Mais altas de juros nos EUA? Gestores se dividem e adotam cautela com ativos high yield

Segundo a JP Morgan Asset Management, cenário parece com grande incerteza e títulos high grade tendem a oferecer maior segurança

Bruna Furlani

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As apostas do mercado sobre a possibilidade de o Federal Reserve (Fed, banco central americano) ter ou não que elevar os juros mais vezes nos Estados Unidos não conseguem encontrar consenso também entre gestores — por isso, gerando maior cautela com títulos high yield (maior retorno e risco).

É isso o que mostra uma pesquisa feita pela XP com 23 casas que realizam gestão de fundos internacionais, como Schroders, Pictet e JP Morgan Asset. O levantamento foi feito entre 19 e 26 de setembro.

Segundo Clara Sodré e Ana Arcanjo, da equipe de análise de fundos da XP, o estudo aponta que metade dos gestores acredita que não haverá alta de juros no curto prazo nos Estados Unidos, enquanto 41% destacaram que pode ocorrer uma elevação de 0,25 ponto percentual até o fim do ano.

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Os 9% restantes possuíam outro tipo de previsão para as taxas. As respostas foram enviadas após sinalização do Fed de que novas elevações não estariam descartadas.

“Fica evidente a divergência de visão entre esses gestores para o aperto monetário nos Estados Unidos. Em linhas gerais, observamos que, neste momento, os gestores seguem em compasso de espera, acompanhando os dados relacionados à economia americana”, destacam as analistas da XP.

Os dirigentes do Fed irão se reunir mais duas vezes até dezembro. Agentes colocam uma probabilidade maior (73%) de que, na reunião de novembro, os juros sejam mantidos entre 5,25% e 5,50% ao ano.

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Já para o último encontro do ano, o mercado já parece ligeiramente mais dividido: 58% das apostas estão em uma manutenção, enquanto 36% acreditam em uma alta de 0,25 ponto, para o patamar entre 5,50% e 5,75%. Os dados são do CME Group.

Já ao serem questionados sobre a taxa terminal após o ciclo de alta, 75% das casas projetam que o juro americano fique entre 5,5% e 6%, percentual que está em linha com o mercado.

Cautela com títulos high yield

No quesito alocação, gestores mostraram cautela com posições em títulos mais high yield (maior retorno e risco), diante do cenário atual em que a curva futura americana pode continuar a abrir, ou seja, o juro pode manter a tendência de alta.

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Uma das casas que tem adotado uma visão mais conservadora para a renda fixa é a JP Morgan Asset Management. Em comentário enviado aos analistas da XP, a casa disse que o cenário de taxas de juros altas por mais tempo elevou a volatilidade do mercado de renda fixa e que a subida recente dos rendimentos pagos pelos títulos favorece o investimento em renda fixa, seja high grade (menor risco e retorno) ou high yield.

“No entanto, devido à grande incerteza aparente, títulos de companhias high grade nos parecem mais seguros”, pondera a casa, que está preferindo também papéis com vencimentos mais longos.

Já no quesito renda variável, algumas casas destacaram ver oportunidades em ações de valor japonesas, caso da Schroders.

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Segundo comentário enviado à equipe de análise da XP, a gestora observou que as reformas estruturais no mercado japonês estão incentivando empresas a usar melhor o dinheiro em seus balanços.

Aliado a isso, a Schroders destacou que o País está com uma política monetária mais frouxa do que outros desenvolvidos. “Vemos isso como um vento a favor para o mercado de ações japonês, especialmente empresas com um múltiplo P/BV abaixo de 1”.

O múltiplo de avaliação P/BV considera o preço de mercado da ação em relação ao valor do seu patrimônio líquido divulgado no balanço.

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Outra oportunidade estaria nos chamados títulos de catástrofe, que continuam oferecendo um rendimento atrativo na comparação com as taxas de juros atuais e ativos com retorno equivalente dentro do crédito de alto rendimento.

“Acreditamos que eles possam desempenhar um papel útil nas carteiras”, acrescentaram os especialistas da Schroders.

Títulos de catástrofe permitem que os investidores apliquem um dinheiro que poderá ser utilizado para cobrir perdas causadas por grandes catástrofes, em troca de pequenos pagamentos regulares, com um retorno de investimento atraente.