Os melhores fundos de ações e multimercados de abril

Levantamento revela que 73 de 120 fundos de ações superaram o desempenho do Ibovespa no mês passado. Dentre os multimercados, apenas um terço da amostra bateu o CDI

Beatriz Cutait

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SÃO PAULO – Embora o mês de abril tenha levado a Bolsa a fechar com alta de apenas 0,98%, uma boa parte dos gestores de fundos de ações não conseguiu bater o Ibovespa, o principal referencial da Bolsa, no período.

Levantamento elaborado pela XP com base em dados da Economatica revela que apenas 73 de 120 fundos de ações superaram o desempenho do índice no mês passado. Dentre os multimercados, o diagnóstico é ainda mais desfavorável, com apenas 135 fundos (cerca de um terço da amostra) batendo o CDI, que encerrou abril com variação de 0,52%.

Para a análise, foram considerados fundos não exclusivos com a média do patrimônio líquido em 12 meses superior a R$ 100 milhões e mais de 99 cotistas, no fim de abril. No caso dos fundos de ações, foram ainda excluídos os setoriais e monoações.

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O cenário externo, leia-se o mercado acionário americano e o dólar, segue ditando o rumo do ranking de fundos em 2019, com as carteiras com maior exposição a ativos internacionais e ao câmbio se destacando nos primeiros quatro meses do ano. Desta forma, estratégias com BDRs, com o ETF atrelado ao índice S&P 500 ou com posição direta em ações americanas têm ganhado fôlego em 2019 e, em muitos casos, nos últimos 12 meses.

Confira a seguir os 10 melhores fundos multimercados de abril, observando ainda seu desempenho acumulado no ano, nos últimos 12 meses e em 36 meses. Retorno passado não é garantia de rentabilidade futura, mas é interessante analisar o desempenho histórico dos fundos para observar sua consistência.

Os melhores fundos multimercados

Fundos mutlimercados Abril 2019 12 meses 36 meses
M Square Global Eqty Managers Inst Fc FI Mult Ie 6,09% 21,50% 23,29% 67,49%
Itaú Mult S&P500® USD FICFI 4,61% 19,03% 25,57% 64,85%
WA Us Index 500 FI Multi 4,49% 18,64% 16,13% 77,57%
Bradesco H FI Mult Bolsa Americana 4,47% 18,58% 15,52% 74,69%
Safra S&P FI Mult 4,46% 20,94% 26,56% 70,37%
WM American Equities FIC FI Mult 4,27% 17,66% 15,01% 73,34%
Bradesco H FIC Mult Oportunidade II 4,17% 8,63% 7,73%
Sant Select FIC Global Equities Mult Ie 3,40% 14,54% 12,78% 42,32%
CSHG Allocation Miles Acer Lb Fc FI Mult 3,22% 7,76% 21,66%
CSHG Portfolio Fut Trends Fcfi Mult Ie 3,12 16,36% 10,52%
CDI 0,52% 2,04% 6,40% 30,76%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.

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Com forte desempenho recente e também no médio prazo, o M Square Equity Managers funciona como um fundo de fundos no exterior. Segundo Ariel Morgenstern, sócio responsável pelo relacionamento com investidores da M Square, trata-se de um portfólio de ações globais diversificado, em que a casa brasileira seleciona os gestores, cujo número varia de dois a cinco.

E o que beneficiado o fundo historicamente? O câmbio, já que ele não tem hedge; o desempenho dos mercados no exterior, com uma correção recente depois do forte movimento vendedor do fim de 2018; e a seleção pelos gestores de ações que têm conseguido superar o desempenho dos índices de referência.

Com a trajetória histórica e com foco no longo prazo, a ideia é manter a estratégia. Morgenstern ressalta que 80% da exposição do fundo está hoje nos Estados Unidos, principalmente em empresas do setores financeiro e de comunicação (ligadas ao setor de tecnologia). Atualmente a carteira abrange cerca de 50 posições, com as dez maiores representativas de 40% do fundo.

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Em meio às incertezas com relação ao ritmo da economia americana, as escolhas têm recaído mais do que nunca sobre empresas que não dependam tanto do cenário macro para dar certo. “Para pessoas com portfolio em ações no Brasil, as ações globais justificam uma diversificação muito importante, quase que atemporal”, diz o sócio da M Square.

Risco x Oportunidade

Outro fundo que tem se destacado ao longo dos últimos 12 meses, com a maior alta do levantamento (37%) no período, é o Távola Absoluto, um multimercado do tipo “long biased”. Na prática, a classificação indica a maior liberdade que o gestor tem para atuar, podendo operar nas pontas comprada e vendida em ativos. No caso do fundo da Távola (ex-Fides Asset), são utilizadas estratégias primordialmente com ações no mercado nacional.

