Itaú BBA vê Covid-19 como variável mais importante para bolsa por reflexo fiscal e no PIB

Equipe do banco de investimento prevê o Ibovespa aos 135 mil pontos no final do ano, com a taxa Selic em 5,5%

Reuters

(Pixabay)

Publicidade

SÃO PAULO (Reuters) – A pandemia de Covid-19 é variável mais importante para analisar como será a performance da bolsa brasileira, em razão dos potenciais efeitos no crescimento econômico e o quadro fiscal do país, avalia o estrategista-chefe do Itaú BBA, Marcelo Sa.

Uma continuidade de aumento de casos e mortes em decorrência do coronavírus pode significar novas restrições, com potenciais reflexos no PIB, além de mais recursos para balancear os efeitos econômicos e no sistema de saúde, elevando o risco fiscal.

“A visão sobre a situação fiscal e o crescimento de PIB é o que vai ditar para aonde as ações vão”, afirmou Sa, que assumiu a área em fevereiro.

Aula Gratuita

Os Princípios da Riqueza

Thiago Godoy, o Papai Financeiro, desvenda os segredos dos maiores investidores do mundo nesta aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Dados mais recentes do Ministério da Saúde, mostram que o total de mortos da doença no país alcançava até a véspera 279.286 pessoas, com o total de infecções em 11.519.609.

Enfrentando seu pior momento na pandemia, o Brasil é o país que registra atualmente os maiores números diários de mortes e infecções notificadas no mundo na média dos últimos sete dias, de acordo com contagem da Reuters.

Apesar do sentimento mais negativo para a bolsa no curto prazo, em meio à piora macroeconômica e expectativa negativa para a safra de balanços do segundo trimestre no país, por causa da pandemia, Sa espera um ambiente melhor no segundo semestre.

Continua depois da publicidade

Na semana passada, a equipe de economia do Itaú Unibanco revisou projeção de crescimento do PIB para 3,8% em 2021 (ante 4%) e elevou a de inflação para 4,7% (ante 3,8%). Para a taxa de câmbio, a expectativa é de 5,30 reais por dólar no final do ano.

Entre os componentes que “jogam a favor” na segunda metade do ano, o estrategista destaca a recuperação na economia global em andamento, principalmente China e Estados Unidos.

No cenário norte-americano, ele cita a perspectiva de grande parte da população estar vacinada neste semestre, a aprovação do pacote econômico de 1,9 trilhão de dólares e manutenção, por ora, dos juros – quadro que tende a beneficiar commodities.

Continua depois da publicidade

Em relação ao Brasil, ele destacou uma certa estabilização do risco fiscal com a aprovação da PEC Emergencial, assim como novos contratos para compra de vacinas contra o coronavírus, que devem chegar nos próximos meses.

“Quando aumentar o ritmo de vacinação, vamos começar a ver uma luz no fim do túnel, que é algo que hoje está difícil de verificar”, afirmou.

O Itaú BBA prevê o Ibovespa a 135 mil pontos no final do ano, conforme estimativa divulgada no mês passado, que revisou a projeção anterior, de 118 mil. Nesta terça-feira, o Ibovespa oscilava ao redor dos 114 mil pontos.

Publicidade

Brasília

No que diz respeito à recente reviravolta na cena eleitoral para 2022, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recuperando direitos políticos, Sa destaca que ainda há muitas variáveis em aberto.

“Uma dúvida que se tem é se a entrada de Lula (na corrida presidencial) inviabiliza um candidato de centro, mas ninguém tem essa resposta ainda”, afirmou.

Outro questionamento, que reforça o foco no quadro fiscal do país, acrescenta, é se o governo de Jair Bolsonaro buscará a pauta mais liberal ou se irá por um caminho com menor controle da parte fiscal para tentar buscar uma reeleição.

Continua depois da publicidade

Estrangeiros

Quanto às reformas, Sa observa engajamento para aprovar a administrativa, enquanto se diz “não tão otimista” para a tributária, que considera mais complexa. O que pode passar neste ano, estima, são microreformas, com a autonomia do Banco Central.

“Seria algo bem importante para investidores estrangeiros ter alguma reforma sendo aprovada”, afirma o estrategista do Itaú BBA, após forte saída de capital externo da bolsa neste ano depois do episódio de interferência de Bolsonaro no comando da Petrobras.

“Os estrangeiros estão olhando a questão fiscal e os próximos passos.”

Publicidade

Após saldo positivo de 23,6 bilhões de reais de capital externo no segmento Bovespa em janeiro, as saídas superaram as entradas em 6,8 bilhões de reais em fevereiro e continuam prevalecendo em março, em 2,1 bilhões de reais.

IPOs

Sa não descarta que novas empresas desistam de planos de IPO, em particular se o cronograma de precificação coincidir com momentos de maior volatilidade ou tensão nos mercados, mas enxerga um fluxo de operações ainda muito forte.

Nem a esperada elevação da Selic neste ano, na visão dele, tende a frear essas operações, assim como não deve reverter a tendência de migração de investidores para a bolsa, uma vez que o juro real continuará muito baixo.

O Itaú espera que o Banco Central eleve a taxa básica de juros Selic, atualmente em 2% ao ano, em 0,5 ponto percentual na quarta-feira, acelerando o ritmo ao longo do ano e terminando 2021 em 5,5% ao ano.

“Não acho que inviabiliza esse movimento de bolsa”, afirmou. A B3 encerrou 2020 com 3,26 milhões de investidores ativos, quase o dobro do registrado um ano antes, com 407 empresas listadas, de 391 companhias no final de 2019.