Idade não deve interferir nas decisões de investimentos, afirma especialista

"As pessoas não mudam a maneira de ser por conta da idade, pelo contrário", diz Raphael Cordeiro, da Inva Capital

Publicidade

SÃO PAULO – Está com 20 anos? Aproveite que tem muito tempo e invista em ações. Está perto dos 40? Melhor tornar a carteira mais moderada e aumentar o percentual de renda fixa. Chegou aos 60? Diminua ainda mais o percentual de renda variável e se torne ainda mais conservador nas aplicações financeiras.

Grande parte dos especialistas em finanças costuma recomendar que os investidores adotem a estratégia resumida no parágrafo anterior, usando a lógica de diminuir o risco à medida que o tempo passa. Isso porque, quanto mais idade tiver o investidor, menor seria a chance de recuperar os investimentos em caso de perdas (o longo prazo é um dos maiores aliados da renda variável).

Entretanto, o especialista em finanças e CEO da Inva Capital, Raphael Cordeiro, é contrário a este tipo de pensamento. “As pessoas não mudam a maneira de ser por conta da idade, pelo contrário, existe uma tendência de suas características ficarem ainda mais aparentes. O que muda são os objetivos e a carga de experiência, logo, acho uma grande incoerência recomendar diferente estratégia por conta da idade”, afirma o especialista.

Não perca a oportunidade!

Para exemplificar, ele cita o caso de uma pessoa que investe em imóveis e já está com uma idade avançada. “Um consultor chega para um aposentado que é exímio investidor do mercado imobiliário e diz: ‘o senhor está com 72 anos e tem 85% do patrimônio em imóveis. Apesar do senhor ganhar R$ 15 mil por mês em aluguéis e receber uma aposentadoria de R$ 2,5 mil, achamos que o melhor é vender metade dos seus imóveis para trocar por investimentos conservadores e de maior liquidez, como títulos do Tesouro Direto ou fantásticos fundos de Renda Fixa e DI que o nosso banco possui’ “, diz. “Isto não faz o menor sentido”, enfatiza.

Estratégia inalterada
O especialista ressalta que, independentemente da idade, a estratégia de investimento deve permanecer inalterada, para que seja efetiva. “Uma vez que o investidor consiga definir qual o percentual ideal, deve ficar alocado em cada tipo de aplicação, não há porque estipular um tempo para isso”, diz.

Ele lembra que o ideal é que o investidor adote uma estratégia e siga até o final, idependentemente da sua idade. “Se for uma estratégia coerente, ele não deve fazer mudanças, apenas alguns ajustes de tempos em tempos”, aponta Cordeiro. “A pior coisa é ficar ‘pulando de galho em galho’ com os investimentos”, completa.

Continua depois da publicidade

Maior expectativa de vida
Além disso, o especialista lembra que a expectativa de vida do brasileiro aumentou nos últimos anos, o que faz com que o conceito de longo prazo também precise ser revisto.

“Alguém que tem 60 anos hoje tem grandes chances de ter como horizonte de investimentos mais do que a idade do seu consultor financeiro. Isso não seria longo prazo?” questiona.

Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip