Fundos de crédito privado sobem a barra na seleção de ativos e evitam vencimentos longos para reduzir riscos

Segundo gestor da XP, está mais difícil encontrar papéis com juros atrativos em relação ao risco, o que pode levar carteira a fechar para novas captações

Bruna Furlani

Fausto Silva Filho, da XP Asset

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Em um ano de forte elevação da Selic, as emissões de crédito privado têm sido destaque. Mas apesar do volume elevado de novas operações, está mais difícil encontrar ativos com juros atrativos em relação ao risco que oferecem.

Diante desse cenário, gestores de fundos que aplicam em crédito privado estão mais seletivos e fazem um alerta: se as captações dos produtos seguirem altas, mas as ofertas em geral permanecerem com retornos mais magros, é possível que alguns tenham que fechar para novas captações.

A opinião foi compartilhada nesta quinta-feira (4) por Fausto Filho, CIO e gestor de renda fixa e crédito estruturado da XP Asset Management, e por Marcelo Urbano, diretor de gestão na Augme Capital, durante a Expert XP 2022 — para acompanhar as palestras online ou presencialmente em São Paulo, inscreva-se aqui.

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Além de olhar com mais atenção para as taxas oferecidas, Fausto Filho comentou que está tomando mais cuidado com a duration (prazo médio ponderado de recebimento dos fluxos de caixa de um ativo de renda fixa), de maneira a evitar vencimentos muito longos – já que tendem a ser mais sensíveis a mudanças macroeconômicas, especialmente em um momento mais delicado.

Urbano, da Augme Capital, também afirma que está mais criterioso na escolha dos ativos, embora acredite que o spread (juros que o investidor recebe acima do que é pago se optasse por alocar em um papel mais conservador, como um título público) siga “bom”, na maior parte dos casos.

Ele também chama a atenção para o fato de que as empresas realizaram o “dever de casa” durante a pandemia. Urbano destaca que as companhias realizaram mais aberturas de capital (IPO, na sigla em inglês), emitiram mais dívidas e aproveitaram para alongar os prazos, o que é positivo.

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Fausto Filho vai na mesma linha e afirma que o ambiente está mais “saudável” para as empresas, o ponto agora é a escolha.

Para o gestor da XP, setores menos óbvios, em que a geração de caixa é menos cíclica, por exemplo, terão que pagar um prêmio maior. Isso porque eles tendem a ser mais afetados negativamente pelo cenário de juros elevados por mais tempo e crescimento baixo.

Apesar dos desafios macroeconômicos, ambos estão otimistas e acreditam que ativos de crédito privado podem se beneficiar da perspectiva de que os juros comecem a cair no ano que vem e, talvez, voltem ao patamar de um dígito em 2024, o que tende a diminuir a despesa financeira das companhias.

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De acordo com o último Relatório Focus, do Banco Central, a mediana das projeções para a Selic no ano que vem está em 11% ao ano. Para 2024, a projeção é de 8% ao ano.

“Não vejo problemas nas empresas que perpetuaram os negócios com o custo de dívida baixo”, afirmou. “Dentro de setores ruins, há empresas boas. A gente continua com o trabalho de escolher quem está pagando um prêmio melhor”, completou Fausto Filho, da XP.