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Investidores da América Latina fogem de emergentes e apostam nos EUA e no dólar para diversificar; por quê?

Levantamento mostra que apenas a renda fixa de mercados emergentes entra nas carteiras. Demais diversificações são em mercados desenvolvidos

Monique Lima

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Investidores da América Latina não investem em ações de mercados emergentes. Suas preferências são por ações dos Estados Unidos e diversificação em dólar. Esta é a conclusão de um levantamento feito pela Janus Henderson com cerca de 5 mil clientes globais.

“Isso provavelmente reflete o quanto as economias latino-americanas são dolarizadas e pode indicar um viés de segurança, o que significa que poupar e investir em dólares é mais seguro do que manter ativos na moeda local”, destaca o estrategista sênior da Janus Henderson, Mario Aguilar.

Segundo ele, a força do dólar norte-americano é importante para as carteiras latinas, uma vez que as moedas locais tendem a perder valor em relação à divisa dos Estados Unidos no longo prazo.

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A desvalorização do dólar nos últimos meses – desde janeiro a moeda norte-americana perdeu 9,45% do valor frente ao real – é vista como algo positivo pelos investidores, conforme o relatório. Isso porque é possível comprar mais dólares e proteger o dinheiro em uma moeda historicamente mais forte.

Outra característica própria dos investidores latino-americanos é a opção por investir em fundos multimercados para diversificação. Estes fundos alocam em ações, renda fixa e derivativos dentre de uma mesma carteira. Na Europa e nos Estados Unidos, os investidores preferem investir em fundos de ativos únicos, específicos de um produto, segundo Aguilar.

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Dentro das possibilidades de alocação dos Estados Unidos, a principal escolha dos investidores latinos são as ações de grandes empresas americanas, principalmente as de tecnologia. Entretanto, o relatório aponta que houve um aumento no interesse por ações europeias nos últimos tempos.

Já a exposição a mercados emergentes é menor em comparação aos principais índices globais e aos portfólios de clientes de outras regiões. Aguilar afirma que “isso provavelmente ocorre porque esses investidores são de mercados emergentes e desejam diversificação além de suas próprias economias e/ou de economias semelhantes à sua.”

Carteira latina

A Janus Henderson analisou cerca de 15 mil portfólios de mais de 4.700 clientes. As carteiras de clientes da América Latina, classificadas como de perfil moderado, variavam suas alocações em ações entre 45% e 65%. A divisão média era a seguinte:

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A alocação em fundos foi considerada alta pelos analistas e é considerada um investimento diferente do feito diretamente em ações ou em fundos que só investem em ações. Dentro desta categoria, mais da metade das posições são concentradas nos Estados Unidos, segundo o levantamento da Janus. O restante se divide entre Europa, Reino Unido e ações da Ásia-Pacífico.

A diversificação dos investimentos em ações nos Estados Unidos abarca empresas de crescimento, empresas diversificadas, grandes companhias de valor e também pequenas e médias empresas, segundo Aguilar.

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A exposição a mercados emergentes é limitada e representa cerca de 4% dos investimentos em ações, conforme o levantamento. “Nesse conjunto, cerca de 0,65% está em ações de mercados emergentes globais e outros 0,55% em ações específicas da China”, diz o estrategista da Janus.

O levantamento não conseguiu verificar a exposição dos clientes aos títulos de renda fixa, “pois são gerenciados nas próprias contas domésticas e não misturados com as carteiras que os clientes usam para investir em offshore”, diz o levantamento. Entretanto, eles verificaram em conversas com os clientes que a preferência é por títulos locais, não estrangeiros.

Para renda fixa, “os rendimentos internos nos países da América Latina são significativamente maiores do que os oferecidos nos Estados Unidos e na Europa”, afirma Aguilar.