Gestores de multimercados descartam redução da Selic imediatamente após fim do aperto monetário

"Precificação de corte precoce pode decepcionar", disse Mariana Dreux, sócia e gestora da Truxt Investimentos, em painel na Expert XP 2022

Wellington Carvalho

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Quem espera a imediata redução dos juros no País logo após o fim do atual aperto monetário pode se frustrar, na avaliação de Mariana Dreux, sócia e gestora da Truxt Investimentos, e de Thiago Mendez, sócio e gestor de renda fixa do Bahia Asset. Para eles, ainda não há sinais para um corte precoce da taxa.

Mariana e Mendez participaram do painel “Multimercados: uma classe de fundos no tempo” na Expert XP, em São Paulo (para acompanhar as palestras online ou presencialmente acesse aqui). O debate foi mediado por Samuel Oliveira, gestor dos fundos de fundos da família Selection, e Carolina Oliveira, analista de fundos da XP, ambos apresentadores do podcast Outliers.

Nesta quarta-feira (3), o Comitê de Política Monetária (Copom) subiu a taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, pela 12ª vez desde março de 2021. Agora, o aumento foi de 0,50 ponto percentual, levando o indicador para 13,75% ao ano.

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O último movimento do Copom dividiu a opinião de analistas e instituições financeiras: parte já visualiza que o ciclo de alta da Selic chegou ao fim, enquanto outro grupo ainda aguarda uma elevação residual, de 0,25%.

Independentemente do percentual que marcará o término do aperto monetário – os atuais 13,75% ou possíveis 14% ao ano – Mariana não vislumbra tão cedo o início da redução da Selic.

“Os elementos tradicionais que me levariam a imaginar que após um ciclo de alta viria uma redução de juros não estão presentes”, avalia. “A inflação teve um alívio por causa da redução de impostos, mas a elevação dos preços segue bastante pressionada”, completa.

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Na avaliação da gestora, as recentes expectativas de inflação não sinalizam uma estabilização, especialmente para 2023. O relatório Focus do Banco Central, destaca Mariana, prevê um IPCA de 5,33% no ano que vem, acima da meta do governo de 3,25%.

Ela sente falta também de sinais de desaceleração da atividade econômica, que seriam normais diante da magnitude do aperto monetário que o País adotou – saindo de 2% até março de 2021 para os atuais 13,75%.

Para Mariana, a desoneração de impostos e outros estímulos na economia anunciados pelo governo federal têm atuado na direção contrária do trabalho de combate à inflação do Banco Central. “Esses elementos me fazem acreditar que esta precificação de corte precoce da Selic pode decepcionar”, projeta.

A gestora da Truxt relembra ainda que, em duas das últimas três eleições, o Banco Central elevou juros após o aparente encerramento do ciclo de alta da taxa.

Thiago Mendez, do Bahia Asset, também enxerga a redução da inflação no País em um ritmo menor do que desejado, dificultando uma previsão de quando, finalmente, os juros do Brasil começarão a cair. “A previsão de um IPCA acima da meta em 2023 já desencorajaria o movimento”, explica. “Não projeto redução dos juros no primeiro semestre do ano que vem”.

Diante do cenário, Mendez considera difícil apostar na queda dos juros brasileiros e prefere, no momento, manter posição vendida nas bolsas americanas e comprada na B3. Ele também revela ter alocações em ativos de renda fixa dos Estados Unidos e Canadá.

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Wellington Carvalho

Repórter de fundos imobiliários do InfoMoney. Acompanha as principais informações que influenciam no desempenho dos FIIs e do índice Ifix.