Longe das ações, classe média alta brasileira se mostra conservadora

Depois de ter conquistado o dinheiro "suado" do trabalho, eles querem formar patrimônio, mostram dados

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – Os brasileiros de classe média alta ainda são conservadores na forma de investir e evitam produtos com maior risco, resultado de uma falta de educação financeira e da busca por segurança, depois de ter conquistado o dinheiro “suado”.

De acordo com o diretor presidente do Instituto de Pesquisas Fractal, Celso Grisi, 97,7% da classe média alta brasileira investe em artigos que irão usar. “Eles buscam primeiro formar um patrimônio para ter segurança”, ponderou.

Depois disso, a classe média alta volta as suas atenções para a aplicação em imóveis, para poder receber um rendimento quando pararem de trabalhar como autônomos ou assalariados. “Isso mostra o perfil conservador deles”.

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Produtos financeiros
Após formar patrimônio e investir em algumas propriedades, esses brasileiros partem para os produtos financeiros. É nesta hora que a maioria deles pensa na tradicional e conservadora poupança, destino do dinheiro de 55% deles.

O título de capitalização, que nem sequer é considerado investimento por muitos economistas, está como o segundo item mais citado: um terço das pessoas que ganham mais de R$ 4 mil por mês direciona um dinheiro para ele. “É considerado um investimento por eles por ser uma forma de fazer poupança”, explicou Grisi.

Na sequência, a classe média alta investe em fundos de renda fixa (28% afirmaram isso), em fundos DI (22%), em CDBs (18%) e, depois, em fundos de ações (16%).

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Longe das ações
A renda variável é opção de 8,8% dos aplicadores de classe média alta, embora o percentual tenha subido nos últimos anos, já que em 2010 estava em 5,6%. Entre os motivos para a pouca popularidade da bolsa nesta faixa de renda está o risco, pouco conhecido por esta população.

“A formação de patrimônio desta população vem de salário ou ganhos dos autônomos. É um dinheiro suado que não deve ser posto em risco para eles. Quem assume risco é uma pequena parcela”, disse Grisi, para quem a maioria deles sequer conhece os riscos da renda variável.

Esta falta de conhecimento, de acordo com ele, mostra a ineficiência do sistema financeiro em promover a diversificação dos investimentos, que acaba sendo mais direcionadas aos brasileiros que possuem grandes fortunas.

“Permanece essa oportunidade de mercado principalmente para os bancos, que contam com uma rede grande de agências e com a figura do gerente para fazer contatos”. Desta forma, os investidores de ações se restringem aos institucionais, estrangeiros e aos brasileiros mais ricos.