Nova Braiscompany? MP aciona empresa suspeita de calote de R$ 420 milhões com criptomoedas

Empresa alega que não consegue liberar saques para clientes por causa da KuCoin

Lucas Gabriel Marins

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Os moradores de Campina Grande (PB), que recentemente sofreram um golpe de uma suposta pirâmide financeira que dizia trabalhar com criptomoedas, podem estar prestes a enfrentar uma nova crise envolvendo ativos digitais. O estrago pode chegar na casa dos R$ 420 milhões.

Na quinta-feira (16), o Ministério Público da Paraíba (MPPB), por meio do MP-Procon, confirmou que há um procedimento administrativo aberto para acompanhar supostos problemas na Fiji Solutions, que afirma trabalhar com cripto. Fundada no final de 2021, a empresa não libera os saques dos investidores desde o mês passado.

Em entrevista dada na quarta-feira (15) ao programa Arapuan Verdade, da rádio Arapuan FM, um dos sócios do negócio disse que não consegue repassar o dinheiro para os clientes por causa da KuCoin, exchange que a empresa depende para fazer transferências e que supostamente estaria pedindo informações extras de identidade.

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“Hoje o problema é simplesmente uma dificuldade imposta pela KuCoin para que eu prove que eu sou eu mesmo, esse é o grande fator. A monta que tem dentro da corretora (supostamente presa) passa dos US$ 80 milhões (cerca de R$ 420 milhões)”, disse Bueno Aires José Soares de Souza ao programa.

A KuCoin é uma corretora cripto com sede em Singapura. A assessoria da exchange no Brasil não foi localizada. O espaço fica aberto para posicionamentos. A reportagem ligou para o número da Fiji disponibilizado na Receita, mas ninguém atendeu.

Cabe lembrar que Antonio Inacio da Silva Neto, CEO da Braiscompany – empresa de Campina Grande suspeita de dar um calote milionário – também usou desculpa semelhante para justificar a falta de pagamentos dos investidores. No mês passado, o negócio foi alvo de operação da Polícia Federal por suspeita de crimes contra o sistema financeiro nacional e o mercado de capitais.

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72 horas

O MPPB ouviu o depoimento de um dos sócios do negócio deu 72 horas para a Fiji resolver os supostos problemas com a Kucoin. Falou ainda que, caso a questão não seja solucionada, pode ajuizar uma ação civil pública contra diretores e administradores, aplicar multar e pedir a interdição das atividades do estabelecimento

“Recomendamos que a empresa empreenda – por todos os meios legais necessários – todas as tratativas junto à Kucoin para solução da demanda existente e pagamento aos clientes, no prazo de 72 horas, e que comprove, ao Ministério Público, todos os atos realizados para solução da problemática existente, e que apresente cópia dos documentos pessoais dos sócios da empresa (Identidade, CPF e Passaporte)”, disse o promotor de Justiça e diretor regional do MP-Procon em Campina Grande, Sócrates Agra.

Agra também falou que, durante depoimento, um dos sócios do negócio teria apresentado documentação que comprovaria que a empresa tem fundos e liquidez para saldar as dívidas com os investidores. O procedimento aberto pelo MPPB corre em segredo.

Lucas Gabriel Marins

Jornalista colaborador do InfoMoney