Investidores perdem dinheiro de 3 formas com intervenção no Cruzeiro do Sul

Quem comprou ações, CDB ou DPGE da instituição poderá ter perdas com decisão do Banco Central

João Sandrini

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SÃO PAULO – A decisão do Banco Central de decretar a intervenção no Banco Cruzeiro do Sul (CZRS4) e de nomear o Fundo Garantidor de Crédito (FGC) como administrador temporário da instituição financeira deve prejudicar os investidores que aplicaram dinheiro no banco de diversas formas.

O impacto já foi sentido na BM&FBovespa. Circulam no mercado 24,7 milhões de ações preferenciais (sem direito a voto) da instituição. Os papéis acumulam queda de 46,1% nos últimos 12 meses, o que derrubou o valor de mercado do banco para R$ 1,039 bilhão. As maiores perdas ocorreram depois de 30 de maio, quando o mercado ficou sabendo dos problemas de liquidez do banco da família Índio da Costa – apenas no dia 31, as ações do banco despencaram 25,23%.

Até o final de semana, ainda existia a expectativa de que o BTG Pactual (BBTG11) pudesse comprar a instituição. Somente nesta segunda-feira é que o mercado foi informado que as negociações não prosperaram, o que obrigou o BC a decretar a intervenção.Os papéis tiveram as negociações suspenas na BM&FBovespa por tempo interminado, mas podem reagir negativamente à intervenção quando voltarem a circular.

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Mas não são apenas os investidores que detinham ações do Cruzeiro do Sul que podem ter de assumir pesadas perdas. Segundo o último balanço divulgado ao mercado, o banco havia captado até o final do primeiro trimestre R$ 3,634 bilhões por meio de CDB (certificado de depósito bancário). Na prática, quem investe em CDB empresta dinheiro a uma instituição financeira em troca de uma taxa de juros. Neste momento, não se sabe se haverá dinheiro suficiente para o banco pagar todas as dívidas.

Em seu último balanço, o Cruzeiro do Sul afirma que tinha um patrimônio líquido de R$ 1,146 bilhão. Os números são contestados pelo BC. Segundo reportagem publicada hoje no jornal “O Estado de São Paulo”, o Cruzeiro do Sul tem um rombo de R$ 1,3 bilhão. Já de acordo com o “Valor”, considerando inconsistências contábeis de R$ 1,5 bilhão, o patrimônio líquido seria negativo em R$ 400 milhões.

Se não encontrar dinheiro para tapar esse buraco, o banco poderá ter a liquidação decretada. Nesse caso, o FGC garante os investimentos de quem comprou CDB até o limite de R$ 70 mil por pessoa física. Então quem investiu R$ 100 mil em CDB do Cruzeiro do Sul, por exemplo, receberá de volta R$ 70 mil do FGC e poderá perder até R$ 30 mil caso os créditos a receber do banco não sejam suficientes para arcar com todas as obrigações.

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O mesmo vale para os investidores institucionais que compraram DPGE (Depósito a Prazo com Garantia Especial do FGC) do Cruzeiro do Sul. No último balanço, o Cruzeiro do Sul informou que havia captado R$ 2,286 bilhões com DPGE. Se o banco quebrar, os fundos e investidores que compraram esses papéis receberão o dinheiro aplicado de volta até o limite de R$ 20 milhões. À medida que o prazo de vencimento desse tipo de papel é alcançado, o FGC vai liberando os recursos aos investidores.

Ainda no balanço do Cruzeiro do Sul, é possível constatar que outros bancos brasileiros e investidores estrangeiros podem ter perdas com a intervenção na instituição. O banco captou R$ 2,896 bilhões com a venda de títulos no exterior. Já as eventuais perdas de bancos brasileiros seriam menores. Em 31 de março, o Cruzeiro do Sul havia captado R$ 244 milhões com depósitos interfinanceiros e R$ 1,512 bilhão com cessão da carteira de crédito a outros bancos.