Ex-diretor do BC não vê espaço para queda de juros mesmo com reforma da Previdência

Rodrigo Azevedo, um dos fundadores da gestora Ibiuna, vê juros mantidos em patamares baixos, mas não inferiores a 6,5% ao ano

Mariana Zonta d'Ávila

Gráfico de ações (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – Um número cada vez maior de executivos mercado financeiro acredita que a reforma da Previdência, se aprovada, será um dos principais gatilhos para a retomada dos investimentos e para reduzir ainda mais os juros. Rodrigo Azevedo, ex-diretor de política monetária do Banco Central e um dos fundadores da gestora Ibiuna Investimentos, pensa diferente.

“Não acho que a taxa de juros vai cair mesmo quando a reforma da Previdência passar”, afirmou durante o 10º congresso de fundos de investimento da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), realizado nesta quarta-feira (24), em São Paulo. Azevedo foi diretor de política monetária do BC entre 2004 e 2007.

“Desde 2016, a política fiscal brasileira ficou mais contracionista. O governo colocou um freio na expansão dos gastos, fez uma revisão dos objetivos e métricas de expansão de crédito e abriu espaço para taxas de juros mais baixas. E a perspectiva é que isso seja mantido, mas a Selic não necessariamente ficará em 6,5% ao ano”, diz.

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Azevedo explica que o Brasil possui condições cíclicas muito favoráveis para a permanência de juros baixos, seja por conta do hiato de produto, que permite uma retomada da produção sem aumentar a inflação, bem como um cenário de inflação abaixo da meta. Mas completa: “Ainda precisamos de reformas adicionais.”

Empresários ainda desconfiados

Segundo Azevedo, apesar da inflação sob controle e dos juros baixos, a economia ainda não mostrou sinais de recuperação – e isso decorre de uma mudança no modelo de crescimento. “O Brasil está acostumado com o Estado induzindo o crescimento. De repente muda o modelo, o Estado é segurado e pede para o setor privado agir, mas nada acontece.”

Esse vai-não-vai se deve, de acordo com ele, ao cenário atual de incertezas. Para o executivo, existe um espaço maior para a iniciativa privada, mas sem perspectivas concretas de retornos. “Esse começo de ano tem sido um pouco turbulento e ninguém está tomando decisões de investimento por conta disso”, afirma.

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