é pior mês para Ifix desde o início da pandemia; SP Downtown lidera ganhos e Santander Renda é destaque negativo

Além da inflação, analistas avaliam que a elevação dos juros e as notícias no cenário político e econômico ainda pressionam as cotas

Wellington Carvalho

(SvetaZi/Getty Images)

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Os dados de novembro dão uma boa dimensão do atual momento enfrentado pelos fundos imobiliários. Das 20 sessões do mês, o IFIX – índice dos FIIs mais negociados na Bolsa – operou no campo positivo em apenas quatro. O indicador acumulou queda de 3,63% no período. Foi o pior mês desde março de 2020, início da pandemia do coronavírus.

Outro dado que traduz o momento adverso dos fundos imobiliários indica que, pela primeira vez desde que foi criado, em 2012, o Ifix acumulou quatro meses consecutivos de queda.

Em novembro, os investidores mantiveram atenção aos indicadores de inflação, especialmente o IPCA (Índice Preço ao Consumidor Amplo) que subiu 1,25%, a maior alta para o mês desde 2002. O indicador acumula alta de 8,24% no ano e, em 12 meses, de 10,67%.

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Conhecido como a inflação do aluguel, o IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado) desacelerou em novembro, registrando variação positiva de 0,02%. Em outubro, o indicador teve alta de 0,64%, de acordo com dados da Fundação Getúlio Vargas (FGV). Com o resultado, o IGP-M acumula alta de 16,77% em 2021. Em 12 meses, o índice avança 17,89%.

Já o INCC (Índice Nacional da Construção Civil) acelerou de 0,80% em outubro para 0,71% em novembro. A inflação acumulada pelo índice em 12 meses passou para 14,69% e 13,68% no ano.

Além da inflação, a elevação dos juros e as notícias no cenário político e econômico seguem causando pressão nos preços das cotas, como destaca relatório da XP divulgado nesta segunda-feira (29). “Desse modo, mantemos nossa preferência em fundos imobiliários do segmento de papel, dado seu caráter mais defensivo”, diz o documento.

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Confira as maiores altas dos fundos imobiliários em novembro de 2021:

Ticker  Fundo  Setor  Variação em Outubro (%)
SPTW11 SP Downtown Lajes Corporativas 11,03
KNHY11 Kinea High Yield Títulos e Val. Mob. 3,68
VIFI11 Vinci Instrumentos Financeiros Títulos e Val. Mob. 2,63
KISU11 KILIMA Títulos e Val. Mob. 1,87
BZLI11 Brazil Realty Títulos e Val. Mob. 1,81

OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos até o dia 29 de novembro.
Fonte: Economatica

Individualmente, o fundo SP Downtown (SPTW11) foi o grande destaque de novembro com valorização de 11% no período. Em outubro, o SP Downtown finalizou a venda do imóvel Belenzinho, em São Paulo. O total da negociação ficou em R$ 67 milhões, considerando preço do ativo e os aluguéis pendentes.

Segundo comunicado ao mercado, o valor foi 50% acima do indicado no último laudo de avaliação, de 2019. O recebimento da última parcela dessa negociação possibilitou uma distribuição de rendimentos de R$ 1,13 por cota, pagos em novembro, bem como uma amortização de R$ 1,56 por cota. A gestão do SP Downtown lembrou no último relatório gerencial que, de agora em diante, não haverá mais nenhuma distribuição de rendimentos relativo à transação do imóvel.

Atualmente, o fundo possui um imóvel comercial na carteira, localizado na Rua Líbero Badaró, no centro de São Paulo. O espaço permanece 100% locado para a Atento, empresa líder na prestação de serviços de atendimento às relações entre empresas e seus clientes.

No mês passado, o SP Downtown havia sido o destaque negativo com perdas superiores a 22% no período.

Maiores baixas de outubro de 2021:

Ticker  Fundo  Setor  Variação em Outubro (%)
SARE11 Santander Renda Híbrido -16,66
KFOF11 Kinea FoF Títulos e Val. Mob. -14,48
FLMA11 Continental Square Faria Lima Híbrido -12,83
VILG11 Vinci Logistica Logística -12,51
MORE11 More Real Estate Títulos e Val. Mob. -12,14

OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos até o dia 29 de novembro.
Fonte: Economatica

Em novembro, o fundo imobiliário com a pior performance foi o Santander Renda de Aluguéis (SARE11), que amargou queda de mais de 17%.

Com patrimônio líquido de R$ 918 milhões, o Santander Renda de Aluguéis assinou no fim de outubro proposta de aquisição de imóvel logístico na cidade de Santo André, região metropolitana de São Paulo. O valor do negócio foi de R$ 77,7 milhões. O galpão possui 38 mil metros quadrados de área bruta locável (ABL) e está totalmente alugado para a Pirelli, multinacional do segmento de pneus.

Em novembro, Santander Renda de Aluguéis distribuiu rendimentos equivalente a R$ 0,60 por cota, um retorno com dividendos de quase 0,8%.

Apesar da desvalorização das cotas, a base de investidores de fundos imobiliários alcançou a marca de 1,5 milhão, de acordo com boletim da B3 divulgado em novembro. As pessoas físicas representam hoje 72% da custódia de fundos imobiliários. Os investidores institucionais aparecem na sequência, com 20% da participação. Em relação ao volume negociado, as pessoas físicas são responsáveis por 67%.

Ainda de acordo com o relatório da B3, o volume financeiro negociado pelos fundos imobiliários em 2021 já superou o registrado no ano passado inteiro. Segundo o documento, o segmento de FIIs movimentou R$ 56,7 bilhões de janeiro a outubro de 2021, contra R$ 54,1 bilhões entre janeiro e dezembro de 2020.

Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.