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Inflação em queda, câmbio valorizado e juros globais prestes a recuar criam um ambiente menos hostil para os ativos brasileiros. Mas tensões comerciais com os EUA, eleições no horizonte e política monetária ainda contracionista fazem com que as principais gestoras adotem uma postura de cautela e seletividade.
A Adam Capital avalia que, mesmo com ruídos políticos e macroeconômicos, “o Brasil preserva fundamentos relativamente sólidos” e mantém atratividade para investidores, mas ressalta que “a taxa Selic em patamar elevado e a incerteza fiscal ainda impõem um freio relevante”.

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A Genoa observa que o possível início dos cortes de juros pelo Federal Reserve, como projeta o Goldman Sachs, pode ajudar o apetite por risco, mas pondera que “o grande desafio segue sendo reduzir a demanda final para assegurar a convergência da inflação à meta”.
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A JGP chama atenção para o efeito do choque tarifário imposto por Donald Trump, destacando que “persiste o risco de uma escalada de deterioração das relações entre os dois países com o consequente aumento dos impactos econômico-financeiros para o Brasil”. Para a gestora, mesmo que as projeções de inflação para 2025 tenham recuado, “a inflação esperada para 2026 em diante ficou praticamente inalterada”.
Política monetária, inflação e eleições
A Legacy reduziu sua projeção de inflação para 2025, de 6,2% para 4,6%, explicando que “a apreciação cambial e a queda dos preços de commodities explicam cerca de 75% da revisão”. A casa vê possibilidade de corte da Selic já na última reunião do próximo ano, sustentada por sinais de desaceleração na economia.
A Ibiuna, mais cautelosa, projeta inflação de 4,9% e atividade praticamente estagnada no segundo semestre, afirmando que “o ambiente político deve adicionar volatilidade” e que a política monetária seguirá restritiva “por período bastante prolongado”.
Tom similar ao da Genoa, que acrescenta que, mesmo com a ajuda do câmbio e da sobreoferta doméstica de bens, “a política monetária e fiscal contracionistas” continuarão atuando como freios no curto prazo.
Outras casas mencionam cautela por conta das eleições. A JGP observa que o mercado estava montando posições compradas “baseadas no enfraquecimento do presidente Lula nas pesquisas de opinião e na crença de que poderia haver uma mudança de governo”, mas que, após o episódio do tarifaço, a movimentação do em torno da pauta da soberania “afetou um pouco as pesquisas e balançou a crença de uma eleição tranquila para a direita”.
Proteção e operações táticas
Na estratégia, as casas mantêm foco na defesa. A Adam e a Genoa preferem “maior prudência em renda variável” e operações táticas em juros e câmbio. A JGP afirma que o tema eleitoral “seguirá definindo os rumos dos ativos brasileiros nos próximos meses” e mantém postura de observação antes de ampliar risco.
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A Legacy mantém posições aplicadas (que se beneficiam da queda) em juros reais e nominais, apostando que um cenário de cortes pelo BC em 2026 pode impulsionar os retornos. Já a Ibiuna concentra-se em aplicações no exterior, com viés vendido no dólar e atuação em juros de mercados desenvolvidos e emergentes selecionados.