Renda fixa volta ao radar e “lota” fundos de investimentos

Os ativos de crédito privado vêm ganhando ainda mais força e esse movimento é explicado por mudanças ocorridas desde 2015

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – A taxa de juro básica no menor patamar histórico afastou os investidores dos ativos de renda fixa, certo? Mais ou menos. Enquanto a expectativa era de manutenção desse patamar aliada à recuperação econômica e forte desaceleração inflacionária, o apetite ao risco dos investidores era maior. No entanto, o desenho de um cenário em que possivelmente candidatos avessos à agenda de reformas necessárias cheguem ao segundo turno da corrida eleitoral e a greve de caminhoneiros acenderam uma luz amarela para os investidores. 

Apesar dos resgates acumulados ao longo desse ano, dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) já apontam a retomada gradual das captações dos fundos de renda fixa. Foram R$ 13,7 bilhões de saldo – entre captação e resgate – nos dias 12 e 13 de junho e R$ 5 bilhões em um único dia (22 de junho). 

“O grande motivador desse fluxo recente para a renda fixa foi o aumento da volatilidade dos mercados”, afirma Fausto Filho, gestor de fundos de renda fixa da XP Gestão, destacando que a reprecificação dos ativos brasileiros foi a maior responsável pelo aumento da procura pela renda fixa, devido à sua maior previsibilidade de retornos. 

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Entre os diversos investimentos de renda fixa disponíveis, os ativos de crédito privado vêm ganhando ainda mais força e esse movimento é explicado por mudanças ocorridas há três anos. “Uma das consequências da crise de 2015 foi que o mercado de capitais conseguiu ocupar um lugar que era predominantemente ocupado pelos bancos, o que levou ao maior volume de emissões e de volume financeiro. E, obviamente, esse custo com a Selic menor levou à reprecificação no custo das empresas”, explica o gestor.

Menos dependentes de grandes bancos e até mesmo do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), que reduziram suas concessões de crédito nos últimos anos, as companhias foram em busca do mercado de capitais para se financiar – e esse deve ser um caminho sem volta. “As empresas já entenderam que elas conseguem capturar taxas mais atraentes e mais competitivas no mercado de capitais em detrimento dos bancos. O mercado conseguiu encontrar seu espaço. Houve mudança nessa dinâmica”, avalia o gestor. 

Para aproveitar melhor as oportunidades de ganhos em renda fixa, muitos investidores preferem terceirizar a gestão e optam por fundos de crédito privado. “A maioria dos fundos de crédito se destina a fazer gestão ativa e entender que em determinados momentos faz sentido reverter posição ou zerar, a despeito de carregar até o vencimento”, conta Fausto Filho. Mas e o custo com a taxa de administração? “A maioria dos fundos hoje tem taxas de administração competitivas. Quem está investindo por bancos tem que ficar atento ao retorno histórico do fundo para saber se a taxa é muito representativa”, explica.

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Uma simulação de rendimento de fundos de renda fixa e da poupança, que é isenta de imposto de renda e de taxa de administração, feita pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), dá uma ideia de como as taxas de até 1% são competitivas. 

anefac_junhoAmarelo: poupança é melhor investimento

Vermelho: fundo é melhor investimento

Cinza: fundo e poupança têm o mesmo rendimento
*rendimento descontado o imposto de taxa de administração

Fundos “lotados”

A “corrida” de investidores aos fundos de renda fixa fez com que alguns produtos chegassem ao seu limite de captação e, por isso, fechassem para novos investidores na semana passada. Foi o caso dos fundos BTG Pactual Crédito Corporativo I e Sparta Top. “É natural que isso aconteça com os fundos em determinado momento para preservar a rentabilidade. A capacidade de gestão ativa fica limitada pelo próprio tamanho do mercado secundário e primário”, explica Fausto Filho.

O mesmo caminho deve ser trilhado pelo fundo XP Corporate Plus, que está com patrimônio de R$ 460 milhões e deve ser fechado para novas captações quando alcançar R$ 550 milhões, patamar que deve ser atingido até o fim de julho. “Entendemos que a escalabilidade desse fundo está muito próxima do mandato e queremos preservar os cotistas, para não diminuir os retornos”, explica o gestor. 

O XP Corporate Plus acumula ganhos de 124% do CDI neste ano, até 26 de junho, e de 135% desde sua abertura, em julho de 2016. A taxa de administração é de 0,75% e a aplicação mínima é de R$ 25 mil. No mês passado,  o fundo comprou no mercado primário debêntures da Celpa, RioLoan e Lojas Americanas.

Embora mais distantes de sua capacidade total, outros dois fundos sob a tutela da XP Gestão devem seguir o mesmo caminho do XP Corporate Plus. Com R$ 564 milhões e R$ 618 milhões, nesta ordem, os fundos XP Investor e XP Bozano Top Crédito Privado terão as captações de novos investidores quando alcançarem patrimônio de R$ 1 bilhão. 

O XP Bozano tem ganhos de 111% em 2018, até 26 de junho, e de 118% desde seu início, em agosto de 2003. A aplicação mínima é de R$ 10 mil e a taxa de administração é de 0,75%. A carteira de crédito representa 82,5% do patrimônio do fundo, sendo 28,2% de ativos emitidos por instituições financeiras, 46,5% de ativos corporativos e 7,8% de FIDCs (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios). 

O XP Investor tem rendimentos de 113% no ano, até ontem, e 108% desde a abertura em novembro de 2009. A taxa de administração é de 0,75% e tem aplicação mínima de R$ 10 mil. A carteira de crédito representa 81% do patrimônio do fundo.

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