O que vale a pena comprar na renda fixa com a Selic em queda

Especialistas ainda veem espaço para papéis prefixados de curto prazo, mas alertam que o fim do ciclo de corte dos juros já está próximo

Anderson Figo

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SÃO PAULO — A taxa básica de juros está em seu menor patamar histórico, de 6% ao ano. Desde que a Selic começou a cair, em 2016, o retorno da renda fixa, que é orientado pela taxa, perdeu um pouco de atratividade. Mas ainda há oportunidades nesse mercado?

Para especialistas ouvidos pelo InfoMoney, sim. Considerando a expectativa do mercado de continuidade do corte de juros da Selic, no curto prazo ainda pode ser vantajoso comprar títulos prefixados, que são aqueles cujos preços sobem quando os juros caem, beneficiando quem precisa vender os papéis antes do vencimento.

O último Boletim Focus do Banco Central estima uma Selic de 5% ao ano ao final de 2019. Mas há alguns economistas que preveem um corte mais intenso ainda. O Bradesco, por exemplo, revisou sua projeção e, agora, estima uma taxa de juros de 4,75% ao ano em dezembro. 

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“Quando a gente olha para um Banco Central que pode cortar a Selic a até 5% ao ano, ou talvez um pouco mais, fica muito nítido que ainda há oportunidade na parte curta da curva”, diz Sergio Silva, sócio e responsável pelos fundos macro da AZ Quest. 

“Mais para frente, eu acho que fica um pouco a dúvida em relação à velocidade com que a economia vai retomar e quais serão os próximos passos do BC. Se ele vier com juros abaixo de 5% ao ano, as oportunidades serão maiores ainda. Isso afeta os juros reais, que hoje estão em torno de 2%-2,3%, mas poderiam cair para 1,5%-1%.”

Segundo o executivo, é importante que o país mantenha sua agenda de reformas para dar base de recuperação para a economia, que deve ser manter bem “ancorada”, dando espaço para que o BC mantenha os juros baixos “por um período prolongado de tempo — pelo menos até o fim do ano que vem.” 

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Camilla Dolle, analista de renda fixa da XP Investimentos, concorda com Silva. “Analisando as curvas, há oportunidade em títulos prefixados, com rendimento de cerca de 7,0% em 2025, por exemplo.”

“Um título NTN-B [Tesouro IPCA+] de vencimento semelhante (2024) teria rentabilidade de cerca de 3% acima do IPCA. Para que compense em relação ao título pré, seria necessário que a inflação ficasse acima de 4% nos próximos anos (queda de juros reais, hoje já abaixo de 2,%)”, diz a analista. Vale lembrar que quanto mais longo o título, maior o risco, devido às incertezas acerca do cenário futuro. Por isso, escolha de acordo com o seu perfil. 

“A abertura da curva NTN-B tem efeito sobre as taxas de emissão de títulos privados indexados à inflação. Por isso, é possível esperar que novas emissões venham a mercado a taxas mais elevadas, sendo mais atraentes aos investidores”, completa Dolle.

Quem tem um perfil mais conservador, menos tolerante a riscos, deve ter um pedaço muito pequeno em prefixados de curto prazo e comprar mais títulos pós-fixados de longo prazo — papéis cujos preços oscilam de acordo com a variação do seu indexador (Selic ou DI).

“E eu diria que uma diversificação interessante para o médio e longo prazos são os papéis que pagam IPCA mais um juro real”, diz Márcia Dessen, planejadora financeira certificada (CFP) e diretora da Planejar.  

“Quem comprar prefixados, precisa ter em mente que o ciclo de corte da Selic está perto do fim. Ao comprar uma taxa de 7%, por exemplo, estamos dizendo que as taxas de juros nos próximos anos vão ser menores do que isso. Ou que o cupom de 3% que se consegue em uma NTN-B acima do IPCA também vai cair. Se isso não acontecer, o investidor que vender antes do vencimento corre o risco de receber menos do que esperava. Se o pior acontecer, ele tem que levar até o vencimento e receber a taxa que contratou.”

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