Gestoras esperam Selic estável hoje, mas mudam cenário para os próximos meses

Parcela de instituições financeiras que esperam queda dos juros ainda em 2019 cresce de 40% para 93%, aponta levantamento da XP

Beatriz Cutait

(Raphael Ribeiro/BCB)

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SÃO PAULO – São poucas as instituições financeiras que arriscam um palpite diferente da maioria para a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central desta quarta-feira. Há certa unanimidade de manutenção da taxa Selic no patamar anual de 6,5% pela décima vez seguida, mas duas de 31 gestoras de recursos já apostam no início do ciclo de cortes nesta noite.

Os dados fazem parte de um levantamento feito pela equipe de fundos da XP e revelam maior confiança das instituições financeiras em uma nova posição da autoridade monetária ao longo dos próximos meses.

O Copom tem mais quatro reuniões pela frente em 2019, com o próximo encontro marcado para os dias 30 e 31 de julho. A mediana das estimativas das gestoras para a taxa Selic caiu de 6,50% para 5,50%, no fim deste ano, com um corte, portanto, de 1 ponto percentual.

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Em maio, apenas 40% das casas esperavam queda dos juros ainda em 2019. Agora o percentual aumentou para nada menos que 93% das instituições consultadas.

Um total de 12 gestoras trabalha com a Selic em 5,50% em dezembro, duas ainda projetam a manutenção da taxa em 6,50% e cinco casas esperam um corte mais agressivo, levando os juros para 5% ao ano.

PIB desacelerado

E em meio a uma visão mais pessimista com o ritmo da atividade econômica, as gestoras reduziram novamente as perspectivas para o crescimento da economia. Depois do ajuste de março para maio, quando a expectativa de alta passou de 2,00% para 1,28%, as casas consultadas agora esperam uma expansão de apenas 0,80% do Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro. Todas reduziram significativamente a previsão de crescimento do PIB em 2019 na comparação com a última pesquisa.

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Da mesma forma, a mediana da previsão para a inflação caiu de 4% para 3,80%, enquanto a expectativa para a cotação do dólar em 2019 se manteve em R$ 3,75.

“Os efeitos recentes na inflação corrente associados a choques de oferta já vêm refluindo, e o quadro de atividade frustrante e piora marginal no mercado de trabalho contribuem para o cenário de inflação bem-comportada”, diz a equipe de fundos da XP, em relatório.

Em relação à alocação dos fundos, dentre as posições mais comuns, persistem as aplicadas em juros nominais e reais, como reflexo da expectativa de queda da Selic no curto/médio prazo.

“Vale destacar que tal posicionamento tem sido um dos principais contribuidores de performance para os fundos macro, dado o movimento de fechamento tido pelas curvas de juro futuro desde maio”, destacou a XP. Dentre as gestoras que divulgaram suas posições, nenhuma está “vendida” em Bolsa.

Participaram da pesquisa as seguintes gestoras: Absolute, Adam, ARX, AZ Quest, Bahia Asset, BTG Pactual, Canvas, Claritas, Gap Asset, Garde, Ibiúna, Kairós, Kapitalo, Kinea, Legacy, Mauá, MZK, Novus, Occam, Opportunity, Pacífico, Paineiras, Perservera, Porto Seguro, Sagmo, SulAmérica, Truxt, Vinci Partners, Vinland, Vintage e XP Asset.

Boletim Focus

O Boletim Focus mais recente, divulgado pelo Banco Central na segunda-feira, também mostrou que o mercado reduziu a projeção para os juros básicos da economia, porém de 6,50% para 5,75%, em 2019, e de 7% para 6,50%, em 2020.

Em relatório enviado ontem ao mercado, a gestora de recursos Quantitas informou que alterou as projeções para a taxa Selic em três dimensões. A primeira delas diz respeito ao tamanho do corte, com a expectativa aumentando de 1 para 1,5 ponto percentual, levando a Selic a encerrar o ciclo em 5% ao ano.

A segunda alteração trata do momento da redução, adiantado de setembro para julho. E o terceiro ponto aborda o ritmo dos cortes. A gestora esperava antes quatro reduções da Selic de 0,25 ponto cada entre julho e dezembro, e agora acredita na primeira diminuição de 0,25 ponto, dois cortes seguintes de meio ponto cada e o último de 0,25 ponto.

“Importante frisar que a mudança de call tem um importante condicional, que é a aprovação da reforma da previdência no plenário da Câmara antes do recesso parlamentar (15 de julho)”, disse a gestora, em nota.

Se a aprovação só acontecer em agosto, contudo, a Quantitas espera que o primeiro corte da Selic aconteça apenas em setembro.

Uma expectativa de inflação mais alta em 2020 e uma perspectiva mais otimista para a data de aprovação da reforma previdenciária foram responsáveis pela mudança feita pela gestora.

E também foi levado em consideração o cenário externo, com a visão de maior evidência de que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) deverá começar um ciclo de corte de juros a partir de julho.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.