5 investimentos para você “turbinar” sua carteira de renda fixa

Debêntures, LCIs, CRIs e NTN-Bs são indicadas por especialistas em finanças para você ter um retorno maior em tempos de juros baixos

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central seguiu o consenso do mercado e reduziu, pela nona vez consecutiva, a Selic (taxa básica de juros) da economia brasileira, para 7,5% ao ano.

Se por um lado a redução é benéfica para a economia, os investidores de renda fixa não podem dizer o mesmo, afinal, fica cada vez mais difícil conseguir uma rentabilidade elevada com juros em baixa. Mas, de acordo com especialistas em finanças, existem alternativas dentro da própria renda fixa que podem garantir um retorno melhor. Confira algumas:

Debêntures
As debêntures são títulos de dívidas de empresas privadas. Na prática, quem compra uma debênture, na verdade, está emprestando dinheiro para uma empresa. E este empréstimo deve ser pago de volta com juros, independentemente de a empresa ter lucro ou prejuízo. “São ativos pouco populares no Brasil, mas extremamente populares no exterior (onde são mais conhecidos como “Corporate Bonds”) pois são um dos poucos ativos de renda fixa onde, nas economias mais desenvolvidas, o investidor consegue obter retornos reais acima da inflação”, afirma o especialista em finanças da MoneyFit, André Massaro.

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A remuneração das debêntures pode variar, mas geralmente é atrelada a algum índice de inflação, como o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), ou ao IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado), acrescido de uma taxa fixa pré-definida no momento da emissão da debênture. Elas costumam oferecer um retorno maior do que outros títulos de renda fixa, mas é importante se atentar para a qualidade de crédito da emissão. “Estes títulos não têm garantia do FGC, por isso vale a pena entender o rating (classificação de risco) ou procurar uma assessoria para entender o risco”, aponta o diretor da Valore Investimentos Personalizados, Sérgio Quintella.

O especialista da MoneyFit também ressalta que muitas emissões ainda exigem um valor elevado de investimento, deixando essa aplicação mais distante do pequeno investidor. “Mas esse quadro está mudando e deve mudar ainda mais no futuro”, diz Massaro.

A Autoban, por exemplo, que administra as rodovias Anhanguera e Bandeirantes e pertence ao grupo CCR, pretende emitir debêntures com valor mínimo de investimento de R$ 3 mil para o varejo. A emissão, que está sob análise da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos mercados Financeiros e de Capitais), será efetuada em até duas séries e uma delas vai se enquadrar na Lei número 12.431, que isenta de imposto de renda os investidores pessoa física que participarem da oferta.

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LCI
A LCI (Letra de Crédito Imobiliário) é um título de renda fixa emitido por bancos com lastro em empréstimos imobiliários, que pode ter rentabilidade pré ou pós-fixada. Uma das principais vantagens da aplicação é o fato dela ser isenta de IR (Imposto de Renda), o que garante uma rentabilidade líquida maior, principalmente no longo prazo. “Por isso, estes títulos são uma alternativa bastante atraente ao tradicional CDB”, afirma Quintella.

Outra vantagem é que a LCI é garantida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito) até o limite de R$ 70 mil. Ou seja, caso a instituição bancária onde você investe “quebre”, o FGC garante até este limite aplicado. Para quem quer investir mais do que R$ 70 mil, a dica é optar por vários títulos de bancos diferentes. “Com uma LCI, você vai ter uma rentabilidade bem maior do que a poupança com o mesmo risco [para investimentos de até R$ 70 mil], já que ambas são garantidas pelo FGC”, aponta o educador financeiro e gerente-geral do INI (Instituo Nacional de Investidores), Mauro Calil.

Ao investir em uma LCI, porém, é preciso se atentar para a liquidez (facilidade de vender este título e transforma-lo em dinheiro). “Elas devem ser carregadas até o vencimento, que normalmente é de 60 a 360 dias”, aponta Quintella.

CRI
Os CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) são títulos lastreados em créditos imobiliários, cuja rentabilidade se baseia na venda de imóveis residenciais, comerciais ou de lotes urbanos e aluguéis de shopping centers e prédios comerciais. Quando você adquire um CRI, portanto, o rendimento vai se basear nos créditos obtidos com operações de venda e compra a prazo, ou financiamento e locação de imóveis residenciais, comerciais ou industriais.

Entre as principais vantagens do CRI está a isenção de imposto de renda para investidores pessoa física, o que pode garantir um retorno líquido maior, principalmente no longo prazo. “Usualmente, eles pagam taxas mais altas que os títulos públicos e em geral, pagam uma taxa pré-fixada associada à TR ou algum índice de preços”, afirma Massaro.

Entretanto, esse investimento ainda está um pouco distante do pequeno investidor, já que a maioria das emissões é de pelo menos R$ 300 mil. “Já tiveram emissões menores, mas foram feitas sob uma legislação muito específica. As emissões de valores menores precisam cumprir diversas características e o mercado de CRI não avançou neste ponto”, afirma o analista do BTG Pactual, André Souza.

NTN-B
Com a queda de juros, existe a possibilidade de aumento de consumo e, consequentemente, a elevação dos índices de preços. Desta maneira, as NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional Série B), que são atreladas ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) podem ser uma opção interessante e rentável neste momento. “Nós gostamos das NTN-Bs por serem atreladas ao IPCA e as indicamos para o médio e longo prazo”, diz Quintella.

Com este título, o investidor sempre terá ganho real (acima da inflação) , já que além do IPCA, também é paga uma taxa prefixada acordada no momento do compra. Além do ganho real, outra vantagem importante é o baixo risco de crédito do investimento, já que eles são garantidos pelo próprio Governo. “O risco de crédito é baixíssimo”, lembra Massaro.

Já o risco de mercado existe para aqueles que quiserem vender antes do vencimento. Neste caso, pode haver oscilação no valor de face, tanto para cima quanto para baixo, garantindo retornos maiores ou até mesmo perdas para o investidor. “Há um certo risco caso o investidor queira se desfazer dos títulos antes do vencimento, mas se a ideia é ficar com eles encarteirados até o final, o risco é remoto”, aponta Massaro.

CDB de banco pequeno
De acordo com especialistas, os CDBs (Certificados de Depósitos Bancários) ainda podem ser uma alternativa desde que, no caso dos pós-fixados, o investidor consiga negociar uma taxa elevada do CDI (Certificado de Depósito Interbancário), o que normalmente é mais fácil em bancos menores. “É preciso usar o FGC a seu favor. Como o fundo dá a mesma garantia da poupança para um CDB de banco pequeno, esse certificado fica com o mesmo risco da poupança de um banco grande, desde que a aplicação seja de até R$ 70 mil”, afirma Mauro Calil.

Já na opinião de Massaro, neste momento, o ideal é focar nos CDBs pré-fixados. “CDBs pré e pré + inflação são interessantes. Em alguns casos podem render mais que os títulos públicos (especialmente se emitidos por bancos menores)”, conclui o especialista em finanças.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip