Multimercados da Legacy, Ibiuna e Kapitalo derrapam em 2024, mas Verde bate CDI

Indústria de multimercados melhorou no segundo semestre de 2024, mas perdas do começo do ano impediram performance melhor

Monique Lima

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O segundo semestre de 2024 foi positivo para os rendimentos da indústria de multimercados, que começou a ensaiar a sua recuperação e bateu o CDI no período, alcançando um retorno de 6,36%, segundo o índice IHFA, enquanto o benchmark ficou em 5,27%. O impulso alcançou o rendimento de alguns dos maiores fundos de gestoras renomadas no período, como os da Ibiuna Investimentos, Kapitalo e Verde Asset. 

Entre julho e dezembro, o Ibiuna Hedge registrou um retorno acumulado de 5,97%, o fundo Kappa, da Kapitalo, somou 7,24% de ganhos, e o Verde FIC FIM, gerido por Luis Stuhlberger, disparou 9,17%. O multimercado da Legacy bateu no travessão, ao chegar a 4,96% no período. 

Na carta mensal de dezembro, que faz o balanço do acumulado do ano, a gestão da Verde afirma que a segunda metade do ano foi crucial para compensar as perdas do início de 2024. O fundo se desfez aos poucos de suas posições em ativos locais, que foram apontados como detratores da performance, tanto ações quanto renda fixa. 

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Os ganhos na carteira da Verde vieram das posições em moedas e em bolsa global, que tiveram “contribuições importantes tanto de beta quanto do alpha gerado pela escolha dos papéis feita por nosso time”.  

O bom desempenho se estendeu para mais do que os seis meses finais. No acumulado do ano, apenas o fundo de Stuhlberger conseguiu fechar acima do benchmark, com 12,10% acumulado em 12 meses, frente aos 10,87% do CDI. O fundo Kappa, da Kapitalo, somou 9,83%, enquanto o Ibiuna Hedge fechou em 5,32% e o multimercado da Legacy retornou 3,99%. 

Fontes: Relatórios da Verde Asset, Legacy Capital, Ibiuna Investimentos e Capitalo. Dezembro 2024

Em carta de dezembro, a Legacy não faz um balanço da performance no ano, mas sinaliza que está reduzindo posições no Brasil. O resultado anual mostra ações e renda fixa como os maiores detratores da carteira, enquanto crédito, commodities e a posição em caixa ajudaram a sustentar o retorno. 

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Moedas fortes, ações fracas 

Moedas foram apostas fortes e importantes para os multimercados ao longo de 2024. De modo geral, as posições em dólar foram destaques. Em dezembro, a Legacy destacou que as perdas com Bolsa local foram parcialmente compensadas pelos ganhos em posições compradas em dólar. No mês, a posição resultou em 0,66% de ganho para a carteira, enquanto as ações perderam 0,52%. 

No acumulado do ano, as posições em moedas responderam por 1,84% dos ganhos do Verde FIC FIM. Só o dólar garantiu 0,81% desse total – foi o maior da carteira, ficando atrás de “outros”, parcela que tem posição em Bitcoin. 

Na Ibiuna, a posição em dólar contra o real fechou o ano no zero a zero, em termos de retorno para a carteira, mas neste começo de ano, a tese de força da moeda norte-americana ainda é uma das apostas da casa. A carta de dezembro afirma que o fundo mantém “posição comprada no dólar americano contra uma cesta de países selecionados que inclui o real”. 

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A exceção entre os multimercados das maiores gestoras foi o Kappa. A estratégia da Kapitalo foi a única entre os quatro fundos que conseguiu captar ganhos fortes em Bolsa, não em moedas. Bolsa registrou 6,62% de ganho, enquanto as moedas ficaram com 1,58% de perdas no ano. Nas outras casas, ações foram predominantemente detratoras: -1,55% na Legacy, -0,30% na Ibiuna e -0,63% na Verde. 

Ao longo do ano, o fundo manteve posições compradas e de valor relativo em ações brasileiras e também apostou nas ações globais. Para 2025, neste começo do ano a gestão optou por diminuir as duas estratégias. Moedas e commodities estão mais no radar agora.