Com o Ibovespa próximo à máxima histórica, ainda vale a pena investir na Bolsa?

Estrategista de ações da XP e gestor da Taler respondem três perguntas de investidores sobre o momento atual do mercado e o que esperar daqui para frente

Laís Martins

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SÃO PAULO – Durante os meses de maio e junho, o Ibovespa, principal referencial da Bolsa brasileira, renovou a máxima histórica de fechamento seis vezes consecutivas, alcançando os 130.776 mil pontos no último dia 7.

O índice já acumula alta de 8,6% em 2021. Também atingiu crescimento de 34% em 12 meses e está no sexto ano seguido no campo positivo. Por isso, parte do mercado questiona se ainda vale a pena entrar na Bolsa ou se as empresas já estão muito caras.

Para analisar a questão e sanar parte das dúvidas de investidores, a estrategista de ações da XP Jennie Li e o gestor de portfólio da Taler Gestão de Patrimônio Renato Iversson participaram de live no Instagram do InfoMoney. Confira os destaques a seguir.

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“Até qual patamar a Bolsa pode chegar ao fim do ano?”

Diante da forte valorização do mercado acionário, em meio à recuperação após o baque causado pela Covid, Jennie foi questionada sobre o potencial de alta da Bolsa ao longo do segundo semestre deste ano. A estrategista está otimista, com a avaliação de que o Ibovespa tem espaço para chegar aos 145 mil pontos até dezembro, o que representa valorização de 12,61% em relação ao fechamento do pregão desta terça-feira (22).

Entre os fatores que norteiam o otimismo está a comparação com o recorde histórico do Ibovespa. Um levantamento da Economatica mostra que, ao comparar a pontuação da Bolsa hoje com o fechamento do dia 20 de maio de 2008, ajustado pela inflação, o Ibovespa está longe de atingir seu recorde histórico. A pontuação daquele dia foi de 73.517 pontos, o que equivale a 144.662 pontos no contexto atual.

Naquele ano, o Brasil atingiu o chamado “grau de investimento”, quando a agência de classificação de risco Standard & Poor’s elevou a nota de crédito de “BB+” para “BBB-“. Assim, a melhor avaliação do Brasil atraiu investidores internacionais. Além disso, por coincidência, naquela época, o país também foi altamente beneficiado por um boom de commodities.

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A estrategista da XP também fez menção à análise histórica de múltiplo preço da Bolsa, para justificar as perspectivas favoráveis neste ano.

“Um indicador que mostra se as empresas do Ibovespa estão baratas ou não é o P/L. Ele indica a relação dos preços das ações de uma companhia com o seu lucro. Hoje, o P/L médio é de 10,8 [vezes], mas, quando comparamos com a média histórica dos últimos dez anos, esse número fica em 12 [vezes]. Então, a Bolsa não está cara como no passado”, explica.

“Ainda dá tempo de investir ou é melhor esperar uma baixa?”

“Prever um movimento de mercado é muito complicado. Ninguém sabe o que vai acontecer amanhã. Por isso, esperar uma queda que realmente gere grandes oportunidades na Bolsa é imprudente. O que o investidor pode esperar é uma correção”, opina a estrategista da XP.

Segundo Jennie, os momentos de correção mais comuns acontecem quando há indícios de novas políticas monetárias. Além disso, reformas administrativas ou tributárias e períodos eleitorais também podem abrir brechas de oportunidades.

“Esses episódios geram uma queda nos preços, então é possível alocar posições, com muita cautela, quando isso acontecer. Assim, é necessário que o investidor preste muita atenção ao mercado, ao noticiário e esteja informado das consequências desses efeitos.”

“Estamos vivendo uma bolha na Bolsa?”

Por fim, na visão dos especialistas, o medo de uma possível bolha na Bolsa pode estar atrelado ao descolamento do índice em relação à economia real brasileira.

“Estamos em uma máxima histórica de 130 mil pontos. Isso causa um certo susto nos investidores inexperientes, porque é complicado entender esse descolamento do alto nível de desemprego, aumento de preços e outros fatores. Aí surge o medo da bolha”, explicou Iversson.

O investidor não deve se preocupar, contudo, com esse risco no momento. A Bolsa não equivale à economia nacional, mas ao crescimento de algumas empresas do país. Assim, é necessário analisar quais são as empresas que compõem o índice, em que setor atuam e por que algumas delas estão com grandes projeções de crescimento. 

“As bolhas acontecem quando os índices inflam sem qualquer fundamento. Hoje, grande parte do crescimento da Bolsa se dá pela alta das commodities. Petróleo, grãos e minério de ferro estão sendo muito demandados, porque o mundo todo está saindo de uma crise. Com o aumento da atividade econômica de forma acelerada, principalmente na China e nos Estados Unidos, os preços das commodities vão para cima”, completou o especialista.

Assim, é importante que o investidor acompanhe constantemente as notícias que afetam o mercado e saiba aproveitar as brechas de correções de preços que o principal índice da Bolsa nacional pode apresentar daqui para frente.

E Agora, Ana?

O programa “E Agora, Ana?” vai ao ar às quartas-feiras, às 12h, no Instagram do InfoMoney. A série de lives, apresentada pela especialista em investimentos Ana Laura Magalhães, traz assuntos relevantes para o investidor se posicionar em investimentos no Brasil e lá fora.

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Laís Martins

Analista de Conteúdo no InfoMoney. Formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e com passagens pela Globo e UOL. Cria conteúdos sobre investimentos, finanças, economia, mercados e tecnologia