Procura por títulos indexados à inflação é recorde; gestor vê riscos em pacote de energia

Segundo dados do Tesouro Nacional, a participação das NTN-B e NTN-B Principal, títulos públicos indexados ao IPCA, foi de 74,4% no oitavo mês do ano

Diego Lazzaris Borges

Publicidade

SÃO PAULO – Os títulos públicos indexados à inflação continuaram sendo os mais procurados pelos investidores em agosto deste ano e atingiram recorde de participação no volume total vendido pelo programa Tesouro Direto. Segundo dados do Tesouro Nacional, a participação das NTN-B e NTN-B Principal, títulos públicos indexados ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), foi de 74,4% no oitavo mês do ano.

O percentual equivale a R$ 276,91 milhões de títulos deste tipo comercializados no mês passado. No total, o volume negociado pelo Tesouro Direto foi de R$ 372,2 milhões.

O recorde anterior havia sido em maio, quando as NTN-B responderam por 70,8% do montante total vendido pelo programa do Governo Federal. Já no mês de julho, a participação destes títulos no total comercializado havia sido de 61,7%.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Risco inflacionário
Na opinião do gestor da Lecca Investimentos, Georges Catalão, faz sentido o investidor ter alguma proteção contra a inflação neste momento. Para ele, as recentes medidas do Governo para reduzir os preços da energia no país podem provocar, no longo prazo, algum aumento nos preços.

“Antes nós estávamos com um discurso de que o investidor deveria reduzir um pouco os ativos de inflação, porque achávamos que a curva de juros já tinha corrigido e o Banco Central aumentaria a Selic para combater a inflação no ano que vem. Mas as recentes medidas do Governo para reduzir a tarifa de energia nos preocupou neste sentido”, diz Catalão.

Segundo ele, em um primeiro momento, é possível que a inflação recue por conta da conta de luz mais barata. Entretanto, no longo prazo, não é este tipo de medida que vai segurar o avanço dos preços no País. “Aos nossos olhos, este tipo de medida não é sustentável no longo prazo. O que o Banco Central precisaria fazer era aumentar os juros para conter o avanço dos preços. Podem dizer que o objetivo do pacote de energia não é conter a inflação, mas a impressão que fica é que as medidas podem ser usadas com este objetivo em vez de serem tomadas realmente consistentes”, afirma Catalão.

Continua depois da publicidade

No mês passado, o IMA-B 5+ (Índice de Mercado Anbima 5+), que reflete a carteira dos títulos indexados ao IPCA com prazo acima de cinco anos, registrou retorno 2,78%. No acumulado do ano, o índice apresentou rentabilidade de 22,87%.

Outros títulos
De acordo com o Tesouro Nacional, no mês de agosto, Os títulos prefixados (LTN e NTN-F) ficaram em segundo lugar entre os mais vendidos, com participação de 21,5% do total das vendas. Os títulos indexados à taxa Selic (LFT) apresentaram participação de 4,2% nas vendas no mês.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip