Os melhores fundos de ações e multimercados até julho

Levantamento revela que, nos últimos 12 meses, 70% dos fundos de ações bateram o Ibovespa; dentre os multimercados, 75% fundos superaram o CDI, mas apenas 9 tiveram retorno acima do Ibovespa

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Em tempos de CDI tão baixo, com variação de 6,35% nos últimos 12 meses, tem sido tarefa fácil aos gestores de recursos entregar retornos maiores do que o referencial das aplicações de renda fixa. O mesmo não se pode dizer do Ibovespa. Apesar de um julho mais fraco, com alta modesta de 0,84%, o principal índice da Bolsa brasileira acumula ganho de nada menos que 28,5% no último ano.

Levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica revela que, de um total de 144 fundos de ações, 106 superaram o desempenho do Ibovespa no mês passado. Nos últimos 12 meses, o número de fundos que batem a alta do principal índice de ações da Bolsa cai para 101, ou 70%.

Na categoria de multimercados, 290 de 457 fundos (63%) tiveram retornos maiores que o CDI em julho, mas apenas 162 (35%) tiveram retornos mais expressivos que o Ibovespa no mês. Em 12 meses, 341 fundos (ou 75%) superaram o CDI e somente nove, o Ibovespa.

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Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de junho. No caso dos fundos de ações, foram ainda excluídos os setoriais e monoações.

Confira a seguir os dez melhores fundos multimercados e de ações em 12 meses até julho, observando ainda seu desempenho acumulado em até 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Os melhores fundos multimercados em 12 meses até julho
Fundos multimercados Julho 2019 12 meses 36 meses
Tavola Absoluto FI Mult 2,32% 23,52% 47,59% 101,43%
Anga Cred Estrut FICFI Mult Cred Priv 2,79% 17,60% 34,93% 212,59%
CSHG Ibov Ativo 70-130 FI Mult 0,12% 15% 31,78%
Pacifico Lb Fc FI Mult 5,89% 18,01% 31,62% 75,15%
Oceana Long Biased FICFI Mult 1,34% 17,30% 31,60% 76,36%
Safari Fc FI Mult II 6,30% 24,58% 30,40% 107,99%
Dahlia Total Return Fc FI Mult 2,76% 18,66% 29,87%
Jgp Equity Fc FI Mult 2,64% 16,74% 29,19% 65,37%
Itau Long Bias Mult Fc FI 4,31% 13,72% 28,6%
CSHG Allocation Miles Acer Lb Fc FI Mult 4% 15,09% 27,27%
CDI 0,57% 3,66% 6,35% 28,12%

 

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Os melhores fundos de ações em 12 meses até julho
Fundos de ações Julho 2019 12 meses 36 meses
Atmos Acoes FICFI em Acoes 5,04% 29,70% 71,44% 87,32%
Equitas Selection Fc FIA 6,96% 31,20% 64% 117,49%
Hayp FIA 1,17% 13,97% 59,66% 173,64%
Gti Dimona Brasil FIA 4,41% 19,34% 52,39% 178,02%
Bogari Value Fc FIA 5,85% 28,57% 51,83% 89,91%
Fator Sinergia FIA 14,69% 38,74% 51,46% 162,88%
Icatu Vanguarda Dividendos FIA 2,32% 24,48% 50,22% 85,70%
Brasil Capital 30 Fc FIA 4,38% 28,36% 48,60% 96,46%
XP Dividendos FIA 0,74% 24,86% 48,31% 80,60%
Prumo Acoes FIA 4,27% 23,62% 47,81% 61,45%
Ibovespa 0,84% 15,84% 28,52% 77,66%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica

Na lista dos dez principais fundos de ações em 12 meses, destaque para dois com foco em dividendos (da Icatu e da XP, com retornos de 50,2% e 48,3%, respectivamente). No grupo dos multimercados, o fundo Tavola Absoluto lidera o ranking do período, com ganho de 47,6%, e de 101,4% em três anos.

