Como acompanhar seu fundo de investimento de forma adequada?

De acordo com especialistas, dependendo do fundo de investimento, é preciso acompanhar ainda mais de perto

Diego Lazzaris Borges

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SÃO PAULO – Ao contrário do que muitos pensam, acompanhar o desempenho do fundo de investimento é algo importante e que deve ser feito por todos os aplicadores.

“Muitos clientes entram no mercado de fundos imaginando que não precisam acompanhar. Eles pensam que, pelo fato de não estarem operando diretamente com o dinheiro, podem ficar tranquilos. Mas não é bem assim. Tem de ficar de olho, até para ver se tem outro fundo melhor no mercado”, ressalta o diretor da Valore Investimentos Personalizados, Sérgio Quintella.

Segundo o especialista, em alguns fundos, esse acompanhamento deve ser ainda maior, devido aos riscos embutidos na operação. É o caso dos fundos que operam alavancados, em que os gestores efetuam operações com derivativos. Neles, é preciso acompanhar antes mesmo de começar a investir.

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“Nos fundos multimercado alavancados, por exemplo, é possível que o investidor perca o valor aplicado e até mais do que investiu. É claro que essa seria uma situação de caos, muito difícil de acontecer, porque dificilmente o gestor deixaria chegar a esse ponto, mas é uma possibilidade”, ressalta Quintella.

Acompanhar desde o início
Por isso, segundo ele, o acompanhamento deve começar mesmo antes da escolha do fundo. “O investidor tem de pesquisar aquele que se adequa melhor ao seu perfil e necessidades”, ressalta.

O especialista do Money Fit, Antônio De Julio, concorda. “Nos casos de fundos alavancados, por exemplo, o investidor precisa saber se vai ter ‘estômago’ para aguentar as oscilações do investimento. Este tipo de fundo é bom quando a tendência está a seu favor”.

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Acompanhamento diário
Geralmente, o valor das cotas do fundo pode ser visto diariamente por meio do site da instituição em que se aplica. Mas,de acordo com o sócio da Claritas Wealth Management, Cláudio Mifano, acompanhar todos os dias o desempenho não é uma boa opção.

“Olhar diariamente agrega muito pouco para o investidor e vai trazer muita ansiedade. Dependendo do fundo, vai ser natural alguns dias de perdas e outros de ganho maior”,  diz.

Por isso, o ideal é o investidor se abster um pouco dessa volatilidade de curto prazo. “Acompanhar todo dia não faz muito sentido, você acaba vendo o curto prazo e não enxerga o macro”, ressalta Mifano.

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Verificar mês a mês
Para ele, o acompanhamento do fundo deve ser feito mensalmente. “É importante ter esse controle até mesmo para saber como está a rentabilidade do fundo e identificar algum problema que possa ter acontecido”, aponta o executivo.

De acordo com Mifani, quando a rentabilidade do fundo ficar muito fora do que se espera, o investidor deve tentar entender o que trouxe esse desempenho ruim.

“Ele tem de ver se foi um evento pontual ou se foi um evento que pode vir a acontecer com mais frequência. Pode ter havido alguma alteração relevante ou na própria estrutura do fundo, como a saída do gestor”, ressalta.

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Nesses casos, ele aconselha que o investidor comece a acompanhar o fundo mais atentamente. “Você coloca aquele fundo em luz amarela e acompanha ele mais de perto, para tentar entender um pouco melhor o que aconteceu e o por que do desempenho”, diz o executivo.

Depois desse acompanhamento, se o fundo não melhorar o desempenho, pode ser hora de mudar de produto. “Caso passe um tempo maior e o fundo permaneça aquém do esperado, pode ser o caso de buscar uma outra alternativa”, aponta

Rentabilidade passada
De acordo com os especialistas, a escolha do gestor e a análise do histórico daquele fundo também são importantes e merecem grande atenção do investidor antes mesmo de optar por um determinado produto. “ A rentabilidade passada não é garantia de ganhos no futuro, mas é uma boa maneira de analisar as possibilidades”, aponta Quintella.

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De Julio, do Money Fit, tem a mesma opinião. “É importante ver como o fundo se comportou em momentos de crise, como em 2008, por exemplo”, aponta.

Fundos de ações
Por se tratarem de investimentos em renda variável, os fundos em ações merecem uma atenção até maior do que os fundos de renda fixa, de acordo com Quintella. Isso porque, assim como nos fundos multimercados alavancados, existe a possibilidade de rendimento negativo.

“Nos casos de fundos de ações, assim como no investimento direto em ações, é importante pensar sempre no longo prazo”, diz o profissional.

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Fundos de gestão ativa e passiva
O especialista do Money Fit lembra que existem os fundos de gestão ativa e aqueles de gestão passiva.“Os fundos de gestão passiva estão relacionados a algum índice, como o Ibovespa, por exemplo. Ou seja, se o Ibovespa subir, as cotas do fundo sobem e se ele cair, elas também caem. Já os de gestão ativa não se relacionam especificamente com nenhum indicador”, ressalta De Julio.

Por isso, nos casos de fundos de gestão ativa, o investidor deve se atentar mais para o trabalho do gestor e para o desempenho do fundo.

Taxas de administração
Observar bem as taxas de administração cobradas e pesquisar antes mesmo de optar por determinado fundo é outra recomendação dos especialistas.

“A diferença entre uma taxa de 2% ao ano para outra de 4% é muito grande, que vai influenciar muito na rentabilidade, nos ‘juros sobre juros’ dos investimentos”, afirma o diretor da Valore. “É diferente de ir na loja e pedir um desconto de 2%, que muitas pessoas acham que nem vale a pena. No caso de investimentos, qualquer briga por 1% vale muito a pena”, completa.

Cotas
É importante lembrar que nos fundos de investimento, os prazos para resgate são diferentes de quando se investe diretamente nos ativos.

“Isso gera muita confusão. Nos casos de fundos de ações, por exemplo, se você pedir o resgate hoje, o valor da cota será do dia seguinte (D+1) e o crédito do valor será em 4 dias (D+4), diferentemente de quando você vende suas ações, em que já sabe o valor exato da cotação do papel e a liquidação é em D+3”, diz Quintella. 

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip