Ibovespa a 115 mil pontos; “manipulação de preços” e excesso de euforia: as visões de Jakurski, Appel e Xavier

Os gestores participaram da Expert XP 2019 neste sábado

Giuliana Napolitano

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SÃO PAULO – Mais uma mostra da mudança que os juros baixos estão provocando no mercado financeiro. Apesar de a bolsa ter subido 18% no ano, batido recordes e fechado acima dos 104 mil pontos na última sexta-feira, alguns dos gestores de fundos mais bem-sucedidos do país – e que detestam embarcar em ondas de euforia – acreditam que há mais por vir.

Num painel no evento Expert XP 2019, André Jakurski, fundador da JGP, e Márcio Appel, fundador da Adam, afirmaram que o “preço justo” do Ibovespa é ao redor de 115 mil pontos.

Rogério Xavier, fundador da SPX, que também participou do painel, não arriscou uma previsão numérica, mas concordou que as perspectivas são positivas.

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Para Jakurski, a bolsa brasileira, de forma geral, não está cara. Ele citou que o índice Preço-Lucro (PL) do mercado, de 12,5, “não parece alto” (esse índice mede a relação entre o preço das ações e o lucro das empresas – quanto mais alto, mais caro está o ativo).

Alguns setores, especialmente os voltados para a economia doméstica, estão com o PL acima da média histórica, mas “não dá para olhar apenas para isso para decidir se vale a pena investir”, disse Jakurski. Os juros baixos podem fazer com que haja uma nova janela de alta.

Ainda que concorde com a visão de Jakurski, Appel acha que não é o momento de investir pesadamente em ações, porque o potencial de valorização é pequeno e os riscos não são desprezíveis. “Tenho dúvida se vale a pena investir agora, com o Ibovespa perto de 105 mil pontos e potencial para chegar a 115-120 mil pontos, com todos os riscos embutidos”, afirmou.

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E continuou: “A bolsa pode continuar subindo, mas o caminho é mais difícil. É desconfortável ficar comprado quando a maioria dos investidores também está”.

Na visão de Xavier, a bolsa brasileira deve ser beneficiada pelo que ele chamou de “manipulação de preços dos ativos” em razão da política de juros baixos mantida pelos principais bancos centrais do mundo.

Na opinião de Appel, as bolsas mundiais subiram recentemente por conta desses estímulos monetários, já que a expectativa é de desaceleração da economia global. Jakurski acrescentou que os juros negativos “mantêm abertas empresas que deveriam ter desaparecido”.

Jakurski e Xavier também deram sua visão negativa sobre a economia mundial. “Estou preocupado com a próxima recessão no mundo”, afirmou o sócio da JGP. “Não sei quando vai acontecer, mas sei que estamos próximos.”

Se os juros já estão baixos nos países ricos, o que vai ser inventado para tirar essas economias da recessão?, indagou o gestor.

Xavier se mostrou preocupado com a situação da Europa que, para ele, não aproveitou os últimos anos de juros baixíssimos para fazer reformas estruturais.

Este sábado é o último dia da Expert XP 2019, um dos eventos de investimentos mais relevantes do mundo, que começou na última quinta-feira em São Paulo.

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Giuliana Napolitano

Editora-chefe do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre finanças e negócios. É co-autora do livro Fora da Curva, que reúne as histórias de alguns dos principais investidores do país.