“Ilusão de riqueza”: brasileiros têm expectativa irrealista para a aposentadoria

Espera-se um retorno alto demais para os investimentos voltados para a previdência, mostra estudo da Schroders

Giuliana Napolitano

(Shutterstock)

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SÃO PAULO – A grande maioria dos brasileiros que poupa para a aposentadoria acredita que terá um futuro tranquilo quando parar de trabalhar. Mas é provável que muitos encontrem uma realidade bem diferente quando o longo prazo chegar.

Um estudo feito pela gestora britânica Schroders mostra que os investidores, de forma geral, têm uma visão pouquíssimo realista de quanto suas economias devem render na aposentadoria. Acontece não só aqui, mas em dezenas de países.

Na média, os brasileiros estimam um retorno anual de cerca de 12% para seus investimentos, enquanto os americanos acreditam que conseguirão perto de 10%. Na Europa, a expectativa varia de aproximadamente 9% (Espanha, Itália, Polônia e Rússia) a 11% (Bélgica e Portugal).

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É claro que é impossível precisar qual será a rentabilidade no futuro, mas as taxas de juros baixas – ou negativas em muitos países – indicam que os investidores estão sendo otimistas demais.

“Essa expectativa de retorno em torno 10% ao ano se deve à memória dos investidores, que chegaram a conseguir esses rendimentos no passado, aqui e em outros mercados”, diz Daniel Celano, CEO da Schroders Brasil.

“Mas é preciso se ajustar à nova realidade”, acrescenta. Ele lembra que, na fase de resgates, os investimentos devem ser mais conservadores, já que os recursos estão sendo utilizados. Por isso, o rendimento tende a ser menor do que no período de acumulação.

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Na opinião do executivo, um retorno realista no Brasil fica em torno de 7,5% ao ano, em termos nominais – o que equivale a um intervalo entre 3% e 4% em termos reais.

“Muitos investidores têm a ilusão da riqueza: os investimentos em títulos públicos valorizaram bastante neste ano, com a queda dos juros, e isso anima. Mas é importante lembrar que, no futuro, os rendimentos serão mais baixos justamente por conta da redução das taxas. O motorzinho perdeu força, e isso precisa ser incorporado no planejamento”, diz Celano.

O cenário ficou mais difícil, mas os brasileiros estão tranquilos. Segundo o estudo da Schroders, 88% dos não aposentados acreditam que estão poupando o suficiente para a aposentadoria.

(Vale lembrar que a pesquisa foi feita apenas com investidores, ou seja, com quem tem algum dinheiro guardado, e não com a população em geral).

“Muitas pessoas não fizeram a conta e, por isso, estão calmas”, diz Celano.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.