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Intercâmbio: confira melhor forma de mandar dinheiro para quem estuda fora e vistos que permitem trabalhar

Vistos acadêmicos permitem direito ao trabalho por ao menos um ano; IOF é diferente para cada tipo de transferência de recurso ao exterior

Ana Paula Ribeiro

Formatura de estudantes (Shutterstock)

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Estudar nos Estados Unidos  ou enviar os filhos para lá com essa finalidade requer um planejamento que vai além da escolha da cidade e do curso. Saber como fazer enviar recursos para manter o estudante ao longo do período e avaliar a possibilidade de permanecer no país após a conclusão do curso – sim, isso é possível – deve também estar no radar do candidato ou de quem irá bancá-lo.

O primeiro passo é saber qual o tipo de visto será preciso providenciar, já que eles variam a depender do tipo de curso – se intercâmbio cultural, cursos acadêmicos ou vocacionais, que são mais técnicos.

Para os estudos acadêmicos, que incluem ensino médio, de línguas, graduação e pós-graduação, o visto requerido é o F-1. Essa permissão pode dar alguns benefícios ao estudante, como o direito a trabalhar, mas há limitações e regras para que isso aconteça.

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Quem está fazendo uma graduação ou pós-graduação pode fazer um estágio remunerado pelo prazo de um ano após a conclusão do curso, dentro do que é chamado de OPT (sigla em inglês para Treinamento Prático Opcional).

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Leonardo Freitas, CEO da consultoria de imigração Hayman-Woodward, explica que após a conclusão do curso, o estudante tem 90 dias para encontrar o estágio remunerado. O prazo de 12 meses começa a valer a partir do início do contrato e é necessário preencher um formulário dizendo qual é o empregador.

O período que é possível ficar trabalhando nos Estados Unidos sobe para 36 meses se o curso for de alguma das áreas conhecidas como STEAM, sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática.

“A vantagem desse tipo de visto e a possibilidade de estágio é que o empregador pode se interessar pelo trabalho do estudante e patrocinar o visto permanente, que é o green card. Muita gente faz isso porque os Estados Unidos estão precisando de talentos em determinadas áreas”, explica Feita.

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Outro tipo de visto é o que precisa ser pleiteado para quem vai fazer um curso vocacional, como os da área gastronômica, cosmetologia ou assuntos ligados a área elétrica, entre outros. Esse é o visto M1.

Para esse caso, é possível realizar um trabalho remunerado de meio período durante os estudos, no que é chamado de CPT (Curricular Practical Training). Após encerrado o curso, esse profissional precisa voltar ao Brasil, a não ser que encontre de imediato um empregado que queira contratá-lo e patrocinar o seu visto permanente.

Por último, há o visto J1, que é destinado a intercâmbio cultural, o que inclui programas que aceitam pesquisadores ou bolsistas de outros países.

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Esses vistos, que devem ser solicitados no Brasil, têm um custo em torno de US$ 500, segundo Freitas.

Além disso, no momento da inscrição, é possível que seja pedido ao estudante que demonstre ter condições de arcar com as despesas da escola e também de manutenção no país.

“Eles podem pedir comprovação de recursos para bancar a estadia ao longo do curso”, diz Freitas, acrescentando que também não é permitido trabalhar de forma remota, uma vez que a imigração nos Estados Unidos entende isso como trabalho no país.

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Enviando dinheiro para fora: conta no Brasil ou no exterior?

Após o visto, é preciso saber como lidar com a manutenção durante o período de estudos, seja para si próprio ou para os filhos.

De forma geral, é possível optar por fazer transferências para uma conta a ser aberta nos Estados Unidos, fazer remessa internacional ou mesmo utilizar um cartão pré-pago de uma bandeira que seja amplamente aceita no país.

“O custo muda em cada tipo de opção. O que nós recomendamos é ter uma conta no país de destino. Isso dá uma facilidade maior ao estudante, já que é um período de permanência maior”, explica Tiago Simões, gerente de operações da Izzi, braço digital da corretora B&T Câmbio.

Dentre as alternativas, a de menor custo – em se tratando de tributos – é o envio de dinheiro de uma conta no Brasil com uma titularidade (a dos pais, por exemplo) para uma conta no exterior com outra titularidade (a do estudante).

Esse tipo de transação é classificado como “manutenção de residente” e o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) é de 0,38%. Fora o imposto, o remetente terá que arcar com eventuais tarifas da instituição financeira em que tem a conta e mais o spread sobre a taxa de câmbio – ou seja, a diferença entre as cotações de compra e de venda do dólar.

Quando a transferência é feita da conta que o estudante mantém no Brasil para outra conta também sua no exterior, a natureza da operação muda. A Receita Federal encara como uma transação de disponibilidades no exterior, e aí o IOF sobe para 1,1%.

Já nos serviços de remessa de recursos, como Money Gram e Wester Union, o IOF também é de 1,1%, mas o spread das operações e tarifas costumam ser maiores.

“A vantagem é o caráter de emergência dessas operações. É possível fazer um pix a qualquer momento e em poucos minutos já estar disponível para saque para o estudante no exterior, embora ele precise se deslocar até um local para saque”, explica o executivo da Izzi.

Já no cartão pré-pago o IOF é bem maior: alíquota de 5,38% por operação.

Simulação: qual é o peso do IOF?

Em uma simulação feita considerando a taxa de câmbio de R$ 4,7975 e um valor de US$ 1 mil, o custo total seria de R$ 4.886,44 para um envio na modalidade “manutenção de estudante” (entre contas de diferentes modalidades), com IOF de 0,38% e considerando tarifa zero da instituição financeira.

O valor sobe para R$ 4.923,02 quando é feito um envio do Brasil para os Estados Unidos entre contas de mesma titularidade (tarifa zero e IOF de 1,1%).

Já no caso de uma remessa para saque nos Estados Unidos, o valor final ficaria em R$ 5.044,38 (considerando tarifa de R$ 86,79 da Moneygram e IOF de 1,1%). No cartão pré-pago da B&T, o dispêndio seria de R$ 5.184,70 (dado o IOF de 5,38%).

A diferença entre a opção mais em conta e a mais cara é de 6,1%.

O analista Ricardo Schweitzer, da consultoria de mesmo nome, lembra que são dois os principais perfis de quem vai bancar um estudante no exterior.

Um é o da família que possui renda no Brasil e periodicamente enviará recursos para a manutenção do filho nos Estados Unidos. O segundo caso é de famílias que já construíram um patrimônio e já possuem os recursos necessários no momento em que o filho irá iniciar os estudos.

“Nesse segundo caso, faz sentido dolarizar uma parte desse patrimônio relacionado aos gastos do filho no exterior. Isso já vai funcionar como um hedge [proteção] contra a variação cambial”, explica.

Para essa parcela, a sugestão é abrir uma conta no exterior e remeter os recursos, deixando aplicado em opções de baixíssimo risco, como as Treasuries (títulos públicos do governo americano) ou ETFs (fundos de índices) de títulos públicos de curto prazo.

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Ana Paula Ribeiro

Jornalista colaboradora do InfoMoney