Invisto em previdência atrelada à inflação, mas perdi dinheiro; o que faço?

Investidora tem R$ 300 mil em NTN-B e quer saber se essa é a hora de sair e embolsar o prejuízo

Equipe InfoMoney

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Pergunta:

Tenho um investimento para aposentadoria em previdência que vem perdendo bastante em 2013 por ter atrelado 82% do capital no tesouro direto, em NTN-B (Notas do Tesouro Nacional – Série B), e estes títulos perderam valor. É um dinheiro de longo prazo para, no mínimo, 5 anos, e a quantia está atualmente em R$ 300 mil. Pergunto se devo continuar neste plano pois recuperarei as perdas dentro deste período, ou deveria migrar para um fundo de renda fixa e embolsar a perda que já ocorreu?

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Resposta de Stefanno Rocco, CFP, planejador financeiro certificado pelo IBCPF:

Minha recomendação seria de que devesse permanecer com suas NTN-B, mas junto a esta recomendação, buscaria entender qual é o seu perfil de investidor e buscaria fomentar seus investimentos com diversificação.

Há diversos estudos acadêmicos, que já concluíram que a correta alocação de ativo define a maior parte da rentabilidade de uma carteira no longo prazo, conforme a figura abaixo que mostra os resultados obtidos por um desses trabalhos ¹:

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IBCPF

O que de fato estou sugerindo, é que de repente, pelo seu perfil de investidor, você já possui muita NTN-B em sua carteira e poderia buscar diminuir a importância deste ativo no seu portfólio de investimento.  Não precisa desfazer-se do que já possui mas sim, iniciar aquisição de outro ativo.

Como vem percebendo, as NTN-B tendem a ter grandes oscilações quando há um movimento na manutenção da taxa de juros do pais (Selic). Nesses últimos 9 meses, essa oscilação passou a ser negativa paras os títulos que se comprometem a proteger da inflação, pois via política monetária, o governo decidiu combater a inflação via aumentos da taxa de juros. Em abril deste ano, tínhamos uma Selic em 7,25% ao ano e hoje, está em 10% ao ano.

Para buscar a estabilidade na inflação, o governo aumentou a taxa de juros para tentar desestimular o consumo e fará tantos ajustes, quanto forem necessários para que a inflação volte a cair.

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O fato é que, quando aumentamos a taxa de juros, acima do esperado e projetado pelo mercado, estamos interferindo na relação preço de compra de uma NTN-B (PU ou Preço Unitário) com a sua taxa real pactuada. Portanto, quando subimos a taxa de juros país (Selic), o PU do ativo cai e sua taxa real aumenta, para que o ativo se ajuste ao novo cenário de taxa de juros pais. O inverso também é verdadeiro e quando a taxa de juros (Selic) cair, o PU tende a aumentar e a taxa de juros real, tende a diminuir.

Mas em ambos os caso, não podemos esquecer que o que está contratado, ou seja, as condições que foram pactuadas na aquisição do ativo, serão honradas pelo Tesouro no vencimento.

A pergunta, então, seria: Será que continuaremos a ter mais aumentos na taxa de juros do país (Selic) nos próximos meses?

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Na minha análise, desde 2002 quando a taxa Selic terminou em 23% ao ano, temos uma política monetária que buscou diminuir a Selic até chegarmos a 7,25% em abril deste ano. Ao longo destes treze anos, definimos que a taxa de juros do pais deveria cair e ficar no patamar de uma casa decimal. Essa trajetória, como pode ser vista abaixo, não foi uma linha reta, portanto, a minha expectativa é de que a mesma continue caindo o que me faze pensar que temos oportunidades de NTN-B no momento. Juros reais de 6,23% e 6,27% ao ano não é todo dia que se vê.

Porém, como é difícil haver uma previsão do que irá acontecer com a nossa política monetária nos próximos meses, sugiro buscar proteger os investimentos com uma boa diversificação.

Um bom investimento depende de tempo e diversificação.

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Espero ter colaborado com a sua questão. Ponho-me, mais uma vez, a disposição para quaisquer esclarecimentos que se faça necessário.

Stefanno Rocco, CFP®

¹Fonte: Gary P. Brison, Brian D. Singer and Gilbert L. Beebower – Determinants of Portifolio Performance II: An Update – Financial Analyst Journal,  Maio/Junho 1991

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Stefanno Rocco é planejador financeiro pessoal e possui a certificação CFP® (Certified Financial Planner), concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF). 

As respostas refletem as opiniões do autor. O IBCPF e o Infomoney não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para onde_investir@infomoney.com.br