Mercado de acesso da Bolsa prepara estreia nas corretoras com tokens de ações

Participante do sandbox regulatório da CVM, BEE4 levará ações de PMEs para as primeiras corretoras na virada do ano

Paulo Barros

Primeiro pregão da BEE4, em 2022 (Divulgação)

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Forte nos Estados Unidos, Canadá e Reino Unido, o mercado de acesso de ações ainda engatinha no Brasil, mas está um passo mais perto da carteira do investidor. Até o final do ano, as duas primeiras corretoras devem finalizar a integração com os sistemas da BEE4, única entidade no País além da B3 com licença para negociar ações.

Na prática, papéis de empresas menores, que não estão na B3, estarão ao alcance de mais pessoas.

A BEE4 criou o primeiro mercado organizado de equity de pequenas e médias empresas (PMEs) do País, com foco nas companhias com faturamento entre R$ 10 milhões e R$ 300 milhões – que acabam tendo menos espaço por não serem nem startups early stage, nem robustas o suficiente para buscar listagem na Bolsa.

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A operação do mercado de acesso completou um ano, dentro do sandbox regulatório (ambiente de testes) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Nesse período, em modo soft launch, a BEE4 conduziu mais de 50 pregões e negociou perto de R$ 2 milhões em volume financeiro.

Para o segundo ano de atuação, o objetivo é levar esses ativos às corretoras, onde está o “grosso” do público. “Na virada do ano já estaremos operacionais”, conta a CEO Patrícia Stille ao InfoMoney.

A BEE4 deverá ter o total de quatro empresas listadas em breve.

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As primeiras foram a Engravida, especializada em reprodução assistida, que contou com listagem direta; e a Mais Mu, do ramo de snacks saudáveis, que entrou desde o IPO (oferta inicial de ações).

Próxima da fila, a Plamev Pet, de planos de saúde para pets, captou R$ 5,42 milhões em oferta encerrada em 18 de setembro (abaixo do alvo de R$ 6,4 milhões). Na sequência virão os papéis da Eletron Energia, empresa paranaense focada em soluções de eficiência energética, que atualmente está em etapa de IPO.

Para 2024, a entrada das corretoras traz a expectativa de dar mais visibilidade a essas ações “fora do radar” da maioria dos investidores – assim como mais uma opção de saída para quem apostou nas rodadas privadas –, seja no IPO ou nas negociações no secundário.

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Tokens de ações

Além de criar um mercado de acesso da B3, a BEE4 tem outro desafio: testar como a tecnologia blockchain pode ajudar a reduzir custos das captações. Os ativos de PMEs são registrados nessa tecnologia, conhecida por sua inviolabilidade. São, portanto, tokens de ações.

Uma das aplicações da inovação está na figura do depositário, substituída nesse desenho por um registro digital de titularidade.

“Ao final de uma oferta, nós escrituramos [a lista de investidores], tokenizamos e distribuímos os ativos digitais nas carteiras individualizadas dos clientes”, explica Patrícia. “Essa tecnologia vem dar outro significado para o papel de alguns participantes [do mercado de capitais] e trazer eficiência nos processos de pós-trading”.

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Se nos bastidores tudo parece mais moderno, para o investidor, pouco muda: quando chegarem nas corretoras, esses tokens serão apenas mais uma opção de investimento em ações – mas de pequenas e médias empresas.

Paulo Barros

Editor de Investimentos