Mercado não está considerando erro de pesquisas contra Trump, avalia Stuhlberger

Para o gestor da Verde, há chances de que disputa nos EUA esteja mais favorável ao ex-presidente, o que motiva posição da casa em títulos de inflação americanos

Paulo Barros

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Agentes do mercado financeiro estão posicionados para a queda da inflação e o início do ciclo de corte de juros nos Estados Unidos a partir de setembro, mas Luis Stuhlberger, da Verde Asset Management, acredita em um possível erro de cálculo, ligado ao resultado das eleições americanas: as pesquisas apontam uma disputa apertada entre Donald Trump e Kamala Harris, mas, segundo o gestor, elas podem estar erradas.

“Pelo ponto de vista macroeconômico, está razoavelmente precificado que a taxa de juros [nos Estados Unidos] esteja em 3,05% [ao ano], 3,10% [ao ano], convergindo para taxa neutra em um ano e três meses. Uma coisa que eu não vejo sendo muito comentada é que em todas as eleições americanas de um tempo para cá, especialmente as últimas duas, as pesquisas erraram contra o Trump, contra os republicanos, em um a dois pontos [percentuais]”, falou o gestor em participação na Expert XP 2024, neste sábado (31), em São Paulo.

O impacto das eleições sobre a inflação está no tipo de política esperado dos candidatos, caso assumam a cadeira de presidente. Se Trump vencer, seu perfil mais a favor de aumento de tarifas de importação tende a pressionar a inflação. Hoje, as estimativas mostram uma disputa voto a voto nos EUA, mas o fundador da Verde considera que há chances de que o ex-presidente, na verdade, esteja na dianteira.

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“Mesmo em 2016, quando ele ganhou, [as pesquisas] erraram contra ele. Em 2020, erraram contra o Trump. E um ou dois pontos de erro é muita coisa para algo que se define por 20 ou 30 mil votos. Eu não vejo muito o sell side comentar esse favoritismo do Trump por causa de erro na pesquisa”, falou.

De olho em uma possível assimetria na precificação do mercado, e levando em conta uma possível alta nas tarifas em um novo governo Trump, a Verde tem uma posição em Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS), papéis do Tesouro Americano similares ao Tesouro IPCA+, com remuneração atrelada à inflação.

“Trump não vai fazer tudo o que prometeu, então pode ter um desconto [nos ativos que precificam esse movimento], mas é difícil imaginar que alguma coisa de tarifa não venha”, avaliou o gestor da Verde.

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“O cenário mais provável não é um sweep (varredura) democrata, nem um sweep republicano. É o Congresso ficar dividido, e aí a capacidade de qualquer presidente, seja o Trump, seja a Kamala, de implementar políticas com um Congresso dividido fica mais difícil. Mas tarifa o Trump pode fazer sem o Congresso”, disse.

Paulo Barros

Editor de Investimentos