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“Momento Dilma” na Colômbia? A tese da Kapitalo antes das eleições no país vizinho

Gestora traça um paralelo entre a atual situação fiscal e política da Colômbia e o Brasil de 2015-2016, enxergando oportunidade de investimento na virada de ciclo eleitoral em 2026

Paulo Barros

Gustavo Petro e Dilma Roussef (Foto: REUTERS/Marckinson Pierre e Lula Marques/Agência PT)
Gustavo Petro e Dilma Roussef (Foto: REUTERS/Marckinson Pierre e Lula Marques/Agência PT)

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A gestora Kapitalo Investimentos vê uma janela de oportunidade se abrindo para investir em ativos da Colômbia, comparando o momento atual do país ao vivido pelo Brasil no auge da crise fiscal do governo Dilma Rousseff. Em sua carta mensal de junho, a casa destaca um “governo de esquerda impopular, considerável probabilidade de troca de governo, desequilíbrio fiscal crescente e elevado prêmio de risco nos ativos locais”.

Desde a posse de Gustavo Petro em agosto de 2022, a Colômbia passou a adotar uma agenda considerada populista pela gestora, com forte ampliação do papel do Estado na economia, expansão de transferências sociais e políticas que, segundo a carta, “reduzem a produtividade e o crescimento potencial”. Como reflexo, o déficit nominal subiu para 7,1% do PIB em 2024, ao mesmo tempo em que a regra fiscal foi suspensa, medida que, segundo a gestora, escancara espaço para uma política fiscal mais frouxa nos próximos anos.

O “prêmio de risco” é o retorno adicional exigido por investidores para aplicar recursos em um país com maior instabilidade econômica ou política. Quando esse prêmio é alto, ativos locais tendem a ficar “baratos”, criando oportunidades caso o cenário mude.

Segundo a Kapitalo, a baixa popularidade de Petro e o fraco desempenho de seus aliados nas pesquisas eleitorais aumentam a chance de vitória de um candidato de centro-direita nas eleições de maio de 2026, o que poderia provocar um ajuste fiscal e impulsionar os ativos locais.

“A realização de um cenário positivo, marcado pela eleição de um governo de centro-direita com uma agenda mais fiscalista, deve gerar uma compressão importante dos prêmios de risco”, afirma a gestora. Em termos práticos, essa “compressão” significa valorização dos ativos, como títulos públicos e ações colombianas.

Embora a eleição ainda esteja distante e o cenário carregado de incertezas, a Kapitalo afirma que os ativos colombianos já embutem um nível de risco suficientemente alto para justificar alocação de capital gradual. “Acreditamos que o prêmio embutido nos ativos colombianos já justifica uma alocação de capital, a qual deve ser incrementada ao longo dos próximos meses”, diz a carta.

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Segundo a gestora, o país vizinho deve ganhar mais espaço no fundo K10 nos próximos meses. Em junho, o fundo entregou rentabilidade de 2,30%, o equivalente a quase 210% do CDI. No ano, os ganhos são de 13,02%, ou cerca de 203% do benchmark da classe.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)