Itaú lança ETF com títulos públicos com aplicação mínima de R$ 67; conheça

Novo fundo de índice buscará refletir o desempenho do IMA-B, com rendimento atrelado a uma carteira com diferentes vencimentos de Tesouro IPCA+

Mariana Zonta d'Ávila

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SÃO PAULO – O investidor conservador agora tem mais uma opção para diversificar seus investimentos. Após o lançamento em setembro do ano passado do ETF de renda fixa da Mirae Asset, que busca replicar uma carteira de títulos prefixados, o Itaú Unibanco anunciou nesta segunda-feira (20) o início das negociações de sua versão do produto em parceria com o Tesouro Nacional.

Sigla para Exchange Traded Funds, o ETF é um fundo de índice negociado em bolsa composto por uma cesta de ativos, no caso em questão, títulos públicos. Ele permite ao investidor replicar o desempenho de um índice (que pode ser de renda fixa ou variável), sem precisar aplicar individualmente em cada papel, diversificando seu portfólio com uma única operação.

Denominado “It Now ID ETF IMA-B Fundo de Índice”, o novo fundo de índice do Itaú buscará refletir o desempenho do IMA-B da Anbima. Dessa forma, o rendimento estará atrelado a uma cesta com diferentes vencimentos de Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B), título público com uma parte do retorno fixa e outra indexada à inflação.

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Em outras palavras, trata-se de um investimento híbrido, que mescla juro real e juro nominal. O rebalanceamento do ETF e o eventual reinvestimento de cupons distribuídos pelos papéis (quando houver) serão feitos pelo gestor, periodicamente.

Negociado sob o código IMAB11, a cota do novo fundo de índice começou negociada ao valor de R$ 67,50. Além da baixa aplicação inicial, o ETF oferece como vantagem o custo operacional, com uma taxa de administração de 0,25% ao ano, além da ausência de “come-cotas” e de cobrança de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) em caso de resgates feitos nos primeiros 30 dias do investimento. O Imposto de Renda, é de 15% sobre o lucro no momento da venda das cotas, independentemente do período aplicado.

Por outro lado, o investidor precisa estar atento aos emolumentos cobrados pela Bolsa e às taxas de corretagem.

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“O lançamento do IMAB11 no Brasil é a conclusão da primeira etapa de um trabalho iniciado há oito anos com a criação de um produto inovador. Estamos confiantes de que ele contribuirá para o desenvolvimento do mercado de títulos em moeda local e servirá de exemplo de inspiração para a criação do produto por outros países”, afirmou Anderson Caputo Silva, gerente global de finanças de longo prazo do Banco Mundial, instituição que apoiou a criação do produto, durante evento de lançamento em São Paulo.

Alta demanda

A oferta do mais novo ETF foi concluída pelo Itaú com a emissão de 29,6 milhões de cotas, totalizando uma captação de R$ 1,998 bilhão, valor que superou em larga escala a expectativa, de colocação mínima de R$ 300 milhões.

Segundo Arlindo Penteado, head de vendas da Itaú Asset, 40% da oferta foi destinada ao investidor pessoa física, que somou pouco mais de 2 mil cotistas. “Esse conjunto de investidores foi muito importante, principalmente porque muitos não tinham conta em corretora”, disse Penteado.

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Com relação aos investidores institucionais, que representaram 60% da oferta, a expectativa é de que invistam mais após o IPO. “Nosso foco principal é a pulverização do passivo por vários investidores”, afirmou.

Por mais que a queda dos juros no Brasil tenha tirado o brilho dos produtos de renda fixa, Gilson Finkelsztain, presidente da B3, disse que o lançamento do ETF acontece em um momento muito bom e que é apenas o começo de uma prateleira de 40 produtos que estão no radar.

“O juro baixo é relativo. Nosso juro é baixo em relação ao que foi no passado, mas ainda é muito alto em relação ao resto do mundo. Se a gente fizer o dever de casa, com a meta da inflação indo para baixo de 4% daqui a dois anos e o juro real convergir para algo um pouco mais alinhado com o juro real em economias mais desenvolvidas, nossa percepção é de que os juros estejam altos para o que pode vir”, afirmou.

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Novos ETFs no horizonte

Segundo Finkelsztain, a expectativa é de criação de fundos de índice híbridos, que combinem títulos públicos e privados. “Eu sou um grande entusiasta. O produto tem um grande potencial e gostaria que tivessem novos ETFs, porque há uma demanda reprimida”, afirmou.

José Franco, subsecretário da dívida pública do Tesouro Nacional, destacou que o mercado brasileiro tem uma carência de prefixados justamente pela restrição maior de volatilidade por parte do investidor. O grande desafio na criação de um produto com títulos privados, contudo, estaria na liquidez.

Apesar de estar otimista com a classe de ETFs, Franco ressaltou que o Tesouro não tem interesse em desenvolver outros produtos do gênero no curto prazo. “Pode ser que ocorra a criação de novos ETFs, sem necessariamente ter a participação do Tesouro.”

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Já o Itaú indicou que quer trazer novos ETFs para o mercado brasileiro, mas que o crescimento está muito associado à educação financeira e ao desenvolvimento da indústria de advisors no país.

Liquidez e aluguel

Segundo a B3, o novo ETF permite a realização de operações day trade e movimentações táticas, dada a liquidez diária. A expectativa é que os investidores possam operar “vendidos” (com aposta de baixa) no novo produto a partir do segundo semestre deste ano.

Aguardado há muito tempo pelo mercado, o ETF do Tesouro é o segundo de renda fixa negociado no Brasil. O pioneiro foi o da Mirae Asset (FIXA11), que replica o S&P/B3 Índice de Futuros de Taxas de Juros, portanto acompanha o retorno de uma carteira teórica composta por contratos futuros de DI com vencimento de três anos (juros prefixados).

O que são os ETFs?

Os Exchange Traded Funds funcionam como um mix entre fundos e ações: como fundos, representam uma seleção de títulos ou ativos, mas, como ações, têm as cotas negociadas em bolsa. Ao adquiri-las, o investidor passa a deter, indiretamente, todos os títulos da carteira teórica, sem ter de comprá-los separadamente no mercado.

No Brasil, existem agora 16 ETFs listados em Bolsa, sendo o mais conhecido o BOVA11, que replica a variação do Ibovespa. Enquanto no ETF de ações os ganhos partem do desempenho dos papéis, no fundo de índice de renda fixa, a rentabilidade é calculada com base na variação diária dos títulos públicos.

Embora ainda seja pequeno, o mercado de ETFs tem ganhado cada vez mais espaço no Brasil. Até abril, o patrimônio do produto somava R$ 15,3 bilhões, um aumento de 58% em relação ao mesmo período de 2018.

O número de investidores pessoas físicas também tem crescido, ainda que sua participação no mercado permaneça pouco expressiva. Hoje são 10.316 CPFs cadastrados, um aumento de 21% na comparação anual.

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