Segundo Gustavo Constantino, gestor e sócio da Távola, a exposição líquida do fundo tem um amplo intervalo de variação, entre 20% e 90%, sem rigidez de alocação. A ideia é se equilibrar entre o risco de perder dinheiro e oportunidade, diz Constantino, em menção a uma citação do lendário gestor Howard Marks.

Cautelosa no início de 2018, a Távola tinha uma alocação pequena, que variava entre 20% e 30%, o que levou o fundo a ser poupado durante a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018.

Depois da crise, a gestora foi gradualmente aumentando a exposição líquida, que chegou a 80% antes do primeiro turno das eleições presidenciais. O resultado foi a valorização de ações de empresas estatais, como Copasa, Sanepar, Cemig e Cesp, além de Santos Brasil, Hering e Bradesco.

Desde o início de 2019, o fundo da Távola está com mais caixa, com uma exposição líquida em torno de 70%. De acordo com Constantino, as posições em Sanepar e Cesp foram zeradas, mas a exposição em papéis da Light e da Gerdau cresceu.

A ideia agora é monitorar o cenário de perto, de olho na tramitação da reforma da Previdência, que poderá levar o Brasil a um forte ciclo de crescimento, na visão do gestor. “Hoje a gente ainda não tem uma clareza tão grande do caminho, então tem que ir esperando, tateando, vendo as coisas.”

Os melhores fundos de ações

Confira a seguir os 10 melhores fundos de ações de abril, observando ainda seu desempenho em 2019, nos últimos 12 meses e em 36 meses.

 

Fundos de ações Abril 2019 12 meses 36 meses
Safra Consumo Americano Fc FIA BDR Nível 6,28% 21,22% 33,23% 89,10%
Western Asset FIA BDR Nivel I 6,00% 20,64% 27,75% 63,55%
Bradesco FIC FIA BDR Nível I 5,59% 15,66% 16,12% 50,13%
Caixa FIA BDR Nível I 5,41% 18,82% 25,37% 62,81%
Itaú Ações Estratégia SP 500 FIC FI 4,39% 17,97% 13,81% 68,74%
XP Dividendos FIA 4,34% 14,41% 23,26% 87,32%
IP Participações Fc FIA BDR Nível I 4,30% 13,80% 13,08% 55,55%
BTG Pactual Absoluto Inst FIC FIA 4,01% 8,30% 20,15% 73,35%
Icatu Vanguarda Dividendos FIA 3,61% 13,16% 23,56% 79,42%
Atmos Ações FICFIA 3,58% 13,81% 37,82% 81,73%
Ibovespa 0,98% 9,63% 11,54% 82,12%

Fonte: XP Investimentos, com base em dados da Economatica.

Dentre os melhores fundos de ações de abril, destaque novamente para carteiras vinculadas ao mercado internacional. Na sexta posição, contudo, o fundo XP Dividendos FIA encerrou abril com ganho de 4,34% e também bate o Ibovespa em 2019, com valorização de 14,41%, em 12 meses (23,26%) e em 36 meses (87,32%).

Marcos Peixoto, cogestor do fundo ao lado de João Luiz Braga, ressalta que busca potencial em ações de companhias resilientes, defensivas e previsíveis. “Empresas assim pagam dividendos altos por consequência”, assinala.

Desde as eleições, o fundo ganhou principalmente com as posições em estatais, com destaque para Sanepar e Copasa. Na carteira, a XP tem também os papéis do Banrisul, do Banco do Brasil e da BB Seguridade.

“São ações defensivas, que tiveram uma boa performance com a mudança de governo”, aponta Peixoto, que diz seguir bastante otimista com Sanepar, responsável pela maior posição do fundo, com 11% de participação. A melhora de governança da empresa está no radar e pode garantir valorização adicional, em sua avaliação.

Qualicorp detém a segunda maior posição da carteira de dividendos. Depois de ter disparado em 2017, quando subiu quase 70%, as ações da empresa caíram 57% em 2018 e se recuperam neste ano, com avanço de 37%.

“É um nome que ficou um pouco esquecido pelo mercado. A empresa teve problema de governança, mas hoje as ações estão negociado a oito vezes o lucro, com um histórico de 16 vezes”, ressalta o cogestor da XP, que ainda está de olho no dividendo extraordinário a ser pago pela Qualicorp neste ano.

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Beatriz Cutait

Editora de investimentos do InfoMoney e planejadora financeira com certificação CFP, responsável pela cobertura do universo de investimentos financeiros, com foco em pessoa física.