Melhores fundos: veja os dez multimercados mais rentáveis dos últimos cinco anos, segundo levantamento da XP

No ranking estão alguns fundos que, além de terem bons desempenhos no longo prazo, também constam na lista de melhores resultados do 1º trimestre de 2022

Mariana Segala

(Getty Images)

Publicidade

O primeiro trimestre de 2022 marcou uma virada no desempenho dos fundos multimercados. Depois de um 2021 de volatilidade e perdas, o desempenho do Índice de Hedge Funds Anbima (IHFA), que representa a média dos multimercados de gestão ativa no Brasil, entre janeiro e março deste ano foi o melhor para o período nos últimos sete anos.

O retorno de 6,12% do IHFA – quase três vezes mais que o oferecido pela taxa do CDI – ainda está sendo comemorado. Mas gestores e investidores sabem que desempenhos no curto prazo, embora empolgante, são só parte da história nesse tipo de investimento. Os resultados mais satisfatórios dos multimercados vêm com o tempo – às vezes, bastante tempo.

Um levantamento realizado pela XP Investimentos identificou os multimercados com melhor performance nos últimos cinco anos. Foram considerados os fundos dessa categoria com patrimônio líquido a partir de R$ 50 milhões e classificação tributária de Longo Prazo, criados antes de 31 de março de 2017. No caso de fundos “espelhos” (que investem nos mesmos fundos “master”), entrou no estudo apenas o mais antigo.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Os fundos foram classificados de acordo com seu retorno anualizado e também segundo o excesso de retorno em relação à taxa do CDI, considerando a janela de cinco anos até 31 de março de 2022. Confira os dez primeiros colocados no ranking da XP:

Fundo Retorno anualizado Retorno anualizado acima do CDI
VISTA MULTIESTRATÉGIA FIC MULTIMERCADO 27,22% 20,26%
SPX RAPTOR FEEDER INVESTIMENTO NO EXTERIOR FIC MULTIMERCADO CRÉDITO PRIVADO 18,66% 12,17%
LOGOS TOTAL RETURN FIC MULTIMERCADO 17,85% 11,40%
SEIVAL FGS AGRESSIVO FIC MULTIMERCADO 16,10% 9,75%
R&C HEDGE FI MULTIMERCADO 15,39% 9,07%
ASA HEDGE FIC MULTIMERCADO 14,23% 7,98%
IBIUNA HEDGE STH FIC MULTIMERCADO 13,88% 7,65%
E2M ESTRATÉGIA FI MULTIMERCADO 12,72% 6,55%
SANTA FÉ AQUARIUS FI MULTIMERCADO 12,53% 6,37%
SOLANA EQUITY HEDGE FIC MULTIMERCADO 11,89% 5,77%

Fonte: XP Investimentos

Nota-se que dentre os fundos com melhor performance nos últimos cinco anos estão alguns dos que, segundo levantamento do InfoMoney, tiveram os desempenhos mais destacados também no primeiro trimestre de 2022. É o caso do Vista Multiestratégia, do Logos Total Return, do Asa Hedge e do Seival FGS Agressivo.

Continua depois da publicidade

Segundo o Relatório Trimestral de Gestão, também elaborado pela XP, que ouviu 20 das mais importantes gestoras de fundos do País, algumas tendências se consolidaram entre os multimercados ao longo do primeiro trimestre de 2022. Aumentou a quantidade de casas com exposição direta a commodities, por exemplo – quase dois terços dos gestores tinham essa aposta em março de 2022, contra pouco mais de um terço em dezembro de 2021.

Os fundos também se mostram mais confiantes com o mercado de ações brasileiro, sendo que 75% dos gestores possuem posições compradas (apostando na alta) diretamente em ações ou por meio de índices. Os setores preferidos são os de utilities (serviços públicos) e commodities.

Em certa medida, as posições preferidas do mercado se assemelham às do Vista Multiestratégia, multimercado com melhor desempenho nos últimos cinco anos – superior a 27% ao ano, segundo o levantamento da XP.

