Lote-padrão menor trará mais diversificação e liquidez a investidor de ETF

Bolsa reduziu número de cotas de lote-padrão de cem para dez, o que trará mais vantagens ao pequeno investidor

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – A BM&F Bovespa anunciou na terça-feira (20) que vai reduzir, a partir de agosto, o número de cotas do lote-padrão dos fundos de índice, conhecidos como ETFs. O investidor poderá adquirir lotes de dez cotas, e não de cem, como era previsto. A mudança trará vantagens às pessoas físicas que apostam neste mercado.

Os fundos de índices são aqueles que buscam obter retorno semelhante ao de determinado índice e têm cotas negociadas na bolsa.

De acordo com o educador financeiro e fundador do Centro de Estudos e Formação de Patrimônio Calil e Calil, Mauro Calil, uma das vantagens será o aumento da liquidez das cotas destes fundos. “É como quando uma empresa faz split de suas ações: você tem um papel que vale R$ 100 e depois passa a ter dois que valem R$ 50”, explicou. Desta forma, fica mais fácil comprar e vender.

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O mercado de ETFs tem liquidez, mas ela é maior em determinados produtos, da mesma forma que ocorre com as ações, já que existem algumas mais negociáveis do que outras.

Diversificação
Outra vantagem da medida anunciada pela bolsa, de acordo com Calil, é que permite uma maior diversificação por parte do investidor. Se, antes, ele tinha um valor limitado e, por isso, investia em apenas um fundo, agora, ele pode dividir esse valor e investir em outros fundos nos quais acredita em retorno.

“A pessoa podia fazer isso ao comprar no mercado fracionário, mas a liquidez é bem baixa”, explicou o educador.

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Na verdade, os ETFs, por si só, já promoviam a diversificação. Isso porque, ao escolher um fundo de índice, o investidor aplica, ao mesmo tempo, em uma carteira de ações de diferentes companhias, o que remete a uma diversidade maior para o portfólio e também a um risco menor de perda.

Além da diversificação, uma outra vantagem apontada para os ETFs é que o investidor não precisa administrar todas as ações individualmente nem arcar com o custo para comprá-las e vendê-las de forma a manter a composição do índice de referência.

Os fundos
A bolsa oferece os fundos de índice desde o final de 2008. Cabe a ela fornecer a plataforma para a listagem, compra e venda do ativo, enquanto o gestor do fundo é o responsável por replicar a performance do índice de referência.

Segundo Calil, a intenção do gestor é “bater no zero a zero” com o índice de referência. “No longo prazo, tende a acontecer isso, mas não necessariamente. Isso porque o gestor tem a carteira igual à do índice, mas imagine se todo mundo vender a cota. Então ela vai cair, mesmo se o Ibovespa estiver subindo”, explicou, sobre o que pode influenciar os ganhos dos investidores.

O administrador do fundo é responsável por emitir e resgatar as cotas da modalidade. As corretoras, por sua vez, são autorizadas a emitir e resgatar lotes mínimos de ETFs, relacionando-se diretamente com o administrador. São elas que o investidor deve procurar, quando estiver interessado em investir na modalidade.

Custos
Um dos argumentos da bolsa para diminuir o lote-padrão dos fundos de índice é aumentar a participação das pessoas físicas neste mercado. Mas, de acordo com Calil, para isso, ainda é preciso que se reduzam os custos envolvidos na operação.

A vantagem do ETF, frente a um fundo de investimento em ações, é que ele tem taxa de administração menor e não tem taxa de performance, mas ele possui taxa de corretagem e de custódia.

Calil afirmou que esses fundos são indicados para quem quer entrar na bolsa e tem pouco dinheiro, mas o problema é ter de arcar com estes custos. “Seria legal se a corretagem fosse percentual e se não houvesse taxa de custódia”, afirmou, completando que isso abriria espaço para mais pessoas físicas neste mercado.

O total de pessoas físicas nos fundos de índice negociados na bolsa foi de 23% no mês de junho, quando o volume negociado ficou em R$ 515,30 milhões.