“Não confunda ganhar dinheiro com estar certo”: saiba mais sobre a estratégia fundamentalista da Moat

Os sócios Cassio Bruno e Luiz Paulo Aranha contam como os fundos da Moat Capital criam suas teses de investimentos buscando oportunidades fora do radar

Clara Sodré

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Um histórico de bons retornos no mercado acionário tem total relação com um processo de investimento bem estruturado, foco no longo prazo e gestão ativa. Essa é a visão de Cássio Bruno e Luiz Paulo Aranha, sócios da gestora Moat Capital, detalhada neste episódio do podcast Outliers.

Além disso, o trabalho coletivo tem papel essencial em sua cultura. A gestora preza pelo bom clima de trabalho, focando em transparência e respeito. “Precisamos remar juntos, para o mesmo lugar”, afirma Bruno.

O lugar, nesse caso, é o longo prazo – se for necessário decidir entre a próxima semana e 30 anos para frente, a casa irá olhar para os próximos 30 anos.

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Distanciando-se de ruídos, os gestores explicam que o foco é nas tendências de mercados, e as oportunidades são capturadas por meio da construção de modelos sólidos com métricas e fundamentos bem elaborados.

Sendo uma casa conhecida por sua visão “agnóstica”, os gestores explicam que a atuação é mais abrangente: eles estão sempre buscando as melhores fronteiras de oportunidades dentro dos ciclos econômicos, podendo ser tanto em ações “queridinhas” quanto em papéis que estão fora do radar dos investidores.

No episódio, Cássio Bruno e Luiz Paulo Aranha falam sobre por que a qualidade de uma empresa não se traduz necessariamente em qualidade de investimento: frequentemente, esse tipo de companhia tem um número elevado de compradores e poucos vendedores, o que resulta em preços caros. Assim, o prêmio de retorno tende a ser menor.

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Com uma análise correta e uma estratégia bem elaborada, é possível encontrar oportunidades em empresas que não estão no foco dos investidores e, por isso, estão mais baratas, oferecendo maior chance de retorno promissor.

Sem espaço para gênios

“Não confunda ganhar dinheiro com estar certo.” Para os sócios, o importante é não ter medo de errar, mas procurar tomar boas decisões que, se replicadas por meio de um processo de repetição, vão gerar um retorno positivo.

Bruno e Aranha reforçam que o mercado financeiro não é um lugar para os que acreditam ser gênios. Quem adota esse tipo de comportamento, dizem, tende a reduzir o trabalho, diminuir o esforço e, consequentemente, “apanhar do mercado”.

Um dos cases “desprezados” pelo mercado, mas que faz parte da carteira da Moat, é a ação da Oi. O papel caiu muito no ano passado dadas as incertezas em relação ao processo de consolidação da companhia na operação de fibra óptica.

Para eles, trata-se de uma empresa de infraestrutura extremamente bem-posicionada dentro da tese de digitalização e expansão da banda larga no Brasil. Além disso, os gestores pontuam que, ao olhar para o valor do ativo, contra todos os passivos, ainda existe um bom espaço de crescimento. O baixo valor, somado à qualidade, oferece oportunidades para o papel.

Na semana passada, o Cade aprovou a venda da operação móvel da Oi para TIM, Claro e Vivo, o que gera recursos para que a empresa pague parte de sua dívida, saia do processo de recuperação judicial e invista em fibra óptica.

Quando questionados sobre o setor bancário, eles disseram ver ações com preço baixo. Mas, na comparação com o restante do mercado, existem opções melhores. Dessa forma, eles migraram parte da alocação em bancos para outras oportunidades, como Lojas Renner.

De acordo com suas projeções, este tende a ser um ano positivo para vestuário, e não para o varejo como um todo, dada a demanda reprimida durante a pandemia especificamente para esse segmento.

Os sócios reforçaram a importância de olhar para a qualidade de investimento, versus a qualidade da empresa. Apesar de 2021 ter sido um ano de queda para as ações do varejo, as empresas têm apresentado bons resultados.

Por fim, eles afirmaram que quem chegar primeiro leva. Reforçaram a importância de capturar tendências com velocidade e potencializar o retorno do portfólio por meio de casos que ainda não foram descobertos pelo mercado em geral.

O Outliers é apresentado por Samuel Ponsoni, gestor de fundos da família Selection na XP, e Carol Oliveira, coordenadora de análise de fundos da XP.

A entrevista completa e os episódios anteriores podem ser conferidos por Spotify, Deezer, Spreaker, Apple e demais agregadores de podcasts. Além disso, o podcast estreou no formato de vídeo no canal da XP no Youtube.