Continua depois da publicidade

A última carta mensal distribuída pela Vista Capital a seus cotistas informa que o fundo está alocado em três principais frentes: compra de commodities, especialmente petróleo; compra de ativos brasileiros, incluindo uma carteira de ações domésticas, o real e uma posição aplicada (com expectativa de queda) em juros; além de uma posição vendida (com aposta na queda) nos mercados dos Estados Unidos, como forma de hedge, ou proteção do portfólio.

Da mesma forma, as apostas em commodities proporcionaram alguns dos maiores retornos do trimestre para outros multimercados estrelados – como o Seival FGS Agressivo. De janeiro a março, a carteira rendeu 13,68%, sendo que apenas essa classe de ativos proporcionou ganhos de 12,69%.

Para a Vista, o otimismo com o Brasil está justamente relacionado a isso. “Nos parece que o mercado superestima os efeitos econômicos do ciclo eleitoral e subestima os efeitos positivos do ciclo de commodities e da reabertura pós-pandemia”, diz a carta da gestora.

Publicidade

No caso do ASA Hedge, a percepção para commodities também é positiva, mas uma das principais contribuições recentes para o desempenho do fundo foi uma posição tomada nos juros dos Estados Unidos, beneficiada pelo início da elevação das taxas no país e da expectativa de continuidade desse movimento.

“De certa forma, parte do movimento explosivo [dos juros] ao longo do mês foi uma devolução da aversão a risco que o início da guerra na Ucrânia causou nos mercados”, diz a gestora na sua última carta aos cotistas. “A outra parte, no entanto, foi uma justa reação à continuidade do endurecimento nos discursos do FOMC, cada vez menos desconectados da realidade inflacionária da economia americana”.

Foco no longo prazo

Se nos últimos cinco anos esses multimercados conseguiram obter uma performance positiva, não foi sem sobressaltos cá e lá. Por isso, Carolina Oliveira, Rodrigo Sgavioli e Clara Sodré – autores do levantamento da XP – reforçam o “mantra” do longo prazo.

Continua depois da publicidade

“Sabemos que muitas vezes o investidor investe com convicção de que terá paciência e resiliência para atravessar momentos de crises ou má performance. Porém, as emoções afloram quando a rentabilidade do fundo vai mal (pânico) ou, ao contrário, quando vai muito bem (euforia)”, dizem no texto.

Mesmo para excelentes gestores, os momentos em que muitos investidores realizam resgates analisando janelas de tempo curtas penalizam os fundos. “E aí o investidor acaba perdendo dobrado: quando realiza a saída no pior momento possível; e quando deixa de ganhar com a retomada do fundo e/ou da classe de ativos como um todo”, ressaltam os autores do levantamento.

Segundo o texto, a atitude mais importante no longo prazo “é estar investido”. “Há diversos estudos que comprovam que estar investido nas classes de ativos corretas, de forma diversificada, já garante algo como 70-80% do retorno da sua carteira de investimentos de longo prazo”, destaca.

Publicidade

Fora o risco relacionado às ineficiências tributárias no resgate prematuro. “Muitos investidores resgatam de fundos multimercados mesmo quando eles estão com retornos positivos em janelas curtas (menos de 2 anos), porém abaixo ou muito próximo do CDI. Nessas ocasiões, em caso de resgate, haverá incidência de Imposto de Renda e, quanto menor o prazo investido, maior a alíquota de IR utilizada”, diz o texto.

A conclusão é de que dificilmente será possível extrair o melhor resultado dos fundos multimercados no curto prazo. “Invista com a convicção de ficar investido por ao menos 3 a 5 anos, se não houver imprevistos sérios no meio do caminho, seja com seu patrimônio ou com algum fato relevante ligado à gestora”, afirmam os autores.

O que os especialistas da XP recomendam para você? Clique aqui e faça uma simulação de investimentos gratuita, sem robôs

Mariana Segala

Editora-executiva do InfoMoney