UBS reduz riscos e recomenda venda de ações em meio a incertezas políticas

Banco ressaltou, entretanto, que as mudanças não significam preparação para uma "recessão tradicional" ou uma próxima grande crise financeira

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – De olho no aumento das tensões da guerra comercial entre Estados Unidos e China e em meio a preocupações crescentes de uma recessão americana, o UBS decidiu reduzir o risco das carteiras e recomendou a venda de ações para diminuir sua exposição à incerteza política.

Em sua visão, o risco de um ciclo de retaliação comercial cresceu, o que prejudica o crescimento global e os mercados de ações. O banco ressaltou, entretanto, que as mudanças não significam uma preparação do portfólio para uma “recessão tradicional” ou uma próxima grande crise financeira. O UBS avalia que o risco de queda para as ações está mais próximo de 15% do que de 25%. Por isso, investidores não devem montar grandes posições vendidas em ações. “Vemos o cenário atual como diferente em vários aspectos importantes.”

Em relatório divulgado nesta segunda-feira assinado por Mark Haefele, CIO global do UBS, o banco disse acreditar que os EUA podem evitar uma recessão em 2020, ajudados por medidas de flexibilização do Federal Reserve (Fed, o banco central do país) e por fortes gastos do consumidor. Além disso, há uma avaliação de que o impacto direto de todas as tarifas adicionais da China terá apenas um efeito marginal na economia americana. Os riscos negativos, contudo, estão aumentando tanto para a economia global quanto para os mercados.

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O UBS ressaltou que segue favorecendo estratégias nos mercados de crédito e de câmbio, por se beneficiarem de medidas de flexibilização monetária em um ambiente de baixo crescimento. O mix de classificação underweight (abaixo da média do mercado, equivalente à venda) em ações, com hedge e posições compradas em títulos americanos aproxima o banco de uma posição neutra ao risco.

Maior volatilidade

Na visão da casa, investidores devem se preparar para mais volatilidade nos mercados. Dentre as mudanças táticas promovidas pelo UBS, estão a remoção da posição overweight (acima da média do mercado, equivalente à compra) em ações globais em relação a títulos de renda fixa de classificação elevada (de alta qualidade), em meio à falta de confiança de que a flexibilização monetária pelo Fed impulsionará as ações significativamente para cima.

O UBS ainda iniciou uma posição underweight em ações de mercados emergentes em relação a títulos de alta qualidade, diante da visão de que empresas de emergentes estão mais expostas à maior volatilidade do mercado, à desaceleração da economia global e ao aumento das tensões comerciais.

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Por fim, o UBS disse ter ajustado a classificação overweight para selecionar moedas de mercados emergentes, com posição comprada nas rúpias indiana e indonésia contra os dólares australianos e taiwanês.

Próximos passos da guerra comercial

Em relação à guerra comercial entre as duas maiores potências mundiais, o UBS disse que vai seguir observando de perto sinais dados pela Casa Branca, as respostas políticas da China, a reação dos mercados a novos anúncios, os próximos passos de política monetária do Fed e do banco central da China, que poderão agir ainda mais se as tensões se agravarem, e dados econômicos.

“A interpretação de dados econômicos pode se tornar mais difícil nos próximos meses se as empresas adiantarem pedidos em antecipação a tarifas mais altas, criando a ilusão de força econômica. Além disso, estaremos atentos a sinais de que a última rodada de tarifas poderia prejudicar os gastos do consumidor. Acreditamos que as novas tarifas dos EUA serão mais prejudiciais economicamente do que as anteriores”, disse o UBS, no relatório.

Na visão do banco, o presidente americano, Donald Trump, ainda poderá decidir convocar uma trégua com a China para limitar o risco de uma recessão, o que poderia minar sua chance de vencer as próximas eleições e seguir na presidência.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.