Morgan Stanley e Itaú BBA zeram posições em ações argentinas em meio a risco eleitoral

Incertezas e falta de catalisadores para os ativos no curto prazo são principais justificativas para ajustes nas posições

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – Em meio ao estresse provocado nos mercados financeiros ontem pela ampla derrota sofrida pelo atual presidente da Argentina, Mauricio Macri, nas eleições primárias de domingo, com vantagem de 15 pontos da oposição, o Morgan Stanley e o Itaú BBA optaram por zerar a exposição ao país. Dentre as principais justificativas citadas estão as grandes incertezas e a falta de catalisadores para os ativos no curto prazo.

“Independentemente da reação política, o espaço para manobras é muito limitado dados os desafios macroeconômicos, que variam de dificuldades fiscais estruturais a liquidez, possíveis problemas de solvência, bem como um financiamento externo considerável”, escreveu a equipe de análise do Morgan, liderada por Fernando Sedano.

Em relatório, o banco rebaixou a recomendação para ações de empresas argentinas de neutra para “underweight” (abaixo da média do mercado, equivalente à venda), enquanto os bancos do país tiveram a recomendação diretamente cortada de “overweight” (acima da média, ou compra) para “underweight”.

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Segundo os analistas do Morgan Stanley, a reação do mercado aos resultados tem impacto tanto sobre os múltiplos de valuation quanto sobre as previsões de lucro das companhias. “Maior incerteza merece um prêmio de risco maior”, afirmaram.

Para a instituição financeira, todos os olhos estarão agora nos próximos passos do governo e nos da oposição, assim como no papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) ao longo da transição.

O Itaú, por sua vez, tinha posição neutra nos ativos argentinos desde junho, por meio das ações da Pampa Energia, e decidiu eliminar agora a exposição ao país. “Esperamos mais incertezas referentes à futura política econômica”, escreveu Pablo Ordóñez, responsável pelas estratégias LatAm e México do Itaú BBA.

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Marcin Lewczuk, sócio e membro do time de investimentos da Mobius Capital Partners, do conhecido gestor Mark Mobius, também destacou a surpresa negativa gerada pelos resultados das primárias, mas afirmou que a casa não tem exposição à Argentina.

“Como investidores de ações, ficaríamos muito preocupados com a direção que as políticas do país tomariam se um governo peronista voltasse ao poder. Com cerca de 80% da dívida do governo do país em moeda estrangeira, devemos esperar muita volatilidade nas próximas semanas e antes das eleições no final deste ano”, disse Lewczuk, ao InfoMoney.

Renda fixa

O Morgan Stanley também comentou em relatório suas projeções para os títulos públicos da Argentina. Segundo os analistas, a extensão da queda dos preços irá depender muito do quanto o governo conseguirá convencer o mercado de que ainda há um caminho para uma política moderada no país.

“Não apenas os preços dos bonds podem cair abaixo das nossas estimativas no curto prazo, como os mercados já devem começar a precificar um aumento de problemas de liquidez no curto prazo, como um agosto ilíquido”, escreveram os analistas.

Além de esperar uma baixa performance dos títulos high yiels de mercados emergentes, a equipe de análise recomenda a compra de uma cesta de CDS (Credit Default Swap, em inglês) do Brasil e da Colômbia, de cinco anos.

A volta de títulos argentinos no portfólio, diz o Morgan, só seria possível com uma visão mais firme e clara de uma potencial materialização da recuperação dos preços.

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