Índice de dividendos valoriza o triplo do Ibovespa em 6 anos; invista com custo baixo

Investir em ETFs (fundos de índices) que seguem índices de dividendos é alternativa rentável para cenário de juros baixos

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SÃO PAULO – Buscar alternativas para melhorar a rentabilidade da carteira (principalmente se ela for predominantemente de renda fixa) está se tornando uma necessidade para os investidores. Isso porque a Selic está em queda e, com isso, quem investe em alguns produtos de renda fixa tem ganhado cada vez menos.

Entre as opções, comprar ações de empresas que pagam bons dividendos (distribuição dos lucros entre os minoritários) se torna cada vez mais interessante, já que estes papéis costumam ter uma volatilidade (oscilação) menor – o que é excelente em momentos de maior turbulência nos mercados, como agora – e ainda garantem uma rentabilidade periódica aos investidores por meio dos proventos pagos pelas companhias. 

Para aqueles que não querem, ou não podem, analisar e pesquisar as empresas antes de decidir pela compra da ação que vai fazer parte do portfólio, os ETFs (Exchange Traded Funds, ou fundos de índices) são uma alternativa de baixo custo. Entre as opções, há o DIVO11, que espelha o IDIV (índice de dividendos da BM&FBovespa) e o UTIP11, que replica a carteira do UTIL (índice de utilidade pública da Bolsa de Valores). As empresas de utilidade pública são, historicamente, boas pagadoras de dividendos, por terem um caixa mais consolidado e necessitarem de menos investimentos – assim, sobra dinheiro em caixa para distribuir entre os acionistas.

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Na prática, quem compra cotas destes ETFs investe exatamente na mesma carteira teórica (que só existe no papel e serve como referência para os investidores) que compõe os índices. “Os ETFs de dividendos são uma ótima opção para o cenário atual, de juros mais baixos”, afirma o economista e diretor da Norfolk Advisors, Ricardo Torres. “É uma forma de diversificar, comprando várias ações por um preço muito mais baixo, que seria impossível com a compra direta. Os custos de administração também são muito menores”, ressalta. 

No caso do DIVO11, gerido pelo banco Itaú, a taxa de administração está em 0,5% ao ano, bem menor do que a maioria dos fundos de ações disponíveis no mercado. Além desta taxa, a  superintendente de fundos passivos da Itaú Asset Management, Tatiana Grecco, ressalta que também existem as taxas de custódia e emolumentos, cobrados pela bolsa, e as de corretagem, que podem ou não serem cobradas pelas corretoras. “Algumas corretoras podem isentar dessas taxas ou oferecer algum benefício. De qualquer maneira, as taxas costumam ser menores do que muitos fundos de ações”, afirma.

Já o UTILL11 é gerido pela BlackRock e cobra uma taxa de 0,69% ao ano pela administração.

Desempenho dos índices
Investir em dividendos tem se mostrado uma boa opção no longo prazo. É o que mostra o histórico calculado pela BMFBovespa desde o início de 2006 (até o último dia 22 de junho). Neste período, o Índice de Dividendos registrou retorno de 227%, contra 65,45% de valorização do índice Bovespa.

O DIVO11, que começou a ser negociado no início deste ano, também mostrou desempenho melhor do que o Ibovespa. De 31 de janeiro até 22 de junho, as cotas deste ETF valorizaram 5,7%, enquanto o Ibovespa cedeu 11,68%. “O ETF Dividendos tem feito sucesso por conta do resultado ruim do principal índice da bolsa paulista”, diz Tatiana.

Já o UTIP11, que começou a ser negociado no dia 15 de maio deste ano, registrou baixa de 0,54% até o dia 22 de junho. No mesmo período, o Ibovespa recuou 3,65%.

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Sobre os índices
De acordo com a definição da própria Bovespa, o IDIV mede o comportamento das ações das empresas que se destacaram em relação à remuneração dos investidores, sob a forma de dividendos e juros sobre o capital próprio.

As ações que fazem parte do índice são selecionadas por sua liquidez e ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado. Confira abaixo as 10 ações de maior peso no índice:

Já o índice de Utilidade Pública mede o comportamento das ações das empresas representativas do setor de utilidade pública (energia elétrica, água e saneamento e gás). Assim como no IDIV, as ações são selecionadas por sua liquidez e também ponderadas nas carteiras pelo valor de mercado. Veja as principais ações do índice:

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Riscos
Como o ETF é um espelho de uma carteira teórica de ações, o preço das cotas pode ter variação negativa se os papéis que fazem parte do índice recuarem naquele período.

No caso do ETF de dividendos, a oscilação costuma ser menor do que de outras carteiras teóricas, já que as ações que são boas pagadoras de dividendos possuem volatilidade menor do que outros papéis do mercado. Além disso, mesmo que o preço do papel recue, o investidor tem a segurança de que irá receber os dividendos das empresas periodicamente, o que garante o rendimento mesmo com a queda do preço da ação no mercado.

É importante lembrar que, no caso dos ETFs, o dividendo pago pela empresa é reinvestido automaticamente no próprio fundo. Por um lado, o investidor perde o benefício fiscal, já que o dividendo pago diretamente na conta possui isenção de imposto de renda. Mas a executiva do Itaú afirma que essa é uma boa alternativa para quem investe pensando no longo prazo. “O grande diferencial desta estratégia é o reinvestimento. Se eu expurgar o efeito do reinvestimento, o índice de dividendos fica com um comportamento mais próximo ao Ibovespa”, conclui Tatiana.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip