Gestor, administrador, cotista: saiba “quem é quem” nos fundos de investimento

O gestor, por exemplo, é um profissional habilitado responsável pela escolha dos ativos em que o fundo investe

Diego Lazzaris Borges

SÃO PAULO – Todo fundo de investimento possui uma estrutura definida e é interessante que você conheça os seus principais pilares antes de aplicar os seus recursos. Você já deve ter ouvido falar, por exemplo, no administrador do fundo. Mas sabe exatamente qual é a sua função? E o gestor, você tem ideia de quais são as atribuições deste profissional? Também há o custodiante, auditor, entre outros profissionais.

Se você têm dúvidas sobre o papel de cada um na indústria de fundos, confira as definições a seguir:

Gestor

Quando você aplica diretamente em algum ativo (ações ou títulos públicos, por exemplo), é o responsável por administrar a sua própria carteira de investimentos e tomar as decisões de compra e venda, com objetivo de conseguir mais rentabilidade.

A grande diferença de aplicar em fundos de investimentos é que você transfere esta tarefa de decisão para uma terceira pessoa: o gestor do fundo, que é um profissional habilitado e qualificado para este tipo de atividade. “O gestor é responsável pela compra e venda dos ativos do fundo, segundo objetivos e política de investimento estabelecida no regulamento”, define a Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Isso quer dizer que é ele quem escolhe em quais ativos aquele fundo vai aplicar, quais os percentuais de alocação do portfólio e o momento de entrada e saída dos investimentos (também conhecido como zeragem de posição ou simplesmente stop), sempre dentro das regras definidas pelo regulamento do fundo e de acordo com a sua classificação.

Por exemplo: se aquele for um fundo de renda fixa, o gestor precisa alocar pelo menos 80% da carteira em títulos públicos federais. Se for um fundo de ações, é preciso investir ao menos 67% da carteira em ações à vista ou em outros valores mobiliários.

Por isso, é importante que, antes de você optar por determinado fundo de investimento, faça uma pesquisa sobre o gestor daquele fundo, verifique o seu currículo e sua experiencia no mercado financeiro e analise a rentabilidade passada dos fundos geridos por ele – se possível, em um período longo de tempo, para conseguir ter uma noção melhor.

O gestor pode ser uma pessoa física ou jurídica e, em ambos os casos, necessita ter registro na CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Administrador

O administrador é uma empresa que cuida do dia a dia do fundo e controla os prestadores de serviço – tais como gestor, auditor, custodiante -, além de acompanhar os fluxos de caixa do fundo e principalmente defender os direitos dos cotistas. “É o responsável pelo funcionamento do fundo”, define a Anbima.

Além disso, ele é o responsável pela constituição do fundo e também pelo seu registro na CVM. Também cabe à empresa que administra o fundo aprovar o seu regulamento e prestar contas aos reguladores e aos cotistas, seja divulgando o valor da cota diariamente, seja enviando um extrato mensal aos investidores, entre outras informações.

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Auditor

Quando se trata de investimentos e aplicações financeiras, todo cuidado é pouco. Afinal, você não ficaria tranquilo em deixar o seu dinheiro nas mãos de uma empresa pouco confiável, com uma administração nada transparente, e que pode estar passando por dificuldades financeiras.

Por isso, para garantir mais tranquilidade para os investidores, uma das exigências para que um fundo possa existir é que ele possua um auditor independente.

O auditor é uma empresa contratada pelo administrador do fundo e que tem a responsabilidade de auditar anualmente as contas e documentos deste fundo – que precisam seguir normas específicas estabelecidas pela CVM. Ou seja: o papel do auditor dentro do fundo de investimento é garantir transparência para o investidor e a segurança de que a administração está sendo efetuada da maneira correta.

É importante lembrar que a empresa responsável pela auditoria deve estar autorizada pela CVM para efetuar este tipo de serviço.

Custodiante

Quando você aplica seu dinheiro em um fundo de investimento, não compra diretamente um ativo mas, sim, cotas do fundo (o gestor é o que faz a compra dos ativos).

As suas cotas, por sua vez, têm uma relação direta com os ativos adquiridos e com a valorização (ou desvalorização) destes papéis. Mas os papéis adquiridos pelo gestor não ficam guardados na própria asset, mas, sim, em uma empresa contratada para isso: o custodiante.

Assim, o custodiante é a empresa responsável por guardar os ativos do fundo. É ela que responde pelos dados e envio de informações dos fundos para os gestores e administradores.

Além de guardar os ativos do fundo de investimento, o serviço de custódia engloba a liquidação física e financeira dos ativos – quer dizer, a efetivação da compra e a venda das ações, títulos e demais ativos escolhidos pelo gestor – , e também a administração e informações de eventos associados a esses ativos.

A empresa custodiante também precisa ser autorizada pela CVM para poder guardar os ativos pertencentes ao fundo de investimentos.

Cotista

Apesar de o nome não ser tão comum, cotista é aquele que detém cotas de um fundo de investimento. De maneira simples e direta, é você, o próprio investidor.

É importante lembrar que não importa se for um pequeno ou grande investidor: ao aplicar em um fundo, todos têm os mesmos direitos e devem receber o mesmo tratamento, independentemente de valor aplicado.

Existem alguns tipos diferenciados de cotistas, ou investidores, classificados pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

– Investidor qualificado: Aqueles que possuem investimentos financeiros no valor superior a R$ 300 mil e que, adicionalmente, atestem por escrito sua condição de investidor qualificado por meio de um termo próprio.

– Investidor super qualificado: Como no caso dos investidores qualificados, entretanto, é preciso que este investidor tenha, no mínimo, R$ 1 milhão disponível para investir.

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Diego Lazzaris Borges

Coordenador de conteúdo educacional do InfoMoney, ganhou 3 vezes o prêmio de jornalismo da Abecip