Investidor de crédito privado precisa ter visão de médio e longo prazo

O diretor-executivo da Fitch, Ricardo Carvalho, diz que empresas fazem dever de casa, evitando "ciclo de downgrade" nos ratings

Suzana Liskauskas

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SÃO PAULO – Mesmo em meio a um cenário de risco fiscal e pressão inflacionária, trazendo instabilidade ao mercado financeiro, o cenário para o crédito privado segue positivo. O investidor de renda fixa, porém, precisa ter uma visão de longo e médio prazo.

Segundo o diretor-executivo da Fitch Ratings, Ricardo Carvalho, as empresas passaram a entender o valor da liquidez para os credores e vêm fazendo muito bem o seu dever de casa, o que, em sua visão, evita “um ciclo de downgrade” nos ratings das companhias.

“A ideia é que o rating não seja uma montanha russa. O investidor não precisa disso”, afirmou, durante o painel “Crédito privado: uma visão dos setores e oportunidades nesse mercado”, durante a Semana da Renda Fixa, realizada pela XP.

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“A visão precisa ser de médio e longo prazo para se ter um pouco mais de certeza”, acrescentou Carvalho.

Renda fixa: olhando à frente

Conforme o diretor-executivo da Fitch Ratings, um bom exemplo são as empresas do setor de shoppings, que, em cenários normais, são empresas com forte potencial de geração de caixa, mas que “sofreram muito com a pandemia”.

Entretanto, ele reforçou, há uma recuperação rápida em andamento. “Quando se olha para 2022 e 2023, mesmo em ambientes um pouco mais desafiadores, essas empresas vão retomar e serão grandes geradoras de caixa”, destacou Carvalho.

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Na visão do diretor-executivo da Fitch Ratings, é preciso entender as empresas em um horizonte com prazos mais alongados.

“Toda vez que a gente fala de rating tem alguns fatores-chave na nossa análise. A primeira questão é que ambiente de negócio a gente vai enxergar daqui para frente”. Em seguida, afirmou, é preciso analisar a direção da geração de caixa.

“Essas coisas correm associadas. É preciso entender dentro de um horizonte maior, seja pela pandemia, por questões de investimento ou de fusões e aquisições”, disse Carvalho.

Demanda por crédito privado

Percepção semelhante tem André Giannini, sócio e parte do time de análise de crédito da XP, que também participou do painel, mediado por Franciso Lobo, analista de renda fixa da XP.

“Com relação a liquidez, algumas empresas fizeram o dever de casa até bem demais. Vejo também um mercado muito aquecido em fusões e aquisições. Vimos grandes movimentos como o Carrefour comprando os ativos do Big no Brasil e a Rede D´Or com o crescimento acelerado, mesmo no cenário de pandemia”, disse Giannini.

Essa movimentação, na visão de Giannini, aumenta a demanda de recursos, porque são movimentos que as empresas não fazem com capital próprio.

Adicionalmente, à medida em que se alavanca parte desse movimento, se tem um mercado de dívida privada mais aquecido, afirmou Giannini.

Mercado de capitais

Outro cenário que tem aumentado o otimismo em crédito privado está relacionado às emissões no mercado de capitais.

Segundo Giannini, enxerga-se um aumento de emissões de empresas já estabelecidas no mercado de capitais, que podem elevar seu apetite de crédito para financiar projetos específicos em prazos que antes não eram comuns.

“Estamos vendo várias emissões saindo na linha de 15 anos”, exemplificou Giannini.

Para Carvalho, esse alargamento da base de emissores é muito favorável, já que normalmente o volume de empresas era mais limitado no Brasil – só nomes tradicionais emitindo, enquanto as empresas menores tinham como fonte principal as linhas de crédito.

“O mercado entendeu que, com uma base maior, os níveis de riscos são diferenciados. Faz todo sentido expandir essa base”, enfatizou Carvalho.

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