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SÃO PAULO – O preço dos imóveis no Brasil avançou bastante nos últimos anos e, de acordo com alguns especialistas, pode já ter atingido o ponto máximo de valorização. Ao mesmo tempo, o mercado acionário tem enfrentado um momento ruim e registrado forte desvalorização, especialmente em 2011, por conta dos problemas econômicos globais.
Neste cenário de imóveis supervalorizados e ações teoricamente baratas, quem tem investimento em imóvel poderia vender o bem para comprar ações?
Para o professor do LabFin (Laboratório de Finanças), José Roberto Savoia, esta não é a melhor alternativa para o momento atual, já que é difícil generalizar e dizer que o preço das ações esteja barato. “Os preços estão desalinhados. Tendo em vista todas as incertezas do mercado acionário, é difícil ter uma precificação correta de longo prazo”, diz.
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Segundo ele, podem existir ações que estejam com preços abaixo do seu valor real, mas seria preciso observar outros fatores para ter certeza sobre o desempenho destes papéis. “Além de analisar a qualidade das companhias, é preciso levar em conta a perspectiva de desempenho delas em uma economia ainda um pouco indefinida”, aponta Savoia.
Ao mesmo tempo, ele também é cauteloso em classificar os imóveis como supervalorizados. “Os imóveis estão inseridos em diversas categorias. Tem os imóveis comerciais, residenciais, de alto luxo, aqueles voltados para a baixa renda. Existem diferenças importantes entre eles e com relação às possibilidades de valorização”, afirma o professor.
Por isso, neste cenário com muitas incertezas, o ideal é evitar fazer grandes mudanças de portfólio. “Você pode até fazer mudanças marginais, mas nenhuma alteração tão significativa na carteira neste momento”, diz Savoia.
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Rentabilidade maior
Por outro lado, de acordo com o professor de economia da FGV (Fundação Getúlio Vargas), Armando Castelar, esta opção pode ser levada em consideração pelos investidores, já que a rentabilidade obtida com os proventos das ações pode ser maior do que aquela alcançada por meio dos aluguéis. “No momento atual, na maioria dos casos, o preço do aluguel do imóvel está dando um retorno menor do que os dividendos pagos por ações de grandes companhias”, afirma Castelar.
Entretanto, segundo ele, o investidor deve ficar atento com a questão da segurança, especialmente em épocas de incertezas. “Em momentos de crise, os imóveis são tidos como um dos investimentos mais seguros”, ressalta.
Outra questão que pesa contra os imóveis é a liquidez, já que é bem mais difícil vender um apartamento do que uma ação, por exemplo. “O imóvel tem muito menos liquidez, então, se você precisar vendê-lo com urgência pode enfrentar dificuldades”, afirma. “Já as ações têm grande liquidez e podem ser vendidas de maneira bem mais rápida”, afirma.
Neste ponto, Savoia, do LabFin, ressalta que o investidor também pode optar pelo investimento em fundos imobiliários, que apesar de não serem tão líquidos quanto o investimento em ações, são mais fáceis de comprar e vender – por meio de cotas – do que os imóveis propriamente ditos.
Riscos
O professor da FGV ressalta que tanto o investimento em ações quanto no mercado imobiliário são considerados de risco. “Tem gente que pensa que só existe valorização dos imóveis, que não há risco de ter prejuízo. Isto não é verdade, já que o preço do imóvel também pode cair, por conta de uma depreciação da região onde ele se encontra, por exemplo”, afirma Castelar.
De acordo com ele, não é possível dizer que investir em ações seja mais, ou menos, arriscado do que em imóveis. “Considero os dois investimentos de risco em relação à possibilidade de valorização”, afirma Castelar.