Fundos de ações têm em outubro pior captação mensal desde janeiro, enquanto depósitos em ETFs somam R$ 3,5 bi, segundo Anbima

Saldo líquido de fundos de renda fixa já alcançou R$ 255,2 bilhões entre janeiro e outubro deste ano

Bruna Furlani

(Gustavo Mellossa/Getty Images)

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SÃO PAULO – O toma lá da cá envolvendo o Executivo e o Congresso sobre a definição da PEC dos Precatórios e o consequente custeio do Auxílio Brasil – novo programa de transferência de renda do governo, no valor médio de R$ 400 – bagunçaram as projeções de analistas e pioraram a percepção de risco fiscal entre os agentes financeiros em outubro.

O resultado disso também pode ser visto na Bolsa, onde o Ibovespa amargou um recuo de quase 7% no mês de outubro.

A queda nos preços dos ativos e o impacto sobre o retorno dos fundos de ações fizeram com que a captação líquida (depósitos menos resgates) dessas carteiras ficasse negativa em R$ 6,1 bilhões em outubro – esse é o pior valor mensal já registrado desde janeiro deste ano, quando o saldo líquido ficou negativo em R$ 23,1 bilhões.

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De janeiro e outubro deste ano, a captação líquida ainda é positiva, de R$ 2,6 bilhões – mas representa apenas uma fração dos R$ 70 bilhões registrados entre janeiro e dezembro de 2020. Os dados são da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

No mês passado, entre os fundos de ações, 11 das 12 subclasses tiveram mais resgates do que aplicações e terminaram o mês no negativo. A única que encerrou outubro no azul foi a de fundos fechados de ações.

O cenário macroeconômico também fez com que os fundos multimercados terminassem outubro no vermelho, com resgates líquidos de R$ 12,5 bilhões. No acumulado do ano, no entanto, a captação líquida da categoria segue positiva em R$ 69,6 bilhões.

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Outra classe que sofreu impacto em outubro foi a de fundos de previdência, em que os resgates superaram as aplicações em R$ 126 milhões. No ano, a situação é melhor e os depósitos líquidos somam R$ 6,7 bilhões.

A valorização do dólar frente ao real e os retornos negativos em outras alocações da carteira podem ter sido alguns dos fatores que fizeram com que os resgates fossem maiores do que as aplicações entre os fundos cambiais em outubro. Segundo a Anbima, a captação líquida desses fundos ficou negativa em R$ 322,3 milhões. No acumulado do ano, o saldo líquido está no azul, em R$ 669,2 milhões.

Mais aplicações do que saques

A alta dos juros, por outro lado, fez com que as captações de fundos de renda fixa seguissem fortes em outubro, com os depósitos líquidos alcançando R$ 17,4 bilhões. O valor, no entanto, mostra um recuo em relação ao montante registrado em setembro, que foi de R$ 40,6 bilhões.

No acumulado do ano, as captações dos fundos de renda fixa chegam a R$ 255,2 bilhões, maior valor anual já registrado desde 2002.

Os fundos de participação (FIPs) e de investimento em direitos creditórios (FIDCs), por sua vez, também terminaram outubro no campo positivo, com captações líquidas de R$ 12,8 bilhões e de R$ 1 bilhão, respectivamente. Já no acumulado do ano, os saldos líquidos dos FIPs estão negativos em R$ 7,7 bilhões, enquanto os dos FIDCs estão positivos em R$ 83,4 bilhões.

ETFs

Da mesma forma, o saldo líquido ficou positivo para as captações de ETFs (fundos de índices) em outubro em R$ 3,5 bilhões – acima dos R$ 2,1 bilhões de setembro. Já no ano, os depósitos líquidos somam R$ 10,3 bilhões.

As captações têm sido ajudadas pelo aumento da oferta de produtos. Hoje, por exemplo, há 50 ETFs com foco em renda variável em negociação na B3 e 7 focados em renda fixa, segundo informações retiradas do site da B3.

Entre os ETFs, os de renda variável seguiram respondendo pela maior parte das aplicações, com captação líquida de R$ 3,4 bilhões em outubro.

Rentabilidade

Quando o assunto é rentabilidade, os fundos cambiais foram os que acumularam o melhor resultado entre todos os fundos do levantamento de outubro, com retorno de 3,05%.

Na sequência, vieram os fundos multimercado com estratégia específica, com rentabilidade de 2,04% em outubro.

Entre os fundos de ações, todas as subclasses terminaram o mês de outubro com retorno negativo. O destaque, no entanto, ficou para os fundos de ações setoriais, que tiveram rentabilidade negativa de 12,46%.