J.P.Morgan corta recomendação para títulos de dívida da Petrobras

Banco rebaixou os bonds da estatal de "overweight" para "neutro", diante do risco de aumento da interferência do governo

Mariana Zonta d'Ávila

(Getty Images)

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SÃO PAULO – Diante de um cenário incerto com o aumento dos riscos de interferência do governo Jair Bolsonaro em companhias estatais, o J.P.Morgan divulgou relatório nesta segunda-feira (22) em que rebaixou a recomendação aos papéis de renda fixa da Petrobras negociados no exterior (bonds) de “overweight” (acima da média do mercado, equivalente à compra) para “neutro” (manutenção).

No documento, a analista Barbara Halberstadt, que assina o relatório, conta que, assim como a maior parte do mercado, ficou surpresa com a nomeação do novo CEO da Petrobras, e que vê a interferência do governo como negativa para o risco de crédito dos papéis da empresa.

Embora o presidente Bolsonaro tenha manifestado insatisfação com os recentes aumentos nos preços da gasolina e do diesel, o relatório aponta que a expectativa no banco era de que o governo não faria intervenções diretas na composição da diretoria da empresa, tendo em vista a defesa da pauta liberal da atual equipe econômica que o aconselha.

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O relatório diz ainda que, após a redução da percepção de risco de interferência política nos últimos anos, especialmente relacionada ao controle de preços, as sinalizações recentes do presidente da República trazem de volta o medo de ingerência na política comercial da empresa.

“No passado, o controle de preços levou a Petrobras a incorrer em perdas significativas, e, consequentemente, a deterioração importante de sua saúde financeira”, escreve a analista do banco.

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Ainda tem mais

Segundo a especialista do J,P. Morgan, apesar dos spreads baixos frente aos papéis do governo federal, os rendimentos dos títulos da Petrobras eram atrativos em termos nominais, principalmente quando comparados com outros de classificação “BB” na região da América Latina. Isso até o recente evento envolvendo a companhia.

Agora, a avaliação é de que é necessário exigir um prêmio maior em relação ao título soberano, ao menos até que haja mais clareza sobre a estratégia de negócios da estatal.

“Ainda estamos confortáveis em manter os bonds [da Petrobras], dado o tamanho da empresa, sua posição de liquidez e o sólido balanço e esperamos geração de caixa positiva neste ano, mas acreditamos que os preços ainda não precificam totalmente o aumento de risco de interferência do governo e a incerteza sobre a continuidade da estratégia de negócio”, escreve Barbara no relatório, em que diz ainda que possíveis mudanças no plano de venda de ativos também seriam negativas, com impacto negativo para a redução da alavancagem.