Juros e dólar em alta e Bolsa em queda: quais as oportunidades para investir hoje?

Especialistas da XP e da Veehda Investimentos compartilharam suas visões sobre o cenário durante live do InfoMoney

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O investidor brasileiro enfrentou uma semana de grandes emoções no mercado financeiro em meio às preocupações com o risco fiscal no país. O Ibovespa encerrou a semana com queda de 7,3%, enquanto o dólar subiu 3,2%.

Em um ambiente de maior volatilidade, que tende a ficar ainda mais desafiador nos próximos meses, diante da proximidade das eleições, como o investidor brasileiro deve se comportar?

Na avaliação de especialistas consultados pelo InfoMoney, embora o momento possa exigir uma revisão do portfólio e maior parcimônia nas decisões financeiras, o investidor que tiver maior apetite ao risco pode aproveitar as baixas da Bolsa para encontrar oportunidades.

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“Estamos acreditando em uma mudança de regime político-econômico, fiscal, e tentando entender o impacto disso nos indicadores econômicos. Mas não tem motivo para pânico. É uma mudança na forma como vamos encarar o cenário macro, de forma geral, com aumento de custo de capital e de endividamento das empresas. Mas há oportunidades”, disse Rodrigo Sgavioli, head de alocação e fundos da XP Investimentos, durante live do InfoMoney nesta sexta-feira (22) (confira acima).

Segundo ele, o ideal no momento é não fazer mudanças muito abruptas no portfólio, dada a incerteza e volatilidade nos mercados, que pode resultar em perdas para o investidor.

Queda como oportunidade

Rodrigo Marcatti, sócio-fundador da Veedha Investimentos, que também participou da conversa, recomenda que o investidor avalie o portfólio e a exposição ao risco, revendo a fatia alocada em cada classe de ativos, entendendo se está adequada ao seu perfil.

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Segundo ele, para o investidor com foco no longo prazo, que já conhece a dinâmica do mercado e se mostrou bem disciplinado durante a crise, o momento oferece uma grande oportunidade para investir na Bolsa, dados os múltiplos atrativos.

Para quem não consegue dormir tranquilo com as posições e é mais sensível às variações do mercado, contudo, é melhor ficar de fora pelo menos durante os próximos 12 meses, diz.

“Já estávamos antecipando um aumento da diversificação e alocação internacional, porque sabíamos que esse período pré-eleitoral seria tenso. Só não imaginávamos que a primeira rodada do jogo já seria ruim”, brinca.

Sgavioli, da XP, chama atenção para o prêmio de risco favorável em algumas empresas da Bolsa quando sob uma análise microeconômica, o que abre oportunidade para investidores que aceitam um risco maior no curto e médio prazo, com foco em retornos no futuro.

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“Nesse momento estamos fazendo conta. Alguns calls não vão mudar; o setor com exposição a commodities, por exemplo, está vivendo um rali que enxergamos que ainda tem espaço para andar mais”, disse.

Por outro lado, avalia, companhias ligadas ao varejo podem sofrer, dado que são mais sensíveis aos indicadores da economia, como perda de renda do trabalhador, pressão inflacionária, desemprego, entre outros.

“Na renda variável hoje, o ‘stock picking’ [escolha a dedo dos papéis] vai ser extremamente importante. Mais do que estar na Bolsa, o investidor vai ter que trabalhar para entender no detalhe cada papel, setor e, assim, saber quem será mais beneficiado ou afetado pelo provável novo regime”, disse o especialista da XP.

Marcatti chama atenção para os papéis de blue chips lastreadas em commodities, como Suzano (SUZB3), que é uma exportadora e tende a se beneficiar da valorização do dólar. Nesta sexta (22), as ações da companhia estavam entre as maiores altas do Ibovespa.

Diversificação na renda fixa

Para o investidor que quer diminuir a exposição ao risco na carteira mas, ao mesmo tempo, quer ter um retorno adicional ao encontrado em aplicações mais conservadoras, títulos públicos atrelados à inflação são uma boa alternativa, segundo os especialistas.

Marcatti, da Veedha, avalia que os prêmios mais atrativos hoje encontram-se nos títulos mais longos, como 2028 a 2030. A avaliação é a de que a inflação deve arrefecer no longo prazo, buscando um juro de equilíbrio.

Sgavioli, da XP, destaca que os ativos pós-fixados podem oferecer melhores retornos por conta do aumento da taxa Selic, mas que a forte alta da inflação tende a corroer boa parte da rentabilidade. Isso porque o IPCA já acumula alta de dois dígitos em 12 meses até setembro.

No caso dos títulos públicos atrelados à inflação, os chamados Tesouro IPCA+, Sgavioli destaca que são papéis que chacoalham até o vencimento e que, por conta dessa maior volatilidade, o recomendado é mantê-los até o vencimento.

“Os títulos mais longos que pagam a inflação mais uma taxa de 5% a 6% ao ano oferecem uma boa oportunidade, mas é preciso entrar com uma cabeça de que, talvez, você terá que ‘casar’ com esse ativo”, diz.

Outra opção na renda fixa, segundo ele, são os fundos de crédito privado do tipo “high grade”, que contam com a gestão de profissionais e oferecem uma carteira com títulos com alta qualidade de crédito e, portanto, menor risco.