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Fundos ESG que investem em poluidoras crescem mais de 300% em 18 meses; o que explica?

Essas carteiras totalizam um patrimônio de US$ 9,3 bilhões

Bloomberg

HEINERSBRUECK, GERMANY - OCTOBER 29: A wind turbine spins as steam rises from cooling towers of the Jaenschwalde lignite coal-fired power plant, which is among the biggest single emitters of CO2 in Europe, on October 29, 2021near Heinersbrueck, Germany. While Germany has invested heavily in renewable energy sources, including solar and wind power, over the past decades, it remains dependent on lignite coal for a significant portion of its energy production. And while other countries within the European Union have promised to phase out coal for electricity production within coming years, Germany has made its phase-out pledge for 2038. The COP26 2021 United Nations Climate Change Conference is to begin this coming Sunday in Glasgow. (Photo by Sean Gallup/Getty Images)

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Há uma categoria de fundos ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) que está superando a maior parte dos demais nos Estados Unidos. São produtos que têm uma estratégia curiosa: investem em grandes emissores de carbono (CO2), mas com o objetivo de limpá-los.

Os ativos nos chamados fundos de transição climática disparam 304%, para US$ 9,3 bilhões, no período de 18 meses encerrado em junho, informou a Morningstar.

Os novos números acrescentam algumas nuances à especulação sobre até que ponto a reação política contra o ESG está prejudicando a estratégia de investimento nos Estados Unidos. Num contexto de preços elevados da energia, a liquidação (venda) de ações “verdes” e ataques do Partido Republicano ao ESG, os ativos em fundos climáticos dos EUA em geral ainda conseguiram atingir um recorde de US$ 32 bilhões, de acordo com a Morningstar.

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Mas, para além dos fundos de transição climática, atrair novo dinheiro para estratégias voltadas para baixas emissões de carbono, títulos verdes, soluções climáticas e tecnologia limpa “não tem sido fácil” para os gestores de fundos dos Estados Unidos, disse a Morningstar. E o segmento focado em clima, assim como a classe geral de fundos, cresceu apenas 4% no período, afirmou.

A Europa continua a ser o maior mercado para novos fundos climáticos, representando 84% dos ativos globais. A participação de mercado da China é de 8%, enquanto a dos EUA é de 6%, disse a Morningstar. Globalmente, os ativos em fundos climáticos aumentaram quase um terço nos últimos 18 meses, atingindo US$ 534 bilhões em junho.

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Ações preferidas dos fundos de transição climática nos EUA Retorno em 2023 ITR*
Alphabet 54.3% 2,5C
Microsoft 37.5% 2,7C
Nvidia 237.8% 4,0C
Autodesk 18.8% 3,1C
Mastercard 19.2% 3,4C
Adobe 66.2% 3,1C
Visa 18.9% 3,7C

Fonte: Morningstar

*ITR: sigla em inglês para aumento implícito de temperatura, metodologia que compara emissões atuais e projetadas de empresas de capital aberto com o total disponível de orçamento global de carbono para cumprir restringir o aquecimento global em 2°C neste século

Mercado “odeia ESG”

A narrativa em torno do investimento para refletir os riscos ambientais, sociais e de governança continua a ser complicada por controvérsias alimentadas principalmente pela política dos EUA e pela crise energética que se seguiu à guerra na Ucrânia.

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Uma pesquisa recente da Bloomberg com agentes do mercado financeiro descobriu que dois terços “odeiam” falar sobre ESG com os clientes, mas reconhecem que não há como contornar a estratégia de investimento.

Neste contexto, foram lançados mais fundos ESG do que os que foram liquidados. Globalmente, 90 fundos ESG foram fechados até agora este ano, em comparação com 253 que foram abertos. Mesmo nos EUA, o lançamento de novos fundos ESG superaram em 25 a quantidade de encerrados, de acordo com dados fornecidos pela Morningstar Direct.

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A unidade de gestão de ativos do Goldman Sachs Group abriu o maior fundo climático deste ano para atingir o mercado europeu, com uma estratégia de títulos verdes de US$ 2,4 bilhões, disse a Morningstar.

“Tal como acontece com o universo mais amplo de renda fixa, os investidores em ‘títulos verdes’ têm mudado para exposições de maior duração este ano, com a expectativa de que o atual ciclo de aperto monetário esteja perto do fim à medida que a inflação atinge o seu pico”, disse a Morningstar.

Fundos de transição climática reinam

As estratégias de transição e de baixo carbono proporcionaram um “crescimento mais significativo” entre os fundos climáticos da Europa, com os ativos em ambas as categorias duplicando no período, de acordo com a Morningstar. As estratégias de transição climática representam agora quase metade dos ativos dos fundos climático da Europa, afirmou.

Enquanto isso, ainda não está claro o desempenho dos fundos ESG. No que diz respeito aos fundos climáticos, a Morningstar observa que nenhuma das empresas mais amplamente detidas nas carteiras que analisou está alinhada com o objetivo de limitar o aquecimento global ao limiar crítico de 1,5ºC.

“As ações mais populares em carteiras climáticas estão mais desalinhadas do que aquelas em carteiras que visam soluções climáticas”, disse a Morningstar, com aumentos de temperatura implícitos entre 3,3ºC e 2,4ºC.

De acordo com a Sustainalytics, unidade da Morningstar, 87% das mais de 5.000 empresas de capital aberto com operações globais estão a caminho de atingir pelo menos 2,1°C de aquecimento.

A Morningstar disse que identificou mais de 1.400 fundos abertos e negociados em bolsa com mandato relacionado ao clima em junho, contra menos de 200 em 2018.