“Crescimento poderá surpreender”

Com liberdade de atuação, dada a classificação “long biased”, Gustavo Constantino, sócio e diretor de gestão de carteiras da Távola Capital, ressalta que o fundo tem tido exposição líquida média de 80% ao longo de 2019, com 20% em caixa. Com visão otimista sobre o cenário, Constantino avalia que o Brasil vai adentrar um ciclo muito positivo e que as empresas vão começar a se aproveitar desse momento. “Acho que o crescimento vai surpreender a partir de agora”, diz Constantini, que se diz confortável com a situação brasileira.

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Sem revelar nomes, ele diz que o fundo busca empresas de valor, com margem de segurança e preço “adequado”, com escolhas mais ligadas ao desempenho da atividade econômica e outras menos dependentes do cenário.

A maior tensão recai sobre o cenário externo. “A preocupação é com o momento do ciclo lá fora, com uma desaceleração mais forte, possivelmente uma recessão, ou só um crescimento mais brando, mas longe do final do ciclo. Essa é a grande discussão”, diz.

Nos últimos 12 meses, os fundos com classificação multimercado detêm a maior captação líquida da indústria, com R$ 44,6 bilhões, seguidos bem de perto pelos de ações, com R$ 42,9 bilhões. O maior patrimônio do mercado, contudo, ainda é detido pelos fundos de renda fixa, com R$ 2,16 trilhão, ou 42% do total, bem acima dos 21% dos multimercados e dos 7,6% dos fundos de ações.

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Com retorno de 30% em 12 meses, o fundo Dahlia Total Return é um multimercado com foco em ações, criado em maio de 2018. A carteira se beneficiou no início de nomes mais ligados às eleições presidenciais, como Banco do Brasil e Cemig, e também de empresas de qualidade e tradicionais de consumo, como Renner e Localiza.

Segundo Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, na sequência, a gestora aproveitou para se posicionar em empresas com teses cíclicas domésticas, agregando companhias do setor aéreo e algumas small caps.

Com cerca de 25 nomes no fundo, a Dahlia tem uma visão otimista para a Bolsa, ainda que espere que o ciclo de recuperação leve mais tempo do que o desejado por grande parte do mercado. “Achamos que, diferentemente de outros ciclos, de voos de galinha, o crescimento do Brasil vai ter uma história diferente dessa vez. Teremos um crescimento do PIB muito baixo, mas por um período mais longo de tempo, o que achamos bom para a Bolsa”, diz.

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Para a gestora, o maior inimigo das empresas listadas em Bolsa é a competição. Com o Brasil crescendo pouco, há menos apetite de novos entrantes, estrangeiros ou nacionais.

“E, para pequenos players, o ambiente de crescer pouco é desafiador, então você mantém pequenas e médias empresas um pouco mais conservadoras, e tem uma Renner ou uma Hering se destacando mais nesse ambiente”, diz Sara, que ressalta ainda a queda das despesas financeiras e o consequente potencial de distribuição de dividendos mais gordos.

“Queridinhas” da Bolsa já caras

André Gordon, sócio fundador da GTI, tem uma visão diferente. Em sua avaliação, empresas “queridinhas”, como Renner, Localiza, Magazine Luiza, WEG e Ambev, já estão caras. “O risco parece muito alto e a expectativa de retorno, muito baixa”, observa.

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Segundo Gordon, o fundo Gti Dimona Brasil colheu o amadurecimento de uma estratégia muito focada na aprovação de reforma da Previdência e na queda da curva de juros, com posições em empresas vinculadas a shopping e utilities (como Copel e Sabesp), além de ter se beneficiado de teses de varejo, como Pão de Açúcar e Via Varejo.

Com muitos ativos já precificados, o foco agora é migrar lentamente o portfólio para ações de companhias vinculadas a commodities, como Petrobras, Vale e Suzano, além de Usiminas e Gerdau, já na carteira. A visão de competitividade, margem de segurança alta e de agenda interna positiva, como no caso da Petrobras, justifica as escolhas.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.