Tesouro Direto e dividendos são bons para quem só tem R$ 300 por mês?

Henrique Lacerda, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, responde a pergunta de leitor do InfoMoney

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Tenho 17 anos de idade e meu perfil de investimentos é moderado. Busco aplicar meu dinheiro com dois objetivos: comprar minha casa e para a aposentadoria. Tenho disponibilidade de investir R$ 300 por mês, atualizando os aportes de acordo com a inflação. Acredito que o melhor pra atingir esses dois objetivos é investir em titulos públicos (por meio do Tesouro Direto) e ações que paguem bons dividendos. Minha estratégia é a correta? O Tesouro Direto é um bom investimento para um horizonte de longuissimo prazo?

Leitor: Gilvan

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Resposta de Henrique Lacerda, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Prezado Gilvan,

Frente ao longo caminho a ser percorrido para a conquista dos seus objetivos, muito provavelmente seu perfil de investidor, bem como suas estratégias de investimento, deverão ser objetos de inúmeras e constantes reavaliações. Sua afirmação que detém perfil moderado significa que atualmente você deseja segurança nos seus investimentos, mas também quer investir em produtos que podem proporcionar ganhos melhores no longo prazo, como por exemplo, renda variável. Ocorre que, quando citamos renda variável, não estamos nos referindo necessariamente a negociações diretas com ações, até porque tal modalidade de investimento não é a mais indicada para investidores classificados com o seu perfil. Dessa forma, se fossemos considerar tão somente essa informação, poderíamos afirmar que sua escolha atual de incluir aplicações diretas em ações no seu mix de acumulação não seria a estratégia mais correta. Entretanto, sua baixa necessidade de liquidez, seu poder de poupança no longo prazo e sua propensão a assumir determinados riscos, nos remete a considerar como opção a alocação inicial de até 20% de suas aplicações em Fundos de Índices, conhecidos internacionalmente como ETFs – Exchange Traded Funds.

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Os Fundos de Índices são formas de aplicar em ações, por exemplo, sem ter a obrigação de avaliar e acompanhar individualmente cada uma delas, além de não exigirem valores iniciais altos e terem taxas de administração muito inferiores às cobradas pelos tradicionais fundos de ações. Como sua intenção é aplicar em ações que paguem bons dividendos, o ETF mais indicado é o IT Now IDIV, que tem como objetivo reproduzir o índice Dividendos, formado pelas empresas maiores pagadoras de dividendos (dividend yield) da Bovespa nos últimos 24 meses. Para investir, o processo é similar ao da compra e venda de ações, bastando utilizar o código Bovespa DIV011 nas respectivas ordens. Muita atenção com o Imposto de Renda, pois diferentemente dos investimentos em ações, que desfruta de isenção para vendas mensais de até R$ 20 mil, o investimento em ETFs não possui tal isenção. Ou seja, em qualquer alienação incide 15% sobre o lucro obtido. Lembre-se ainda que diversificar os seus recursos é o ideal para sua estratégia de investimentos. Nesse sentido, ressaltamos que O DIV011 é apenas um de dezenas de ETFs disponíveis. Antes de investir leia o prospecto e o regulamento de cada um deles, estando ciente de que a rentabilidade passada não representa garantia de rentabilidade futura.

Em relação à parcela destinada para renda fixa, que sugerimos corresponder a no mínimo 80% de suas aplicações, diversificar também é a melhor estratégia. Dentro de sua preferência pelo Tesouro Direto, existem pelo menos três títulos púbicos que são os mais demandados por pessoas físicas. A LTN – Letra do Tesouro Nacional é indicada principalmente quando existe viés de baixa na taxa SELIC, pois o investidor trava sua rentabilidade quando adquire o título. A LFT – Letra Financeira do Tesouro acompanha a variação da SELIC, por isso é uma boa opção quando esta taxa está subindo ou se mantendo alta. Finalmente, considerando sua preocupação em manter seus aportes atualizados pela inflação, sugerimos principalmente a NTN-B, indicada para cenário de escalada inflacionária, como o que estamos vivenciando, pois é indexada ao IPCA, índice oficial de inflação. Atente apenas que, nos casos de resgates antecipados, o Tesouro Nacional recompra o título com base no seu valor de mercado, o que poderá comprometer o retorno da aplicação, tornando-o diferente do acordado na ocasião de sua compra. Nada obstante tal característica e tendo em vista principalmente seu horizonte de longuíssimo prazo, podemos considerar sua estratégia de aplicar boa parte do seu dinheiro em títulos públicos, através do Tesouro Direto, como a mais correta.

Henrique Lacerda é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

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As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br

Prezado Hildebrand, 

Pouco a pouco é possível ver mudanças significativas no perfil de investimento dos brasileiros. Percebemos, por exemplo, o crescimento do numero de jovens que estão disponibilizando parte de sua renda para se planejar financeiramente para a sua aposentadoria. É um movimento que tende a crescer cada vez mais ao longo dos próximos anos, especialmente com a educação financeira em curso em nossa sociedade. 

 Sua iniciativa é digna de receber elogios e servir de exemplo a outros tantos… 

 Como seu planejamento para esse investimento tem um horizonte de 15 anos algumas observações importantes devem ser feitas. Em uma simulação com um investimento inicial de R$ 10.000 e aplicações regulares de R$ 500, com uma rentabilidade anual de 10%, atingiremos após 15 anos um capital de R$ 242.583, sem considerar a inflação no período. Com esse capital investido é possível viver com uma renda de aproximadamente R$ 2 mil/mês, complementando a sua aposentadoria. No entanto, a pergunta magica é como atingir essa rentabilidade para um baixo risco no investimento. 

 Com as informações presentes não é possível identificar qual o seu perfil de investidor, onde seria possível identificar o quanto de risco você esta propenso a aceitar em sua carteira de investimentos (para saber o seu perfil de investidor é aconselhável buscar sua instituição financeira e responder ao questionário “Suitability”). No entanto, podemos considerar que você segue o padrão brasileiro de conservadorismo em seus investimentos, bastante carregado de “renda fixa” , mas propenso a conhecer novos produtos para pequenos investimentos. 

 Sugiro, para você superar a rentabilidade apresentada na simulação, que divida seu patrimônio em 2 partes. 

 A primeira parte é separar R$ 5 mil inicial e 80% de suas aplicações regulares para um fundo de renda fixa com credito privado que supere consistentemente 100% do CDI. Muitos fundos conseguem superar esse benchmark, e possuem aplicações inicias bastante acessíveis. Prefira esse investimento as NTN-Bs e a sua aplicação em imóveis. 

 Para os outros R$ 5 mil iniciais, e 20 % de suas aplicações mensais (R$100,00), podemos ser um pouco mais arrojados, buscando atingir uma rentabilidade superior do que a renda fixa. Como sua disponibilidade atual é pequena para ser investida diretamente em ações (coma na sua atual carteira de ações de Vale e Itau), uma excelente alternativa são os fundos de ações. 

 Os fundos de ações são, para a grande maioria dos investidores, a melhor alternativa para seus investimentos em renda variável. Apresentam vantagens como liquidez, diversificação e uma gestão profissionalizadas dos seus investimentos. Com ele você estará bem atendido para atingir sua meta de longo prazo na aposentadoria. Procure gestoras com comprovada competência em sua equipe de analise, e fundos de ações que sejam considerados “Ibovespa ativo”, com a intenção de superar o bechmark. Prefira esses as ações propriamente ditas. 

 E lembre-se: o resultado do seu sucesso financeiro também depende de você! 

 *Fabiano Pessanha, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF